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João tentou servir a dois senhores e deu no que deu

João e o eleitor: vaias e aplausos

Por Joedson Telles

Enquanto o lixo repousa insolitamente nos logradouros de Aracaju, como um indesejado cartão de visita a não permitir a população esquecer os demais problemas da cidade, na Prefeitura de Aracaju a informação a circular é que o prefeito João Alves Filho sequer comparece ao trabalho por conta de problemas de saúde.

Sem a confirmação oficial da notícia, contudo, a solidariedade, que precisa existir nestes momentos, a empatia, o respeito à pessoa humana, obviamente, sujeita aos desertos da vida, cedem lugar às críticas, chacotas e outras formas de espelhar a insatisfação com a literalmente ausência do gestor. Principalmente no repertório da oposição, reações afloram no atacado.

Por qualquer ângulo que se observe, encontra-se um fim de mandato sorumbático – sobretudo quando se leva em conta ser João Alves, queiram ou não os que não gostam dele, o político que tem a maior folha de serviços prestados não apenas a Aracaju, mas também aos demais municípios sergipanos. As obras estão por todos os cantos.

E, assim, com isso em mente, Aracaju discerne e comenta o obvio: o João Alves de hoje não chega nem perto do João Alves de ontem. E emergem as indagações não sem sentido: a crise de Aracaju tem a ver com a crise econômica brasileira? Claro. Não somos uma ilha. A ex-presidente petista, Dilma Rousseff, apontada por João Alves também como culpada pelo caos, não foi boa para ele? Nem para o aliado Jackson Barreto, imagine para Aracaju? Mas, ainda assim, João Alves colhe o que plantou. A culpa maior da sua imagem junto ao aracajuano ser hoje a pior possível é dele mesmo.

Com tantos anos de vida pública, João Alves sabia, lá atrás, que não teria pique para enfrentar a crise e a, como ele mesmo diz, má vontade da ex-presidenta. Ele não adoeceu agora. Viveu altos e baixos, nos últimos anos. Faltou-lhe a sabedoria de priorizar a própria saúde. A firme decisão de se afastar, cuidar exclusivamente de si mesmo e permitir que o vice-prefeito José Carlos Machado cuidasse da população de Aracaju.

João Alves já fez tanto por Sergipe que, certamente, teria o crédito para tomar esta decisão e contar com o apoio da população. As críticas da oposição? Existem sempre em quaisquer circunstâncias. João Alves deveria ter dado de ombros e passado a bola para Machado.

Experiente, atento aos problemas e, sobretudo, impaciente com erros e vícios que deixaram Aracaju na cova rasa em que se encontra, Machado não apenas mudaria peças que têm a confiança de João, mas não corresponderam às expectativas, mas também seria mais rigoroso. Acompanharia tudo de perto, cobrando resultados. Sendo inconveniente aos que falhassem como o bom gestor precisa ser. Hoje, a história, certamente, seria outra. Quem conhece Machado sabe disso.

Mas não. João Alves optou por ir de encontro à Bíblia, tentou servir a dois senhores e deu no que deu. Visivelmente, perdeu o comando da gestão. Não é difícil enxergar que a Prefeitura de Aracaju não é regida por apenas uma batuta como deveria ser. É tanto que tivemos aquela história que a equipe não quer trabalhar… E o resultado disso está compartilhado no lixo que envergonha Aracaju e pode ser atestado também nas demais áreas do governo…

Aí o internauta indaga: passando a régua, agora dia 31 de dezembro, João Alves estará acabado politicamente? Respondo: se tiver saúde e condições físicas, não. E tolo quem pensar isso. Aliás, antecipei aqui, em outubro, tão logo ele amargou o terceiro lugar nas eleições, com pífios 9,99%, que ele nunca deixou de ser pré-candidato a governador.

João Alves tem a seu favor a sua história de tocador de obras e a política é muito dinâmica. Como virou lugar comum, “muda como as nuvens”. E não esqueçamos: eleitor é como torcedor: vive a permutar vaias por aplausos a depender da jogada. O próprio João Alves foi vítima de dois nocautes seguidos do saudoso Marcelo Déda, mas enquanto muita gente fazia seu funeral, ele se preparava para ser prefeito de Aracaju com o aval óbvio das urnas. Dá para apostar na coerência do eleitor?

 

Modificado em 10/12/2016 09:32

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