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Iran avalia que Agamenon Sobral é um passageiro de curto período no Parlamento Municipal

“Na falta de trabalho, ele busca evidência nos meios de comunicação. E a forma é agressão, desrespeito…”

Por Joedson Telles

Iran: CMA tem que abrir debate

Ligado à corrente petista Articulação de Esquerda, o ex-deputado federal e atual vereador de Aracaju, o professor Iran Barbosa, comenta, nesta entrevista que concedeu ao Blog do Joedson Telles, as manifestações que estão acontecendo em praticamente todo o Brasil – inclusive em Sergipe. Iran fala ainda da necessidade de amadurecimento da Câmara Municipal de Aracaju, da candidatura de um membro da Articulação de Esquerda à presidência do PT em Sergipe, das constantes críticas que o vereador Agamenon Sobral (PP) vem fazendo aos professores e comenta a entrevista de Vera Lúcia (PSOL), também do Blog do Joedson Telles, falando que o PT vive um drama: ficar com o governo ou com o trabalhador.

 

Há político pegando carona nas manifestações, mas que não têm coerência com os movimentos sociais?

Sem sombras de dúvidas. Inclusive aqui na Câmara Municipal, a gente ouve discursos de pessoas querendo misturar a luta que está sendo travada neste momento com questões que têm fundo de debate político eleitoral, mas que não cabe ser feito neste momento em que a sociedade está colocando suas reivindicações. Aqui em Aracaju, por exemplo, a grande luta é pela questão do transporte coletivo. Pela redução da tarifa. Pela qualidade dos serviço. São coisas que temos que debater e que têm desdobramentos direto aqui na CMA, onde muitos vereadores aumentaram a tarifa, sob a alegação de que seria necessário para garantir a qualidade, inclusive se comprometendo a fiscalizar essa qualidade, como justificativa para votar favorável, mas observamos que a qualidade é cada vez mais precária. Então, a população se organiza e reage no sentido de que a gente possa ter a sensibilidade das autoridades para garantir o direito à mobilidade urbana, ao transporte de qualidade a um preço justo.

 

Em nenhuma outra legislatura, o professor foi tão agredido, afrontado como está acontecendo, hoje, nesta Casa. O senhor teme que isso possa não ter um freio?

É preciso a sociedade fazer uma pesquisa sobre qual o trabalho do parlamentar do vereador que tem este comportamento. (Agamenon Sobral). O que é que ele tem produzido, enquanto parlamentar? A análise que faço, uma análise minha – pessoal do vereador Iran Barbosa-, é que, na falta de um trabalho parlamentar, ele busca evidência nos meios de comunicação. E a forma é essa: da agressão, desrespeito, truculência… Mas a nossa sociedade tem avançado bastante, e não vejo muito espaço para isso. Pode até conseguir alguns holofotes durante um certo momento em função de ser uma exceção, porque, hoje, a regra no parlamento é de civilização, de se debater ideias, conceitos, projetos e trazer análises dos temas que estão sendo discutidos. Eu quero perguntar a imprensa que acompanha: quais as análises que este vereador apresenta a respeito dos temas que são debatidos nesta Casa? Não tem trabalho parlamentar, pelo menos público, evidenciado, nem aqui na tribuna, nem na Câmara. Não tem outra forma de se projetar. O caminho que encontrou foi este. Mas acho que não terá eco junto à sociedade, escolhendo o servidor público para agredir o professor e as entidades sindicais que livremente, a partir da determinação de uma Constituição que ele próprio jurou e determina que nós temos direito à luta. É preciso respeitar os trabalhadores que lutam dentro de um direito que foi conquistado a duras penas, e hoje é reconhecido pela nossa Constituição Federal. E não será o discurso de um eventual passageiro de curto período seguramente no parlamento municipal que vai fazer com que a gente (os professores) se abale. Agora, é preciso que a sociedade faça a sua análise e perceba porque há tanta vontade em estar agredindo o professor.

 

Ressalvando-se que a generalização nunca é bem vinda, a experiência que o senhor teve na Câmara Federal mostra que esta Casa (CMA) carece de uma pouco mais de maturidade no tocante ao papel do parlamentar?

Acho que o mundo da política passa por uma crise muito grande, que não é de agora e é em função da nossa pouca maturidade democrática. Crise em função de um modelo centrado muito em figuras de lideranças. Caciques. Herdado do coronelismo. E, infelizmente, alguns fizeram a opção pela política como carreira e vivem com um pensamento que é o mesmo do que está sendo cobrado pela própria sociedade. Mas temos que ter a maturidade de compreender o papel do parlamentar e compreender as suas funções estabelecidas na Constituição. A sociedade espera que estudemos as questões e apresentemos soluções para os problemas que são trazidos para esta Casa. Temos muito o que apresentar. Só tem sentido exercer um mandato parlamentar se for em prol da sociedade.

 

O senhor diria que há ainda muita gente no palanque, mesmo depois que passou a eleição?

Acho. Há muita gente que ainda não compreendeu que a disputa política deve ser feita, mas tem momento específico. E fora deste momento, você tem que contribuir com o seu trabalho. Temos uma necessidade urgente de mudança no modelo de exercício do mandato parlamentar. As pessoas falam muito em reforma política no Brasil, mas tenho dito que a reforma política sinalizada tem sido muito restrita. Temos que ter mais participação popular. Mais controle e fiscalização da população, para termos uma avaliação maior dos parlamentares e chefes do Executivo. As ferramentas da política têm que ser colocada a serviço do povo, e não para as negociatas que são denunciadas pela imprensa. Para as apropriações individuais e de grupos. Apesar de caminharmos três décadas, ainda há coisas muito primárias para a gente resolver.

 

O senhor ou mesma a deputada Ana Lúcia pode disputar a presidência do PT pela corrente Articulação de Esquerda? 

Ao longo dos anos, a nossa corrente tem oferecido à militância nomes para serem avaliados. Este PDE (Processo de Eleição Direta) é mais um momento. E, lógico, os quadros da Articulação de Esquerda estão sempre preparados para debater aquilo que acreditam. Os programas que defendem para o Partido dos Trabalhadores e sua vinculação, cada vez mais forte, à luta social, aos movimentos sociais. Estaremos apostos.

 

Como o senhor avalia as declarações da sindicalista Vera Lúcia (PSTU), que ao ser entrevistada pelo Blog do Joedson Telles, disse que o grupo da Articulação de Esquerda que dirige o Sintese tem que definir a posição: trabalhador ou governo. Tem que resolver este drama?

O grupo da Articulação de Esquerda, que tem uma parte da direção do Sintese filiado ao PT, outra parte à Articulação de Esquerda, este grupo tem lutado. A sociedade é toda testemunha que a luta do Sintese é pelos trabalhadores, pela qualidade da educação. Não resta dúvida. Coloco claramente que percebemos uma distinção necessária do que é dirigir um sindicato do que é estar filiado a um partido. Os debates do partidos fazemos dentro do partido. A companheira Vera Lúcia é uma dirigente de partido que nós respeitamos muito, é um partido de esquerda, ela já esteve conosco no PT, uma boa parte do PSTU, PSOL estiveram conosco, mas, por algum motivo, resolveu sair, a gente respeita. Mas continuamos dentro do PT disputando aquilo que a gente acredita.

 

Quando Vera Lúcia critica o PT, afirmando que, ao chegar ao poder o partido se aproximou mais da direita, deixando o trabalhador à margem, está sendo injusta?

Ela tem o direito de fazer a avaliação que achar mais conveniente. Tem dirigentes do PT que fizeram aliança que nós da Articulação de Esquerda não concordamos. Eu quero dizer aqui que existe, sim, do meu ponto de vista. Existiu aproximação de segmentos políticos do nosso estado, por exemplo, que, ao nosso ver nunca poderia ter se articulado, que não tem identidade ideológica com aquilo que defendemos. Se a crítica é essa, eu fiz dentro do partido. E a sociedade sergipana sabe qual é a posição da Articulação de Esquerda. Mas é preciso distinguir o que é partido do que é governo. O governo tem uma lógica que não é do partido. Aqui em Sergipe não é apenas o PT quem governa. Mas um conjunto de partido. Uma articulação. E faça as críticas que tem que ser feitas dentro do partido. Defendo que as nossas alianças sejam com setores sociais que acreditam no socialismo. Aqui em Sergipe ficou demonstrado que a aproximação (do PT) de grupo mais a direita não ajudou a avançar a política que defendemos para o conjunto da população sergipana.