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Hoje, o mundo é Chape e o futebol sempre será para os grandes

Por Joedson Telles

O que é o futebol? Açoda-se o lugar comum: “um monte de homens tolos correndo atrás de um pedaço de couro cheio de ar e outros mais tolos ainda assistindo”.

Cresci ouvindo esta frase inverídica e outras parecidas que levam ao mesmo lugar. Mas não houve jeito: sou apaixonado pelo esporte, sobretudo pelo Confiança e pelo Flamengo. O poeta não cunhou que ninguém manda no coração?

Com o tempo, a estrutura que proporciona ao Real Madrid um elenco invejável e jogar o futebol sonhado por qualquer torcedor levou-me gostar de ver o time da Espanha em campo. De lá, dei um pulinho ao futebol da Inglaterra, da Alemanha, da Itália… E hoje, foi futebol, estou dentro. Independente de país ou divisão.

Ao contrário do que tentaram persuadir aquele menino que fui, o futebol está longe de algo para os tolos. Não é tolo quem ganha milhões correndo atrás do pedaço de couro cheio de ar. Tampouco quem tem no esporte um dos seus lazeres mais prazerosos. Tolo é quem desrespeita o gosto alheio…

… E para quem ainda tinha dúvida da magia deste esporte, da sua grandeza, a tragédia que vitimou praticamente o time inteiro da Chapecoense, na madrugada desta terça-feira, tratou de sepultar pontos de interrogações. Em lágrimas, o mundo abraçou a Chapecoense. Unidos pela dor, somos Chape.

Nas ruas de Aracaju, nas redes sociais e nos canais de esportes onde estive hoje, em vez de tolo ou qualquer sinônimo, testemunhei outras palavras: empatia, solidariedade, consternação, comoção, irmandade, choro. O amor que espelha a grandeza do futebol além das quatro linhas contagiou pra valer.

Claro que muita gente continua dando de ombros para o futebol. Sente as mortes por se tratar de seres humanos, óbvio. Mas jamais vai passar a assistir aos jogos só porque houve a tragédia. Ainda que seja Real x Barcelona decidindo a Champions.

De uma hora para outra, não vai discernir o futebol arte de Cristiano Ronaldo, Messi, Zidane, Ronaldo, Zico do futebol comum de outros jogadores coadjuvantes dos espetáculos – e o esporte continuará sem atrativos para esta gente.

Todavia, podemos testemunhar, no dia em que a alegria ímpar que o futebol é capaz de provocar deu lugar a dor, como o futebol é grande. Testemunhamos isso no gesto do Atlético Nacional, adversário da Chapecoense na final da Sul-Americana, que, de pronto e sem ninguém sugerir, teve a iniciativa de oferecer o título à Chapecoense. Os próprios jogadores decidiram e a diretoria acatou.

A grandeza do futebol também está presente na notícia que os times da elite do futebol brasileiros já anunciaram a ideia de não apenas emprestar jogadores a custo zero à Chapecoense como também assegurar que, nos próximos três campeonatos brasileiros, o time de Chapecó não será rebaixado, mesmo que não tenha pontos para permanecer na primeira divisão.

São times profissionais. E tais medidas envolvem muito dinheiro, lógico. Mas o futebol se mostrou maior. Os clubes não estão preocupados em perder ou ganhar receitas, no momento. Querem ajudar a Chapecoense a continuar no crescimento que vinha encantando os amantes do esporte. Grandes times de fora do Brasil, como o Real Madrid e PSG, também estão dispostos a ajudar.

Podemos ver a grandeza do futebol ainda no site do Corinthians adotando o verde do rival Palmeiras, por ser o verde também da Chapecoense. Não tem um mês que um jogador corintiano foi punido por ser flagrado, de folga, usando uma bermuda verde, dada a rivalidade, que perto da grandeza do futebol sumiu.

A decisão da Copa do Brasil foi adiada. A última rodada do Brasileirão idem. O campeão Palmeiras acerta com seus patrocinadores para usar a camisa da Chapecoense em seu último jogo. Outros times ensaiam fazer o mesmo. As páginas dos times brasileiros na web exibem o escudo da Chapecoense na cor preta, simbolizando o luto. Há um movimento no Brasil para a aquisição de camisas do time da Chapecoense por torcedores de todos os demais clubes com o objetivo de ajudar financeiramente e simbolizar este dia tão triste.

Vários jogadores, inclusive que jogam na Europa, se manifestaram nas redes sociais. Ex-jogadores como Adriano Imperador, que provou muitas vezes não se preocupar muito com a própria carreira, foi tocado com a dor alheia e também deixou sua mensagem de solidariedade. A frase mais usada neste inesquecível dia 29 de novembro foi sem dúvida “força chape”. Hoje, o mundo é Chape e o futebol sempre será para os grandes.

Modificado em 29/11/2016 23:25

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