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George Magalhães absolvido, inocente, mas “condenado”. Como assim?

Por Joedson Telles 

Esbarro em várias manchetes de sites de Sergipe informando que o radialista George Magalhães foi absolvido da acusação de crime de estupro pelo Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe. E foi mesmo. Não é fake.

Então, George Magalhães recebe um atestado de inocência, comemora não dever nada à Justiça e pode voltar à normalidade de sua vida?  Calma. A primeira e a segunda frases não deixam dúvidas, mas será que ele pode voltar à normalidade de sua vida? Óbvio que não. É um ser humano.

Ninguém, sendo inocente, é acusado de um crime tão bárbaro aos olhos da sociedade como o de estupro e consegue deletar tudo e voltar a viver normalmente. Evidente que há pessoas que conseguem lidar melhor com as sequelas, mas nunca retomam à normalidade como quem apaga uma lâmpada. O respeito é reconquistado. A pessoa passa a ser vista como injustiçada. Mas o trauma interno é robusto.

Não tive contato com George Magalhães depois da absolvição. Aliás, falei com ele pessoalmente pela última vez dentro de uma igreja – pouco tempo depois que ele foi solto. Ali, ele me disse de forma resumida: “eu não fiz o que estão dizendo”.  Atestei sinceridade não apenas na sua conhecida voz, mas, sobretudo, nos seus olhos. George sentiu a porrada e a frase era mais um desabafo.

Apesar da distância, entre aquele dia e a data da sua absolvição, creio que a dor dessa porrada ainda está presente. É difícil apagar da memória a vergonha de ser acusado – para muita gente condenado açodadamente – de ter cometido um estupro; ainda mais em se tratando de uma pessoa pública cuja profissão requer uma ficha limpa.

George, não esqueçamos, foi afastado do microfone da Fan FM – e ainda deu o azar de o seu sucessor, Narcizo Machado, se revelar um dos melhores no ofício. Mesmo inocentado, como lhe restituir o espaço?

E como explicar à família e aos amigos que é inocente, com o bombardeio de informações sobre o caso? Se isso já é complicado, imagine persuadir estranhos em época de febre em redes sociais?

Aí, você é jogado na cadeia – um mundo novo e assustador. A liberdade já era. Neste momento, não basta família, amigos e bons advogados: a fé em Deus é a gasolina que faz o motor funcionar.

Nunca estive preso, mas os dias seguidos trancado em casa por conta da pandemia me autorizam a usar da empatia. A liberdade não tem preço.

George teve que suportar, se a memória não falha, cerca de dois meses na grade. Uma eternidade para um bandido comprovado, imagine para o inocente George. Até as visitas, suponho, consolavam, mas constrangiam. Sem falar nos gastos com advogados…

… Cheguei até aqui pela empatia. Não conversei com George Magalhães. Mas não é difícil discernir que ele foi absolvido pela Justiça, mas precisa ter muita fé em Deus, muita personalidade para se livrar da condenação da própria memória sobre  tudo que precisou enfrentar, depois que aquela senhora de 42 anos o acusou de ter praticado um estupro que nunca existiu.

 

 

 

Modificado em 01/06/2023 13:43

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