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É macabro, mas este pode ser meu último texto e o seu também. Estamos em Sergipe, esqueceu?

O  dizer à sociedade frente tanta violência?

Por Joedson Telles

Deputados estaduais aguardam a presença do secretário de Estado da Segurança Pública, o ex-deputado federal Mendonça Prado, na Assembleia Legislativa, na próxima quinta-feira, dia 22, e acreditam que isso mudará o quadro de carnificina desgovernada que Sergipe espelha nos últimos tempos. Os deputados estão fazendo a parte deles. Ninguém aguenta mais tanta morte. São tantos sepultamentos engendrados pelos marginais que crimes menores, como roubar uma moto, uma bolsa ou um celular, não têm mais espaço na mídia. As vítimas sequer prestam queixas à polícia. Lugar comum.

Tudo é válido para se contribuir com a puxada do freio de mão da violência em Sergipe. Quando um governo não anda, a sociedade precisa ajudá-lo. Todavia, seria enganar o internauta e alimentar a “ingenuidade” dos deputados velar, aqui, que a simples ida de Mendonça Prado à Assembleia Legislativa resolverá o grave problema de insegurança. Sequer será o primeiro passo. Poderiam convencer o próprio governador Jackson Barreto a ir pessoalmente que não colheriam os frutos sonhados…

Lembro que certa feita, mesmo Sergipe não estando ainda em segundo lugar em violência, o então governador, o saudoso Marcelo Déda, acossado, explicou que, ele próprio, não poderia coloca um revólver na cintura e sair às ruas prendendo os bandidos. Concordei de pronto. Além de não ser o trabalho de um governador, prender a polícia prende. O problema parece bem mais crônico na prevenção. No chamado policiamento ostensivo. Como todo mundo repete, em Sergipe o bandido perdeu o respeito pela polícia, e óbvio nunca teve pela vida.

Querer Mendonça Prado se fazendo presente à Alese é compreensível do ponto de vista político. Os deputados foram eleitos e devem satisfação à sociedade, que espera muito deles, sobretudo daqueles que nunca acreditaram que Jackson Barreto teria capacidade de administrar o Estado, e, assim, votaram em outro candidato, antecipando, inclusive, durante a campanha eleitoral de 2014, o caos que Sergipe vive hoje. Contudo, tecnicamente, a medida não surtirá efeito algum. De “gogó”, o povo cansou.

Pensem comigo, internautas: o que o secretário Mendonça Prado, o delegado Everton Santos, o coronel Maurício Iunes ou mesmo o governador Jackson Barreto poderiam dizer aos deputados e, por tabela, à sociedade, neste momento, capaz de surpreender? De minimizar o sentimento de insegurança? Capaz de tranquilizar uma população refém da bandidagem? Nada. Absolutamente nada. Até porque, se há solução na ponta da língua, por que, então, tantas pessoas morrerem? Só se admitissem que o “projeto” faliu e que estariam renunciando para que novas pessoas tivessem a chance de colocar um projeto eficiente em prática, dando, enfim, segurança a Sergipe. Como acontece, por exemplo, no futebol, que o time troca o técnico no meio do campeonato e melhora. Mas alguém acredita neste delírio no mundo político? Desapego e política não caminham na mesma calçada.

O que pode acontecer, no máximo, são as autoridades se valerem de velhas e pífias desculpas, que não convencem mais nem aos mais leigos e desinformados: “a violência é no Brasil todo…” É! Mas Sergipe não é obrigado a ser vice-campeão, e com chances reais de assumir a pole position para 2016. Outro lugar comum é ressuscitarem o discurso do então secretário, João Eloy, e colocar a culpa nas drogas – como se usar e comercializar a ilegalidade fossem exclusividades sergipanas. E mais: como se a polícia não existisse justamente para, entre outras atribuições, coibir o proibido. Colocar traficante na cadeia.

O momento não pode ser político. São pessoas e mais pessoas assassinadas todos os dias. Uma guerra civil homologada pela inaptidão de quem tem como missão impedir a criminalidade. Sergipe não pode acostumar a conviver com o crime. Assistir de camarote a dor e a revolta de familiares e amigos das vítimas – sobretudo quando o bandido logo, logo está em liberdade. Isso, evidentemente, quando chega a ser preso. Não podemos continuar vivendo com o medo de ser a próxima vítima que consome os mais lúcidos numa terra onde ninguém está livre de ser o próximo cadáver. Onde não há crise econômica que evite o crescimento das vendas de caixão de defunto, de flores, velas e demais arranjos necessários para sepultar pessoas assassinadas. É macabro, mas este pode ser meu último texto e o seu também. Estamos em Sergipe, esqueceu?

P.S. Aos de curta memória, no dia 9 de março deste ano, Mendonça Prado esteve na Assembleia Legislativa para tratar de segurança pública. De lá pra cá, a coisa piorou assustadoramente. Só de policiais foram oito homicídios.

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