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E Eduardo Amorim conhece mesmo o PT? Ou sou mais a Paolla

Por Joedson Telles  

O senador Eduardo Amorim causou reações, ao declarar, em entrevista ao Universo, há duas semanas, que não apenas se define como de esquerda, um socialista, como também que se identifica com o Partido dos Trabalhadores. Para quem deu os primeiros passos na vida pública no governo de João Alves Filho, como seu secretário de Saúde, e, posteriormente, se elegeu deputado federal aliado ao Negão, nada mais surpreendente, quando se observa que o mesmo João Alves e o mesminho PT sempre foram líquidos imiscíveis.

Aliás, a coisa é tão séria que perpassa companheiros genuínos e deságua no compadre Lula, que já disse horrores de João Alves. O filé, todavia, está registrado no livro “Viagens Com o Presidente”, de Eduardo Scoles e Leonencio Nossa. A saber: “Eu faço aliança com qualquer um para foder o João Alves”, teria dito o então presidente, segundo os autores da obra. Aliás, gosto não se discute mesmo. Há quem sonhe com a Paolla Oliveira. Nada contra o Negão, mas opto também pela segunda opção. Sou mais a Paolla.

Mas voltando a Eduardo Amorim, pegando o contexto, tomando ciência do conjunto de verbos postos na entrevista, entretanto, entende-se que ele quis se referir à visão de mundo socialista pregada pelo PT. Nada de querer usar uma estrelinha vermelha, passar a detonar todo mundo que pense diferente e não aceitar o contraditório. Segundo Eduardo Amorim, a política deve ser vista como uma missão, e seus atores precisam cuidar dos menos favorecidos. Algo tipo Jesus Cristo, que veio pelos pecadores. Eduardo teria encampado a tese ao lutar pela própria sobrevivência na infância. Não foi militante de rua.

Mas o que surpreende, além da conta, não é começar a vida no ninho do antigo PFL – ou da antiga Aliança Renovadora Nacional, se o internauta preferir voltar um pouquinho mais no tempo – e se revelar socialista. Identificar-se com o mesmo PT que tanto critica a direita – com ou sem motivos.

Surpreende um senador novato no PSDB, partido inimigo do PT à moda “petralhas x coxinhas”, revelar com tanta naturalidade sua afinidade com os algozes. Sem meio termo: Eduardo age com excesso: de personalidade ou de ingenuidade. Aliás, vale o mesmo para definir quem abre a boca para declarar identificação com o PT numa era de Lava Jato.

Evidente que o senador se referiu aos pressupostos de criação do PT sustentados, ao menos na teoria, pela preocupação social. À sua militância história. À ideologia velada, e não aos desvios de comportamento. Ao tesão de certos companheiros no din din público quando chegam ao poder. Mas, ainda assim, num terreno como a política, onde adversários costumam distorcer tudo e levar juízos fabricados ao eleitor, não deixa de ser uma atitude impetuosa ou virginal, nascer e permanecer na direita conservadora e declarar identificação com inimigos.

A entrevista que gerou a polêmica, inclusive provocando reações do PT, foi feita pelo que assina este texto. Confesso que pequei por não ter perguntado ao senador se Lula é um inocente injustiçado ou um ladrão que vai se dando bem, mas que já deveria estar na cadeia. Deveria indagá-lo também sobre Dilma. Saber dele se ela foi vítima de um golpista – e este, sim, deveria estar preso – ou se pagou pelo que fez, perdendo o mandato que o eleitor lhe confiou. As respostas seriam a prova dos noves para sabermos se o senador é, de fato, de esquerda, um socialista que se identifica com o PT ou se falou pelo que pensa ser o PT, mas prova não conhecer a legenda. Nenhum pouco.

Modificado em 11/09/2017 22:19

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