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Bolsonaro está certíssimo, ao se indignar com a Globo

Por Joedson Telles

O presidente Jair Bolsonaro não apenas agiu de forma correta como também prestou um excelente serviço ao Brasil, ao gravar um vídeo, às 4 horas da madrugada, indignado, soltando os cachorros em cima da Globo. A motivação, como é de conhecimento de todos, foi um áudio vazado sobre os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Se não aloprasse, chamasse de patifes, canalhas e as porras, o presidente, certamente, assinaria a culpa – ainda que seja, como jura na cruz, inocente.

Evidente que há quem faça oposição ao presidente e, por conta disso, não analise os fatos à luz da justiça. É outra história. Mas o bom senso, a responsabilidade, o jornalismo ético gritam a resguardar a imagem de qualquer pessoa até que haja o chamado trânsito em julgado. Ainda mais quando se fala em homicídios.

Sobretudo em se tratando de políticos, que respiram votos – e votos são conquistados, principalmente, com a boa imagem perante o eleitor -, o erro, ao se divulgar fatos não comprovados pode, e normalmente gera, consequências negativas irreversíveis. No caso em tela, expõe-se um presidente e com ele os interesses da Nação, quando o porteiro nunca foi dono da verdade.

A Globo já tem anos suficientes na estrada para saber que em episódios deste tipo qualquer suspeita, para a maior fatia do telespectador, o homem público será julgado e condenado. Nestes momentos, a credibilidade da imprensa se soma à dificuldade de pensar que afeta muitos no Brasil e, assim, o veredito estará assegurado.

Talvez seja isso que o presidente define como “jornalismo podre, canalha, sem escrúpulo…” E fica difícil acreditar que os profissionais da emissora não tenham noção do óbvio.

Seria injustiça, entretanto, atribuí o absurdo exclusivamente ao padrão global. Se a Globo errou, não falte quem a acompanhe.

Aqui, em terra de cajueiros e papagaios, por exemplo, quantos políticos já foram condenados pela opinião pública e perderam eleições, depois de reportagens feitas antes do trânsito em julgado, tendo como fontes apenas a acusação, seja da polícia, do Ministério Público ou de ambos e sem enfatizar que todos são inocentes até que se prove o contrário? Quantas imagens já foram destruídas de forma açodada, e o tempo tratou de espelhar a injustiça contra um inocente? Quem reparou estes danos?

Evidente – e só muita falta de inteligência imaginar que um jornalista seria contra o exercício do jornalismo – que não prego a censura. Mas a responsabilidade, a ética de analisar a fundo as consequências que a divulgação de notícias de forma açodada terão na vida de uma pessoa que, ao final, poderá ser inocentada.

Em casos como o do presidente Bolsonaro, note-se, a coisa é ainda mais grave, já que ele sequer é réu. Não sei se na pele do presidente usaria as mesmas palavras e frases. Dizem que o homem é momento. E termos como canalha, por exemplo, é um dos degraus mais baixos da escada. Entretanto, que também gravaria um vídeo indignado desmascarando a Globo, não tenha dúvida.

P.S. Falam que o presidente está indo de encontro à liberdade de expressão. E mesmo que a notícia envolva, sem provas, um inocente em dois homicídios cabe a este inocente aceitar e calar é? Não mesmo.  

      

Modificado em 31/10/2019 09:04

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