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Atiram no pé ou intenção é mesmo abater João?

Por Joedson Telles

Se surpreendeu aos que ainda desconhecem os meandros da política ouvir o deputado federal Mendonça Prado lavar a roupa suja do DEM, constrangendo seu sogro, João Alves, num programa de rádio que nunca se esforçou para ofuscar não nutrir a mínima simpatia pelo grupo do prefeito de Aracaju, o que dizer de o vereador Josenito Vitale, o Nitinho, assumir o microfone e também fazer a sua parte para afundar ainda mais o partido em Sergipe? E do cidadão Marcos Aurélio, que sequer faz parte dos quadros do DEM ou mesmo tem um mandato com história de serviços prestados a João e ao DEM cair de pára quedas na onda, falando em traição de João, ao também cidadão Nilson Lima? Até tu, Aurélio?

Tomo a ousadia de meter a colher na sopa alheia. Não entro no mérito se João Alves prometeu ou não apoiar Mendonça, Nilson Lima , Nitinho, Marcos Aurélio ou quem quer que seja, e acabou apoiando outros nomes, como resmungam no rádio. Para ajuizar neste sentido, evidente, é preciso informações detalhadas sobre o assunto e provas irrefutáveis de como, de fato, a coisa aconteceu. João quase não fala sobre o assunto e, assim, tem-se apenas um lado da história. João limita-se a demonstrar sua mágoa.

Aliás, segundo o prefeito, o tempo cicatrizará as feridas. Particularmente, acho difícil. Política é uma eterna luta por espaços. Mendonça, Nitinho, Nilson Lima ou qualquer político vive em função disso. Se disserem o contrário, tentam subestimar inteligências. Não foi gratuito que Mendonça criticou a gestão João Alves na Prefeitura de Aracaju, deixando nas entrelinhas seu desejo, legítimo, diga-se, de disputar a eleição para a PMA, em 2016. Nitinho, por sua vez, lamentou que não recebeu apoio de João para voar da Câmara Municipal à Assembleia. E Nilson Lima, e até mesmo o Aurélio, têm lá seus sonhos. Quem vive a política e não os têm?

Mas, como estava dizendo, acho difícil o tempo curar as feridas. Evidente que, pelo fato de ser da família, Mendonça tem mais possibilidade de minimizar o que João Alves define, hoje, como “um arranhão na alma”. Porém, mesmo em se tratando de Mendonça, fica difícil acreditar que a confiança de João Alves, e, por tabela, da senadora Maria do Carmo, um dia voltará a ser a mesma – quando o assunto for conviver politicamente.

Ao tratar publicamente assuntos que outros políticos só o fariam internamente, Mendonça e Nitinho, não sei se perceberam, mas, além de não conseguirem resolver o que enxergam como problemas, na verdade, entregaram munição aos adversários de João e Maria. Estão fragilizando políticos que, ainda que seja provado que, de fato, não deram o devido apoio nas eleições de 2014, têm créditos por conta de outros momentos da vida pública. De outras eleições. Sobretudo no tocante a Mendonça Prado. Seria injusto não ratificar aqui o bem que tanto Mendonça quanto Nitinho já fizeram a João Alves – sobretudo quando o Negão ficou sem mandato.

Entretanto, a menos que o objetivo seja mesmo fragilizar a gestão João Alves e, consequentemente, seu projeto de reeleição, em 2016, e até seus planos para 2018, Mendonça e Nitinho deram o famoso tiro no pé. Se não estão planejando aproveitar a crise no DEM para mudar de legenda, se não estão buscando um partido governista para pousar bem pertinho do governador Jackson Barreto, que não tem nada com a crise alheia, evidencie-se, Mendonça e Nitinho erraram feio. Entretanto, se as favas estiverem contadas, sair do DEM, criando problemas para o futuro adversário João Alves, pode ser uma tática inteligente. Não muito ética, óbvio. Mas não deixa de ser inteligente. Como já disse, política é uma eterna luta por espaços.

Modificado em 05/11/2014 10:13

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