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“Aquele desabafo de Machado é verdadeiro. Dentro das secretarias aconteceu escancaradamente. Tem fatos de desvio de dinheiro. Coisa grande”, assegura Agamenon Sobral

Agamenon: corrupção no governo João Alves

Por Joedson Telles

No ostracismo desde que a Justiça o afastou da Câmara de Aracaju, no ano passado, por conta da “Operação Indenizar-se”, o polêmico ex-vereador Agamenon Sobral (PHS) reaparece na mídia, nesta entrevista que concedeu ao Universo, bem ao seu estilo e assegura que houve, sim, corrupção na gestão João Alves Filho (DEM). Segundo ele, o ex-vice-prefeito José Carlos Machado (PSDB) falou a verdade quando disse que a equipe de João Alves só queria roubar enquanto o ex-prefeito cagava.  “Aquele desabafo de Machado é verdadeiro. Eu não vou citar nomes pra não ter outro processo contra mim, mas é fato real. Dentro das secretarias posso dizer que aconteceu escancaradamente. Tem fatos de desvio de dinheiro. Coisa grande. A polícia entrou em cena, mas só divulga o que é interessante para algumas pessoas. Tem casos de secretaria que botaram a mão em cima e falaram “aqui é meu” e a coisa não andou com a própria delegada que mandou me prender”, disse o ex-parlamentar, assegurando que é inocente e vítima de uma armação. “Foi tudo armado para os vereadores não se reelegerem. Montaram o esquema. Quando você vai ver as pessoas que fizeram isso são pessoas que não têm essa idoneidade toda. Eu disse que ia terminar o mandato e voltaria à mídia para mostrar que não só falava quando estava com o mandato, e vou para o embate. Já reuni minha família e disse: vão mandar me prender de novo, mas eu não ficarei calado”, a entrevista:

Como foram os dias longe da Câmara de Aracaju, após o afastamento pela Justiça?

Tristes. Tenho consciência que fiz um grande mandato, mas quem quiser que pense o contrário. Eu entrei determinado em fazer uma política em defesa do povo pobre. Cobrar uma saúde pública de qualidade. Uma educação pública de qualidade. Um transporte público de qualidade. Posso dizer que fiz um mandato independente. Eu só votava no que eu queria votar, eu não dependia de ninguém pra votar. Todo projeto que chegava a Casa eu analisava: se merecesse, votava sim. Mas se não merecesse, eu dava um não. Quando eu via que era benefício para o povo pode ter certeza que todos eles tiveram voto sim.

Então são dias tristes?

Hoje, a gente se vê jogado na lama por algo que não cometeu. A verba indenizatória existe na Câmara há mais de 20 anos, e essa verba dá direito a você alocar carro, colocar combustível, locar um imóvel para colocar escritório, pagar os serviços jurídicos, linha telefônica… Como a Câmara não tem gabinetes, ela dá essa verba indenizatória. Eu usei a minha verba indenizatória pra isso. Se você pegar o processo que eu estou envolvido é a locação de um veículo, meu setor jurídico e, mais na frente, minha parte de imprensa. Eu tive o meu sigilo bancário quebrado por uma delegada e ela constatou que não há enriquecimento ilícito meu. Eu não tenho nada mais do que eu tinha quando entrei (na Câmara). Eu vejo com tristeza porque perdi o meu mandato. A Justiça tomou na hora que mandou me prender. Quando faltavam 48 horas para uma eleição, houve aquela maquinação dizendo que os vereadores estavam inelegíveis, tanto que, dois meses depois, cadê a Justiça que num caso simples desse não descobriu quem fez aquilo?

O senhor paga, então, por algo que não fez? É isso?

Foi tudo armado para os vereadores não se reelegerem. Montaram o esquema. Quando você vai ver as pessoas que fizeram isso são pessoas que não têm essa idoneidade toda. Foram essas pessoas que jogaram meu nome na lama. Eu disse que ia terminar o mandato e voltaria à mídia para mostrar que não só falava quando estava com o mandato, e vou para o embate. Já reuni minha família e disse: vão mandar me prender de novo, mas eu não ficarei calado. Eu tenho 55 anos e nunca estive numa delegacia, a não ser para ajudar as pessoas, mas fui preso por um crime que eu não cometi. Eu criei o meu nome. Eu nasci e me criei no pior bairro de Aracaju, o chamado Bairro América. Era bairro de cão, ao lado da penitenciária, mas nunca me envolvi com nada errado. Eu estou com 55 anos e nunca botei um copo de cereja na minha boca, um cigarro na minha boca e fui criado no meio de tudo que presta naquele bairro. Aí quando você consegue um cargo público que começa a incomodar pessoas que estavam escondidas a Justiça manda lhe prender. Como se manda prender um homem público quando se têm suspeitas de que ele estava fraudando? Eu tenho nota fiscal de tudo que fiz. Eu loquei um veículo, mas tenho nota fiscal daquela locação. Eu contratei um serviço jurídico e tenho nota fiscal do contrato daquele setor jurídico. Eu contratei um serviço de comunicação e tenho contrato. Eu tenho como provar que tudo que eu fiz foi lícito. A Câmara é uma entidade séria e só faz um pagamento a uma empresa se ela apresentar uma certidão de quitação com o serviço público, e todas as empresas que apresentamos tinham sua idoneidade. Não é admissível o que fizeram simplesmente porque não queriam deixar o vereador Agamenon crescer na vida política porque ele tinha a língua solta. Não é para moralizar o país, eu concordo, mas não fazendo da forma que fizeram com a gente.

Os seus advogados não conseguiram provar sua inocência?

Conseguiram, mas eles não aceitam. Aí você vai para um julgamento, de 10 (vereadores) volta 1 (o vereador Jailton Santana) que estava envolvido na mesma situação. Por que um voltou e os outros não? O mais agravante é que têm vereadores que utilizam a verba indenizatória nos mesmos moldes que os outros usavam e não foram nem citados no processo porque alguém pediu. O vereador tinha envolvimento com as mesmas empresas de locação de veículo, de serviços jurídicos, mas não foi nem citado no processo. É um amigo, mas ele tinha o mesmo serviço jurídico que eu tinha, de locação e não foi nem citado. Botaram a mão e disseram pra deixar ele fora. Foi essa Justiça que mandou me prender?

Como foi a sua prisão?

A gente não imaginava que isso iria acontecer. A vontade da delegada era ver-me algemado. Por sorte minha, como Deus é justo e estava vendo que eu não merecia aquilo, no dia que mandaram a polícia no meu apartamento, eu estava fora do estado. Eu estava em Maceió, que eu fui levar uma amiga doente. Como não gosto de viajar à noite, eu fui levar a pessoa e quando foi pra voltar já estava tarde e eu dormi numa pousada e vim no outro dia. Foi justamente no dia que a polícia chegou em minha porta porque a determinação da delegada era me levar algemado. Quando eu me apresentei ela ainda me olhou meio revoltada porque a vontade dela era me ver algemado.

É uma questão pessoal, é isso?

É um caso pessoal, sim. Devido a denúncias que contra professores e médicos. Na verdade, eu não a conhecia. Vim conhecê-la no dia do meu depoimento. Mas, segundo informações, pelas perguntas que ela me fez lá dentro, foi que um determinado repórter tinha dito a ela algo que eu não disse com a pessoa dela. Ela se revoltou contra o vereador Agamenon imaginando que fosse verdade. Esse repórter eu já tive uns embates com ele, porque eu tive um embate com o presidente do Sindicato dos Radialistas, Fernando Cabral, e esse repórter parece que era vice-presidente. Com raiva porque Cabral tinha aberto um processo contra mim e eu consegui provar que estava certo, ele foi dizer pra delegada que eu tinha dito algo que eu não disse. No dia da audiência, ela me fez uma pergunta e eu disse a ela que não a conhecia. Um amigo meu ouviu este repórter dizendo que eu disse o que eu não disse. Criou uma questão pessoal.

O eleitor foi ingrato com Agamenon?

Com certeza. Vou dar um exemplo prático. Eu estava no supermercado quando uma senhora estava no caixa e veio correndo e disse que Deus ia me ajudar, que eu fiz um grande trabalho. Uma senhora de 65 anos disse que me acompanhava todos os dias no rádio, que viu o quanto eu cobrava. Isso eu ouço constantemente por onde passo. Na casa de minha mãe eu continuo atendendo da mesma forma que atendia. Eu vou almoçar na casa de minha mãe as pessoas estão lá e eu atendo.  Hoje, a gente não tem todas as portas abertas, ma as gente continua ajudando as pessoas.

Nestes momentos as portas se fecham…

Com certeza. Até porque a gente se sente constrangido de bater numa porta porque você não sabe qual a resposta que vem de lá pra cá. Como eu tenho um temperamento forte, eu não maltrato ninguém, mas também não aceito ser maltratado. Se alguém me der uma pancada pode ter certeza que vai levar. Todas as vezes que eu estou errado e uma pessoa me diz que estou, eu baixo minha cabeça, mas quando eu estou certo eu não baixo em hipótese alguma. Eu não estou errado, fui penalizado pelo trabalho que fiz.Todas as vezes que eu entrava nos embates, os amigos políticos que eu tenho não falavam porque sabia que eu não aceitava politicamente. Eu não posso aceitar que um médico que tenha quatro a cinco vínculos continue enganando o povo recebendo pelo serviço público. Eu não posso aceitar que um professor que é para estar numa sala de aula de uma escola pública está no colégio Master dando aula, no Amadeus, na hora que era pra estar na escola pública. Aí você vê um sindicato vagabundo que não acompanha, que faz vista grossa pra tudo que é mazela do próprio círculo dele, vê o sindicato constantemente querendo processar o vereador Agamenon.

Como acompanhou a polêmica em torno ao aumento nos subsídios dos vereadores de Aracaju?

Os vereadores passam quatro anos sem aumento nenhum. Em 2013, quando assumimos os funcionários da Casa tiveram reajuste de 7,2%. Em 2014, os funcionários tiveram reajuste de 7,85. Em 2015, o reajuste foi de 6,8%. Em 2016, o reajuste foi de 6,5%. É votado de quatro em quatro anos aumento para os vereadores porque também são trabalhadores. Quem não quiser votar no político que na vote. Quem achar que o vereador está ganhando bem que não vote. Deixe aí para ter só a Justiça. Acaba com o Poder Legislativo, Executivo e fica só o Judiciário. Salário é salário. Entramos em 2013 com o salário de R$ 15 mil da legislação anterior. Terminamos 31 de dezembro de 2016 com R$15 mil. O vereador que entrou, em 2017, vai passar quatro anos com esse reajuste.

Um Projeto de Lei do vereador Iran Barbosa tenta revogar o aumento. Como Agamenon avalia a ideia?

Pura demagogia. Esse povo da esquerda passou a vida inteira enganando. Quer pegar um bandido? Entre nas fileiras do PT. O único vereador que não votou chama-se Agamenon Sobral. Eu saí porque não concordava porque na minha ótica todas as vezes que o presidente dava um reajuste para o servidor, ele daria aquele reajuste para o vereador. Ele não concordou. Outra coisa que é preponderante é que o salário do vereador de Aracaju é 75% do deputado estadual e acabou. O salário do deputado estadual é 75% do deputado federal. Não é o povo que está contestando. São algumas entidades como o MST, a CUT, o SINTESE.

Mas, na época, o vereador Iran Barbosa votou contra o aumento…

Não votar é sair do plenário. A partir do momento que você permanece sentado em plenário para dar quórum você está votando. Se você não quer que a coisa seja promulgada você não dá quórum. Antes da votação você já sabe o clima. Se você sabe que a maioria vai ganhar, mas precisa de 13 votos, tem que ter o quórum para ser legitimado. Se a oposição tivesse saído não iria ter o quórum.  Não adianta o cara ir para imprensa e dizer que votou contra. Votou contra, mas deu quórum para ser aprovado porque sabia que a situação tinha maioria. Iran pode abrir mão do salário de vereador e ficar recebendo o salário de professor. Porque ele dá uma de bom? Por que a deputada do PT, que briga a vida toda, não abre mão do salário, de todos os benefícios? Não é uma categoria que defende o povo? Porque não abre mão? Ele tem que dá o exemplo e ficar recebendo o salário de professor e os assessores dele colocar professores sem receber nada pra dar o exemplo. É só demagogia. Agora você vê a deputada dizendo que não é mais candidata. Claro que não é. Já está terminando o quinto mandato dela, já se aposenta como deputada. O vereador deve ir para deputado e colocar outro como vereador.

Como avalia a eleição para prefeito de Aracaju? Esperava que João Alves fora do segundo turno?

Esperar a gente não esperava. A gente sabia que a coisa não estava boa. Eu trabalhei muito nesse mandato e andava em todas as secretarias, a gente via com pesar algumas decisões de algumas secretarias onde as pessoas não tinham realmente o interesse em trabalhar, mas o prefeito era doutor João. Ele tinha nomeado e essas pessoas faziam vistas grossas, preguiçosas. Dificilmente você encontrava essas pessoas oito da manhã em uma secretaria. Eu tive na Secretaria de Meio Ambiente, saia de lá 9 horas e o secretário não tinha aparecido. Chegava à Emurb nesse mesmo horário e o presidente não tinha aparecido. O problema de doutor João foi que ele deixou cada secretário fazer o que quisesse em sua pasta. Ele perdeu o comando. Pra mim o melhor prefeito de Aracaju foi Almeida Lima porque toda segunda-feira ele botava todos os secretários sentados à mesa do Olímpio Campos e determinava o que ia ser feito durante a semana. Botava na linha de frente. Não era como foi agora com doutor João: cada secretário mandava ao seu bel prazer em sua pasta. Com Almeida, o secretário não dava a última palavra. Ao contrário de agora com doutor João. Doutor João as coisas aconteceram e ele nem sabia.

E porque isso aconteceu com João Alves? Ele já foi prefeito e governador três vezes e não foi assim em outras gestões…

Vem a questão da idade, ele estava meio debilitado… São vários fatores. A confiança que ele depositou em seus assessores sem esperar uma rasteira. Não se pode terminar uma administração como doutor João terminou e tendo os amigos que ele mesmo colocou.

Aquela gravação de Machado (a equipe de João não quer trabalhar. Só roubar…) tem um fundo de verdade?

Aquele desabafo de Machado é verdadeiro. Eu não vou citar nomes pra não ter outro processo contra mim, mas é fato real. Dentro das secretarias posso dizer que aconteceu escancaradamente. Tem fatos de desvio de dinheiro. Coisa grande.  A polícia entrou em cena e só divulga o que é interessante para algumas pessoas. Tem casos de secretaria que botaram a mão em cima e falaram “aqui é meu” e a coisa não andou com a própria delegada que mandou me prender. No eu caso ela quebrou meu sigilo bancário e viu que não tinha dinheiro. Nesse caso do secretário ela quebrou e tinha. E não deu em nada, mas eu ela mandou me prender.

O caso da gestão de João Alves então morreu?

Não está morto porque foi aberto um inquérito administrativo. João não merecia passar por isso. Um prefeito amigo, todos os projetos que iam para Câmara ele convidava os vereadores da bancada, discutia o projeto para cada um ter sua resposta porque sabia o que estava se passando, porque às vezes você lê e não tem o conhecimento real do projeto e acaba se passando em alguma coisa. Ele chamava doutor Igor e dava uma explanação no projeto para na hora da entrevista saber o que estava falando em relação ao projeto.

Gostou da composição da Câmara de Aracaju?

É o que o povo quer. Cada povo tem o representante que merece. Eu duvido que apareça algum Agamenon aí.

Modificado em 14/01/2017 21:16

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