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André Moura sobre o secretariado de Jackson: “ultrapassado e preguiçoso”

E sobre o governador? “Jackson é uma capa vazia, oco por dentro”

André: Jackson tira o foco da desastrosa gestão

Por Joedson Telles

O deputado federal André Moura (PSC) explica, nesta entrevista que concedeu ao Universo, que o governador Jackson Barreto (PMDB) está usando o assédio à oposição para tirar o foco da sua desastrosa gestão, e está conseguindo levar parte da imprensa e da opinião pública para a política, deixando o desgaste do seu governo em segundo plano. André também avalia de forma negativa a reforma que o governador fez, recentemente, em seu secretariado. “Mostra mais uma vez a sua irresponsabilidade enquanto gestor público. Se o secretariado era muito ruim – e por conta disso o governo passa por essa crise -, agora, é péssimo. É um secretariado político, sem cuidado técnico. Uma verdadeira barganha de espaços e cargos por entendimentos políticos. Ele formou um secretariado de amigos que não têm mais “tesão” com a coisa pública. Velhos, cansados, ultrapassados, preguiçosos, que dormem até tarde”, assegura o deputado. O deputado diz ainda que o governador tenta enganar as pessoas, mas tem zero de prestígio em Brasília. “Eu garanto que a cada um real que ele botou aqui do Governo Federal eu botei 10. Só para os municípios sergipanos ano passado eu liberei R$ 54 milhões. Diga R$ 1 real que ele liberou? Ele foi a Brasília e trouxe o que de concreto? Jackson é uma capa vazia, oco por dentro”, define. A entrevista:

Preocupa o assédio do governador Jackson Barreto à oposição?

Para quem conhece um pouco da política de Sergipe, ela não é de difícil leitura: Jackson faz um governo extremamente desgastado, um governo muito mal avaliado perante a opinião pública, principalmente nas áreas consideradas mais essenciais como Saúde, Educação e Segurança Pública. Naturalmente, ele sabe disso porque quem conhece um pouco de política no estado sabe disso. Por outro lado, todos nós sabemos que Jackson é um político profissional – e está sabendo, nesse momento, tirar o foco do desgaste da sua gestão, que tem hoje um índice de reprovação muito alto. Jackson levou a imprensa e a opinião pública para o foco político. Hoje, muito mais do que as críticas feitas à gestão dele, em relação à Segurança Pública, Saúde, Educação, o foco está nesta cooptação, que ele tem feito com lideranças políticas de oposição. Agora, de forma muito clara: quem foi que ele levou pra lá? Porque é outro jogo de marketing que Jackson vem fazendo. Efetivamente, fora o deputado Laércio Oliveira, que fez um acordo político, quem foi que Jackson levou para o grupo dele? Ele fala muito no deputado Capitão Samuel, mas até agora eu não vi anúncio nenhum de Samuel, mesmo porque Samuel mantém bons laços de amizade com a oposição.

A senadora Maria do Carmo seria mais uma especulação?

Hoje, se fala muito de um acordo político entre Jackson, a senadora Maria do Carmo e o ex-prefeito e governador João Alves Filho, porque Jackson não vai fazer acordo com Maria sem fazer acordo com João. Não tem essa coisa de dizer que fez um acordo com a senadora Maria do Carmo se não for junto com João Alves, que ele tanto combateu e criticou. Mas até agora não ouvi nenhum tipo de anúncio oficial ou participação da senadora e do ex-prefeito no governo de Jackson. Nada que você possa dizer que há um acordo feito entre eles. Mesma coisa com o ex-deputado José Carlos Machado. Jackson tem conversado com Machado, mas tudo não passa de especulação. O que há, na verdade, é muito mais, por parte da imprensa, especulação. Um jogo de marketing que a oposição está sendo esvaziada por Jackson. Já comentaram a possibilidade de o prefeito de Itabaiana e o de Simão Dias estarem aliados com Jackson. Mas eu e o senador Eduardo Amorim fomos dar uma ordem de serviço de várias emendas em uma solenidade em Itabaiana da nossa autoria. Somente eu, mais de R$ 1 milhão em obras de emendas nossas. E o que eu ouvi do prefeito foram críticas duras em relação ao governo. Eles podem até passar a ser aliados, mas oficialmente ainda não são.

Recentemente, o governador Jackson Barreto fez uma reforma no seu secretariado. É possível que o governo, agora, comece a andar como Sergipe espera, e, sobretudo, precisa? 

Jackson fez uma reforma administrativa que mostra mais uma vez a sua irresponsabilidade enquanto gestor público. Se o secretariado era muito ruim – e por conta disso o governo passa por essa crise -, agora, é péssimo. É um secretariado político, sem cuidado técnico. Uma verdadeira barganha de espaços e cargos por entendimentos políticos. Não há um secretariado técnico. Se parar para analisar, eu quero que alguém me diga onde tem um técnico. Isso é muito grave. E olhe que Jackson não pode reclamar em termos de recursos porque o Estado recebeu muito dinheiro final do ano. Só de repatriação entrou no caixa do governo mais de R$ 320 milhões. Fora isso, teve a aprovação da Assembleia Legislativa, que, na minha opinião, foi uma falta de compromisso dos deputados e irresponsabilidade, quando votaram a favor da utilização dos recursos do Funprev para que o governo pudesse se apropriar dos recursos da previdência de  Sergipe. Estamos discutindo em todo Brasil um momento muito difícil que estamos vivendo na previdência. Aqueles que votaram a favor tiveram um ato de irresponsabilidade com o Estado de Sergipe e o Fundo de Previdência dos nossos servidores. Jackson teve mais de meio bilhão e as coisas em Sergipe não acontecem.  A Saúde Pública está na UTI, os índices de Educação são de péssima de qualidade, o mapa de violência anunciado ano passado mostrou que Sergipe foi o estado proporcionalmente mais violento do Brasil. Uma coisa que era difícil imaginar, há 15 anos, que a gente poderia, nos tempos de hoje, ser considerado o estado mais violento. Somente Itabaiana, mais de 160 homicídios. Isso é um absurdo num estado pequeno como o de Sergipe – e que geograficamente é muito mais fácil de ser monitorado, patrulhado do que muitos outros estados da federação. Mas é um estado que não tem planejamento e uma aplicação correta dos recursos destinados à Segurança Pública.

Não tem planejamento?

Não. O estado passando por essa crise, servidores com os salários em atraso, mesmo o Estado recebendo tantos recursos. De qualquer maneira, o governador tira o foco do desgaste da sua administração, promovendo ações políticas e fazendo com que parte da nossa imprensa deixe de discutir o que verdadeiramente interessa para o povo sergipano. Fica somente na discussão que Jackson pode levar Adelson Barreto, Machado, Maria, João. Ele pode levar tudo isso, mas o desgaste do governo dele está ficando cada vez mais acentuado. O desgaste da sua gestão é fácil de comprovar.  Quem anda no estado, como eu ando, percebe que o desgaste do governo dele é muito grande. Temos dados de consumo interno de alguns municípios, inclusive Socorro, que o desgaste do governo chega a 75%. Muita rejeição. Simulações que nós temos de opinião pública de possíveis candidaturas de seus aliados ao Governo do Estado e ao Senado mostram que estão pessimamente avaliados, inclusive o próprio governador. Por isso que estamos tranquilos, fazendo o nosso trabalho, percorrendo Sergipe. Eu, o senador Amorim, o senador Valadares e o deputado Valadares Filho visitamos vários municípios nesses últimos dias – e o que estamos encontrando é uma esperança muito grande das pessoas por onde temos passado de uma mudança em Sergipe. Não adianta ter as lideranças se não tem o povo. Não adianta ter o agrupamento político se não tem a opinião pública. Não adianta prometer pra frente o que não está fazendo agora. No momento certo, daremos a resposta.

Voltando ao secretariado, o governador passou o pito nos auxiliares. Quer empenho total… 

O pito Jackson deu para secretários vestirem a camisa, mas isso depende muito do gestor, que é o governador. Se o próprio governador não está preocupado com sua gestão e com o estado que ele foi eleito para governar, isso é enxergado pelos seus auxiliares. Quando você coloca auxiliares que têm somente a veia política, que não estão preocupados com o futuro do estado, somente com seu futuro político, é difícil, porque cada um faz pensando em si. Não tem um secretariado que pense Sergipe. Tem secretário que pensa por si e politicamente. Isso é muito ruim. Não estou criticando que tenham secretários políticos em determinadas áreas. Tem que ter uma mescla entre o técnico e o político, mas não pode ser somente político e sem compromisso, porque quando se é político e tem um compromisso maior com o projeto, veste a camisa, é diferente. Mas quando o líder maior não empolga seu governo, imagine quem está abaixo dele?

E qual o perfil deste secretariado político formado por Jackson?

Ele formou um secretariado de amigos que não têm mais “tesão” com a coisa pública. Velhos, cansados, ultrapassados, preguiçosos, que dormem até tarde. O governo de Jackson tem de tudo. Secretários que não contribuem com nada na gestão. Alguns ficaram insatisfeitos, outros ficam por conveniência, outros por necessidade, porque não tem pra onde ir. Agora ficar por competência, porque está antenado, esse não tem.

Valmor Barbosa não é um exemplo de que há bons quadros no governo Jackson Barreto?

Valmor é um bom secretário, um bom técnico, um secretário que realmente faz jus ao espaço que ele ocupa. Tem postura, visão, mas não faz milagre. Não pode fazer milagre num governo desse, que não tem compromisso com as obras públicas.O Proinvest foi aprovado em 2013. Já estamos em 2017 e as obras não acontecem, com recursos carimbados. Eu queria que alguém me dissesse onde estão as obras do Proinvest. Nenhuma das obras importantes saiu do papel, e as que saíram estão paralisadas. Um exemplo é a Rodovia que liga Pirambu a Foz do São Francisco, a que liga Itabaiana à Itaporanga. É o estilo do governo de Jackson: devagar quase parando. É difícil encontrar um secretário que se possa elogiar, que dê resultado positivo. Você não vê o governo de Jackson divulgando o seu governo. Vê sua Secretaria de Comunicação divulgando política. Que eu saiba uma Secretaria de Comunicação é para mostrar as ações, e principalmente as ações e os pontos positivos desse governo, e os pontos positivos você não vê. Não vê índice positivo na saúde, que teve o menor índice de mortalidade, não vê da mesma força da educação, da segurança. Vamos fazer uma retrospectiva do que é divulgado pelo governo e me mostre o que foi divulgado de positivo, nos últimos anos. Nada. Se a Segurança Pública mostra Sergipe como estado mais violento do Brasil, se é a questão penitenciária mostra Sergipe como um dos quatro estados com risco de ocorrer rebelião. Se é a Saúde Pública, as pessoas estão morrendo por falta de assistência. Se é na Educação, você não vê um índice positivo. É difícil dizer que Jackson tem um secretariado eficiente. Pode até ter um secretário bem intencionado, como é Valmor, mas engessado. Eu vejo o governador inaugurar obras de pequeno porte que não tem impacto. Você vê Jackson num povoado de 20 mil habitantes inaugurando um sistema de água. Não é que não seja importante, mas é um engodo porque a prefeita Lara (de Japaratuba) está terminando uma obra para levar água à população. Diga uma só obra de Jackson marcante, que vai ficar para as futuras gerações?

O deputado André Moura não enxerga nenhuma obra do governo Jackson Barreto?

Eu não conheço uma grande obra inaugurada por Jackson. Uma grande escola, um hospital, uma rodovia. O Hospital do Câncer, o que a gente viu foi mais um jogo de marketing de Jackson. Na eleição de 2014, ele fez uma projeção virtual das pessoas entrando no provável hospital e fez uma festa, ordem de serviço, divulgação na imprensa, durante a campanha botou as máquinas para fazer terraplanagem, e não aconteceu nada. Nós dizíamos na época que aquilo era mais uma enganação de um cidadão que não tem palavra, não tem caráter, que mente descaradamente e que pra ele é brincadeira. Mente e fica por isso mesmo e pra ele é natural. A terraplanagem foi feita, mas a obra não aconteceu e hoje não tem nada. O dinheiro que foi gasto na terraplanagem não tem mais. É um governo que não tem nada, vazio. É igual às intenções dele, vazias.

O senhor fala em mentiras, brincadeira, intenções vazias… Jackson é menor que o cargo de governador?

Ele é menor em tudo do que o cargo. É menor administrativamente, nos atos, na postura de governador que ele não tem. O cargo está muito maior do que ele. Ele é pequeno nas ações, na postura.

Este tipo de coisa chega a Brasília e dificulta a vinda de recursos para Sergipe?

Jackson faz uma agenda de audiências em Brasília. Aí vai e tira fotos com os ministros. Mas me diga o que ele fez de positivo para Sergipe com essas fotos todas que fez com os ministros para tentar mostrar um prestígio que não tem? Eu mais do que ninguém posso falar. Ele acha que quem está em Brasília não sabe que ele dizia em Sergipe, que confiava em Dilma, que o PT não tinha praticado corrupção no Brasil, que não houve petrolão, Lava Jato, que Temer deu um golpe… Ele acha que quem está lá recebe ele com bons olhos? Receber, até recebe, mas efetivamente o que se torna realidade para Sergipe? Nada. Jackson tenta enganar, mas tem zero de prestígio. Eu garanto que a cada um real que ele botou aqui do Governo Federal eu botei 10. Só para os municípios sergipanos ano passado eu liberei R$ 54 milhões. Diga R$ 1 real que ele liberou? Ele foi a Brasília e trouxe o que de concreto? Jackson é uma capa vazia, oco por dentro. Se fosse só ele, tanto faz tanto fez, mas isso é o resultado da gestão dele. O que você vê são desmandos. Não é por falta de recursos, veja quanto entrou de recursos na Fundação Hospitalar. Veja quanto saiu para ser aplicado na Saúde Pública em serviço de qualidade. Veja quanto saiu de corrupção e desvio de dinheiro.

Gostou da nomeação do ex-senador Almeida Lima para a Secretaria de Saúde?

Eu costumo dizer que dou a César o que lhe pertence. Eu tenho Almeida como um bom prefeito. É muito cedo para fazer avaliação. A Secretaria de Saúde já elegeu alguns deputados federais… Dizem que a intenção é Almeida ajudar algum aliado do governador para tentar ser deputado federal. Quem sabe? Seria lamentável usar uma secretaria, se for realmente. Mas temos que dar o tempo necessário para Almeida dizer a que veio, acho que ele foi um bom prefeito, um bom gestor. Eu tive a oportunidade de acompanhar o mandato de Almeida, enquanto senador, e ele pode naquele momento ajudar muito Sergipe.

O então senador Almeida Lima demonstrou ter bem mais prestígio que o então deputado federal Jackson Barreto, não concorda?

Almeida no tempo dele? Mil vezes mais do que Jackson. Jackson nunca teve prestígio em Brasília pra nada. Quem viu Jackson em alguma grande discussão em Brasília enquanto deputado? Quem já viu Jackson participar de um grande debate em Brasília? Quem já viu ele ser citado na grande mídia nacional? Almeida não. Não é à toa que ele foi eleito presidente da Comissão de Orçamento, e ajudou muito Sergipe naquele momento. Ajudou Japaratuba… Espero que Almeida acerte. Eu não torço para quanto pior melhor. A saúde é essencial e espero que ele torne a política de saúde pública de Sergipe eficaz. Espero que ele não faça política com a saúde de Sergipe em detrimento da gestão. Mas é muito cedo para avaliar. No momento certo, faremos a análise.

André Moura pode disputar a eleição para governador do Estado, em 2018?

Quem faz política de grupo, como eu faço, tem que estar à disposição do seu agrupamento para o que for convocado. Se me perguntarem a que eu sou pré-candidato, eu digo que a reeleição (deputado federal) porque eu acho que ainda está cedo, mas no momento certo vamos sentar, discutir com o agrupamento para ver quem são os melhores nomes para formar a chapa majoritária. Tudo isso tem seu mento e no momento certo faremos essa avaliação e tenho certeza que, acima de tudo, o pensamento de grupo vai falar mais alto. Aquele que nós entendermos que reúne as melhores condições para ser o candidato a governo do grupo, será. Se entenderem que André deve ser candidato à reeleição, eu serei sem nenhum tipo de frustração. Entendo que a Câmara Federal é um espaço de política que é importante para contribuir com a melhoria do Brasil, de Sergipe e dos municípios sergipanos como nós temos feito. Eu tenho muito orgulho de ser deputado federal de Sergipe. Em Brasília existe muita discriminação quando você vem de um estado pequeno, do Nordeste, apenas com oito deputados, porque normalmente os grandes espaços são representados pelo Sul e Sudeste, e conseguimos quebrar isso, fazer um bom trabalho, ser destaque na Casa nacionalmente. O que a gente fala hoje tem repercussão, as grandes matérias sempre passam por nossa discussão. Pra mim não seria nenhum tipo de frustração se o caminho for ser candidato à reeleição, me dedico, hoje, para fazer um bom mandato e acima de tudo honrar o estado de Sergipe.

Modificado em 05/02/2017 10:34

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