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André Moura e a obrigação de persuadir que não é corrupto

Por Joedson Telles

Sabe aquele lugar comum que reza que uma mentira dita e repetida várias vezes “se torna verdade”? E o que dizer de uma verdade ratificada a exaustão? Agora, pense que, de uma forma ou de outra, a informação acossa negativamente um político, que, como tal, respira voto e precisa ter uma boa imagem junto ao eleitor, sob pena de ser sepultado politicamente. Dá pra imaginar o drama do deputado federal André Moura, cuja honestidade vem sendo colocada em xeque, nos últimos anos?

Seja na forma mais grave, quando o juiz Rinaldo Salvino do Nascimento o condenou, há alguns meses, entendendo que ele causou um dano de R$ 1,4 milhão ao patrimônio público, inclusive, o definindo como um “autêntico ficha suja” ou na mais recente revelação, agora com o doleiro Lúcio Funaro acusando-o de fazer parte de uma suposta lista de corruptos liderados pelo presidiário Eduardo Cunha, André está na parede.

Não há martelo batido: André Moura é ladrão e ponto final. Nada disso. Estamos num país onde todos são inocentes até que se prove o contrário. Não canso de repetir. E André está tentando se defender. Todavia, também estamos num país onde se julga, assustadoramente, de forma açodada e sem a legitimidade que só o Judiciário tem para julgar. Denúncia é confundida com condenação.

André Moura pode não conseguir provar que é inocente e ser obrigado a se despedir da vida pública. Encarar pesadelo ainda pior… Mas pode também conseguir provar inocência – não só em relação à sua polêmica gestão na Prefeitura de Pirambu, mas também nesta história do doleiro que ultrapassa fronteiras sergipanas. Mas e daí? Ainda que seja inocentado, terá tempo de encarar as urnas limpo e persuadir? Ter o discurso que foi injustiçado este tempo todo? A eleição é dentro de um ano e a Justiça é morosa…

Nas últimas eleições, antes, portanto, de o juiz o definir como ficha suja e do doleiro lhe jogar no bolo da desonestidade do Cunha, Aracaju assistiu ao prejuízo eleitoral que o então candidato a prefeito de Aracaju, Valadares Filho, teve, simplesmente, porque o adversário, Edvaldo Nogueira, disse ao eleitor que André Moura fazia parte do projeto Valadares Filho. E as pesquisas internas não param de confirmar a rejeição que tem o nome de André, quando ventilado para uma disputa do Governo do Estado.

Aliás, o próprio André Moura sabe tanto disso, vela tanto esta segura informação que não ousa sequer colocar seu nome como pré-candidato a governador, mesmo com uma suposta base eleitoral robustecida pelos recursos que vem conseguindo para Sergipe pela sua intimidade com o presidente denunciado Michel Temer. André tem a faca, mas sabe que o queijo depende de melhorar muito a sua imagem junto ao eleitor. Esperto, opta por aceitar seus limites e fala numa reeleição à Câmara Federal.

O problema, perceba, é que, mesmo que resolva sua vida na Justiça e não fique inelegível, André precisa, e já disse isso neste espaço muito antes de o Funaro se levantar, de um marketing profissional capaz de persuadir o eleitor sergipano que ele é honesto. Que tudo não passa de um mal entendido ou de uma perseguição política. Que ajudou Sergipe e pode ajudar mais.

Até hoje, este marketing não existe. Não adianta passar manteiga, tentando não contrariar seja lá por qual motivo… Comigo, não. Não engano o internauta. Não escondo o que penso. Sou jornalista. Não sou desonesto. André já está condenado como ladrão para muitas pessoas, mesmo que não tenha um veredicto neste sentido.

O líder de Temer tem a missão urgente de não só provar no fórum adequado sua inocência, mas também, pra ontem, persuadir o eleitor que é honesto. Que é do bem. Mostrar o que já fez de bom por Sergipe. É imperioso ao seu projeto político. Hoje, uma grande fatia do eleitorado pensa igualzinho ao juiz Salvino. Alguma dúvida é só olhar as pesquisas.

Modificado em 24/10/2017 06:07

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