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Ana Lúcia ajuíza que há políticos com crise de identidade que chegam a “dar piti” com sua postura

Ana Lúcia: reparos

Por Joedson Telles

A deputada estadual Ana Lúcia (PT) rechaçou declarações do ex-deputado federal pelo PT, João Fontes, postadas inicialmente no Blog do Joedson Telles, e, posteriormente, nas emissoras de rádio. Segundo Ana, quem tem tradição e bastante experiência de mudar de posição ao sabor das conveniências é o próprio João Fontes. E o resultado dessa trajetória marcada por profundas contradições o fez perder gradativamente a credibilidade em Sergipe. “Vez por outra João Fontes elege um tema para tentar voltar à mídia de forma sensacionalista, sendo que dessa vez a escolhida para ser atacada fui eu. Honestamente, eu não estou preocupada com o que ele diz ou deixa de dizer quando me ataca, pois as pessoas conhecem a mim e a João Fontes, portanto sabem discernir quais são os intuitos de suas ilações. Quem tiver disposição para dedicar 10 minutos do seu tempo para fazer a análise do discurso dele, facilmente vai matar a charada e vai descobrir a serviço de quem ele está na atualidade, mesmo ele mudando tanto de lado na política”, respondeu. A deputada fez outros reparos na entrevista do ex-petista:

 

Aliança com Jackson Barreto os irmãos Amorim

“Em Sergipe quem já esteve em todos os palanques e já atacou a todos os políticos foi João Fontes. A minha relação política com o governador Jackson Barreto está associada ao meu irmão e à minha família desde a minha juventude. Quando Jackson foi candidato a governador ou quando decidiu apoiar candidaturas do PT, eu fiz a defesa nos encontros deliberativos do partido para que marchássemos juntos, antes mesmo que existisse a corrente petista Articulação de Esquerda. Nas eleições de 2010, a esquerda petista em Sergipe, onde atuo politicamente dentro do PT, posicionou-se contra a aliança com o grupo dos irmãos Amorim, votou contra nas reuniões do diretório estadual e na convenção, sendo que fomos derrotados porque a nossa posição era minoritária. Eu e o companheiro Iran Barbosa fomos os únicos que não tivemos no nosso material de campanha qualquer referência ao senador Eduardo Amorim. Eu tenho sido uma das poucas vozes a questionar publicamente o histórico de vida do Edivan Amorim e os reais objetivos da candidatura do seu irmão ao Governo de Sergipe.”

 

Posição sobre uma possível aliança entre o PMDB, o PT e o DEM

“Eu apenas tenho sido porta voz de uma posição coletiva de todos os petistas que pertencem ou simpatizam com a tendência que faço parte, a Articulação de Esquerda. Nossa posição e postura sempre foram bastante claras e sem margem para dúvidas: defendemos o estrito cumprimento das deliberações nacionais do PT que proíbem qualquer aliança com o Democratas, PPS e PSDB. E não somos contrários por uma questão de birra ou algo parecido, mas por princípios políticos, por ideologia, por compromisso com a nossa história e com o que acreditamos. A nossa trajetória é o oposto da trajetória do DEM e de João Alves. Além disso, aqui em Sergipe, mesmo João Alves e o DEM cada vez mais isolados, onde os seus antigos apoiadores estão sendo cooptados pelas novas oligarquias que estão sendo gestadas, o DEM e o PSDB representam nacionalmente posições políticas neoliberais que combatemos todos os dias nas lutas da classe trabalhadora. Os aliados do Prefeito de Aracaju representam as oligarquias municipais que, durante anos, mandaram no Estado. Oligarquias que, desde os primeiros anos, o PT sempre combateu em Sergipe. Enfim, essa é a posição da Articulação de Esquerda, que estamos debatendo dentro do partido, afinal no PT todas as decisões são tomadas de forma democrática. E caso a nossa posição seja derrotada internamente, a nossa tendência também já decidiu: não estaremos no mesmo palanque em que tenha alguém do DEM. Na posse coletiva das novas direções do PT Sergipe, ocorrida no último dia 24 de fevereiro no Iate Clube, em nome da militância da Articulação de Esquerda, expressamos o apoio à pré-candidatura à reeleição do governador Jackson Barreto.”

 

Eliane Aquino responsável por fraudar a própria filiação?

“Essa afirmação de João Fontes, assim como tantas outras, é falsa e visa manipular a opinião pública para jogá-la contra a direção estadual do PT. Portanto, o verdadeiro interesse dele e de outros não é efetivamente Eliane Aquino, pois cada um possui interesses políticos inconfessáveis. Em momento algum eu disse que Eliane fraudou a sua filiação, pois não acredito nisso e ela tem afirmado que sua filiação foi feita no Distrito Federal. Como todos sabem em Sergipe, se tem uma coisa que João Fontes especializou-se foi em difamação, calúnia e injúria. Agora, é fato que houve fraude, registrada no dia 9 de dezembro de 2013 no sistema online – chamado filia web – que insere os dados dos filiados do PT. É fato também que esta fraude contou com a aquiescência do ex-secretário estadual de organização do PT, Evandro Galdino, e do ex-presidente do PT de Aracaju, Usiel Rios, inserindo o nome de Eliane Aquino como filiada em Aracaju com data retroativa a 26 de setembro de 2002. Como Eliane informou, ela foi filiada em Brasília em 1999, e a executiva de Aracaju está aguardando a transferência de sua filiação, que até o momento não aconteceu. O que nunca fiz na minha vida foi conciliar ou silenciar frente a qualquer procedimento que não seja feito corretamente. E, ao contrário do que tentam afirmar, a nossa posição não é meramente burocrática e nem visa desgastar o partido. A nossa posição é de defender e preservar a história do PT. Agimos agora, não aceitando a fraude, inclusive, para o partido não ser posteriormente punido pela Justiça Eleitoral. E mais: não foi Ana Lúcia e nem a direção atual do PT Sergipe que levou esse debate para a imprensa de forma espetacularizada, mas os que almejam a candidatura de Eliane Aquino, pois estes sim, a estão expondo a uma situação constrangedora. A nossa opção era discutir internamente, reservadamente dentro do partido.”

 

“Discurso mais ultrapassado da política”

“João Fontes deve estar desatualizado do que acontece em Sergipe e no Brasil. As manifestações de junho de 2013 colocaram na berlinda as instituições democráticas, os partidos e muitos políticos. Colocaram em xeque, acima de tudo, o sistema político atual. E posso afirmar com tranquilidade que fui a única parlamentar sergipana a participar de todas as manifestações de Aracaju no período de junho e julho do ano passado. Não só fui para as manifestações, como procurei interagir principalmente com a juventude que liderava os atos, fiz a opção de ouvir e caminhar lado a lado silenciosamente e confesso que tenho aprendido muito com esses jovens que aspiram relações horizontais na política e que querem radicalizar novas formas de democracia participativa. Além disso, existem em Sergipe uma meia dúzia de políticos machistas, conservadores, preconceituosos e com crise de identidade que se sentem incomodados com a minha postura ideológica, chegam a “dar piti” porque não aceitam que uma mulher, professora, sindicalista e socialista participe da vida política com combatividade e intervenção direta nos temas que pautam a realidade do povo sergipano. Francamente, eu acho natural que esses políticos que vivem no século XXI com a cabeça no século XVI queiram sempre desqualificar qualquer mulher que ouse se insurgir com as velhas e novas ordens estabelecidas a partir da cultura do capital. Isso, sim, é ultrapassado na política.”

 

O PT e a forma de fazer política

“Entrei no PT e nele permaneço porque é um partido socialista, democrático, popular, que tem uma história de defesa dos direitos da classe trabalhadora. É um partido que tem relação com os movimentos sociais, com os sindicatos, com as populações que historicamente foram oprimidas neste país. Não tenho apego a cargos nem me acomodo em gabinetes. Tanto que a minha opção, assim como a do companheiro Iran Barbosa, foi de rejeitar a aposentadoria parlamentar, pois não somos políticos profissionais, ou seja, iremos nos aposentar com a remuneração igual à de qualquer professor da rede estadual de Sergipe. Política para mim não pode servir para resolver os meus problemas pessoais, dos meus amigos, de aliados ou familiares, pois esse tipo de clientelismo do toma lá da cá eu combato com veemência. Política é, para mim, um instrumento para contribuir com as lutas para mudar a qualidade de vida das pessoas e transformar a realidade estrutural do nosso estado e do nosso país. Aprendi isso ainda na minha juventude com o meu irmão, o poeta comunista Mario Jorge, com o companheiro Diomedes Silva, com tantos homens e mulheres que sempre me ensinaram que a militância política é o melhor caminho para mudar a sociedade. Aprendi isso também dentro do PT, que é uma verdadeira escola de formação política do povo brasileiro. O PT, em seus quase 12 anos à frente do Governo Federal, tem dado provas concretas de que é possível construir um país justo. Mesmo com contradições e problemas, próprios de um governo de coalizão, é fato que a vida do povo brasileiro é melhor depois que o PT chegou à Presidência da República. Eu sou uma típica militante do PT, que acredita no seu projeto para o Brasil, que defende o cumprimento do seu estatuto e que sofre quando testemunha que alguns filiados não possuem identidade ideológica com o Partido dos Trabalhadores. Por tudo isso, é que me somo a mais de um milhão de brasileiros e brasileiras que constroem cotidianamente o Partido dos Trabalhadores.”

Modificado em 10/03/2014 15:04