Defumada em setores isolados da mídia genuína, a especulação em torno de reunir na mesma chapa majoritária o PT e o ex-deputado federal André Moura é uma daquelas pérolas da política sergipana engendrada na inocência ou na maldade. Sem meio termo.
Não digo com isso que seria impossível a construção da tal aliança para o pleito de 2022. Já foi dito que “política é arte do cão” e não se duvida. Entretanto, em sendo verdade que a ideia vem sendo discutida, afronta, de pronto, a inteligência do eleitor por questões óbvias. Salvo uma amnésia coletiva, arrisco registrar que a chapa estaria fadada ao fracasso.
O eleitor não esqueceu que o destaque do mandato de deputado federal exercido por André Moura (2015-2018), sobretudo por ser líder do governo Michel Temer, foi visto pelos petistas como parte do que definem como “golpe”. Velam que derrubaram a ex-presidenta Dilma Rousseff sem motivos e entregaram o governo ao vice Michel Temer.
O PT não levou em conta que o ex-deputado André Moura, pela sua proximidade com Temer, fez chegar a Sergipe recursos jamais vistos – em se tratando de um trabalho individual. Petistas fizeram e continuam fazendo duras críticas ao então governo Temer, e, óbvio, por tabela, ao seu líder no Congresso, André Moura, que, por sua vez, também já fez várias críticas pesadas ao Partido dos Trabalhadores.
Aí eu pergunto: como chegar, agora, e fazer uma aliança dessa esperando êxito? Qual seria o discurso? O PT teria como convencer o eleitor que acertou ao propagar o “golpe” e, posteriormente, se aliar a um dos “golpistas”? André teria como ser fiel às críticas e ao novo aliado PT? Não vejo como. Daí a inclinação a considerar que não existe fundo de verdade nesta especulação. Só inocência ou maldade.
P.S. André Moura, cujo mandato contribuiu muito para a reeleição do prefeito Edvaldo Nogueira, disse ao Universo, recentemente, que a ideia é permanecer onde está. Creio ser por aí, salvo as tempestades de praxe na política.
Modificado em 27/01/2021 10:40