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Aliados de Jackson buscam espaços na oposição, revela Valadares Filho

Por Joedson Telles

O deputado federal Valadares Filho (PSB) revela, nesta entrevista que concede ao Universo, que há aliados do governador Jackson Barreto (PMDB) mantendo conversas com a oposição e dispostos a trocar de palanque para as eleições 2018. “Às vezes, trocamos algumas ideias, em Brasília, ou aqui em Aracaju. Ainda nada de concreto, mas conversas que demonstram que alguns partidos políticos que fazem parte do governo, hoje, desejam estar com a oposição no próximo ano. São algumas insatisfações, inclusive são colocadas publicamente por esses insatisfeitos”, diz Valadares Filho. O deputado também externa os sentimentos do senador Valadares, no tocante à eleição 2018, faz cobranças ao prefeito Edvaldo Nogueira e comenta a situação do não presidente Michel Temer como também de quem trabalha para blindá-lo frente à denúncia de crime de corrupção. “Aqueles que estão menosprezando a consciência do povo brasileiro quebrarão a cara. A sociedade está muito atenta”, observa.

Até quando o presidente Michel Temer consegue se manter no cargo? Termina o governo?

Eu fiquei muito preocupado com o resultado da última votação em relação à denúncia contra o presidente Temer, quando a Câmara dos Deputados não fez a sua parte que era autorizar a investigação do presidente. Naquele momento, ninguém estava condenando e nem absorvendo o presidente. Estávamos analisando uma denúncia – e a autorização dela para que a Suprema Corte pudesse fazer um julgamento justo e isento, inclusive tinha até a possibilidade de a Câmara, em fazendo a sua parte, autorizando o prosseguimento da investigação, o próprio Supremo não acatar a denúncia.

Houve muita negociação, não?

Sabemos que o governo barganhou muita coisa. Trabalhou com distribuição de cargos, liberação de recursos, que não são necessariamente recursos das emendas parlamentares, e conseguiu passar dessa fase difícil.

Ameaça de retaliação por parte do governo contra quem não rezasse na cartilha?

Houve uma conversação entre as pessoas da base do governo. Quem não votasse não teria o mesmo acesso ao governo, e, consequentemente, isso se torna uma retaliação. Fiquei muito preocupado com a situação da Câmara em não atender à vontade do povo, já que 80% da população brasileira apoiava o prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer, mas isso não foi possível pela vitória que o governo teve na votação. O governo está muito bem nessa questão de convencer parlamentares em matérias do seu interesse.

Até quando?

Eu creio que vindo a segunda denúncia, como é bem provável que aconteça, eu não sei se o Governo terá a mesma força numa segunda votação como teve nessa última. O governo não aguenta sangrar por tanto tempo. Inclusive com o próprio presidente se envolvendo em escândalos, como a gravação do empresário Joesley Batista. Acredito que, numa segunda votação, o governo terá bastante dificuldade, como terá para aprovar a reforma da previdência. O governo não consegue os 308 votos necessários para aprovar a reforma da previdência. Até porque, para arquivar a denúncia, foram 263 votos, e para que possamos aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição são necessários 308 votos. Eu não creio que o governo tenha isso no plenário.

Sente nas ruas que o seu eleitor respalda sua posição?

Completamente. Na semana seguinte à votação, percorri o estado, municípios, bairros da nossa capital e atestei que o eleitor esperava aquilo de mim. Pessoas que confiam e acreditam no meu trabalho e até pessoas que não votam em mim, mas têm o respeito, esperavam por esse comportamento. Um momento histórico como esse, um momento tão difícil que passa a vida pública brasileira na ética, na economia, no próprio combate à corrupção, a sociedade tem acompanhado isso de perto especificamente em relação à Operação Lava Jato. A sociedade esperava isso de mim. Eu não poderia jamais decepcionar o povo de Sergipe e do Brasil. A gente sabia que estávamos sintonizados com a sociedade.

Esse clima pode prejudicar o andamento do Congresso Nacional, neste segundo semestre?

Enquanto o governo estiver nessa situação de fragilidade política, que por mais que tenha tido uma vitória é um governo ainda frágil politicamente, com certa força no Congresso, mas em relação ao respaldo da sociedade é um governo frágil, eu acredito que atrapalha, sim. As incertezas que os brasileiros têm em relação ao futuro desse governo atrapalham. Eu torço para que essa segunda denúncia chegue o mais rápido possível (à Câmara Federal) para que a gente possa tentar aprovar, o presidente ser investigado e, depois dessa fase de investigação, termos estabilidade política.

Se o eleitor respaldou sua posição favorável à investigação de Temer isso quer dizer que, lá na frente, lembrará nas urnas também de quem ajudou a blindar o presidente?

Aqueles que estão menosprezando a consciência do povo brasileiro, nesse momento, quebrarão a cara. A sociedade está muito atenta. Eu fiquei impressionado como aquela votação. Teve uma audiência massiva – até de quem não acompanha muito a política. Eu creio que quem teve um comportamento diferente (leia-se blindando Temer) terá grandes problemas no próximo ano.

Como está a oposição para as eleições 2018, em Sergipe?

Temos demonstrado, através das pesquisas, uma força eleitoral grande com o senador Valadares, com o senador Eduardo Amorim e, na semana passada, inclusive, incluíram meu nome numa pesquisa feita em Aracaju, e assim como os senadores, aparecemos muito bem posicionados. O importante é mantermos essa unidade com a consciência de que o momento, hoje, para a oposição é de muita credibilidade com o povo sergipano. As pesquisas demonstram que os sergipanos enxergam na oposição uma esperança para que a gente possa reorganizar administrativamente o nosso Estado e continuamos conversando. O deputado André Moura vai ter um papel fundamental nesse processo, o senador Valadares, Eduardo Amorim, os partidos políticos, as lideranças. Mas todos nós que fazemos a oposição temos a consciência que esse é o momento de priorizar Sergipe, e não de ficar discutindo candidaturas. É um momento de elaborarmos um projeto significativo para debatermos com a sociedade aquilo que precisamos consertar. Depois vamos juntos debater democraticamente os nomes que possam compor a chapa majoritária.

O momento adequado seria a responsabilidade com os atuais mandatos, agora?

Sem dúvida. Hoje, seria totalmente irresponsável de nossa parte priorizar composições da chapa majoritária. Hoje, temos que estar focados em nosso trabalho em Brasília e em elaborar um grande plano de governo focado no futuro do nosso Estado. O povo espera essa responsabilidade e temos essa responsabilidade. Sabemos que é um momento muito difícil do Estado. Estamos vivendo o pior momento administrativo da história de Sergipe, e isso nos leva a poder ter a perspectiva de, nesse debate com a sociedade, demonstrarmos que a oposição está preparada para consertar os desmandos administrativos que vivemos hoje.

Por questões óbvias, Valadares Filho é o político mais íntimo do senador Valadares. Qual a sua percepção: ele quer disputar a reeleição ou o Governo do Estado?

O senador Valadares quer contribuir com o futuro de Sergipe. Aqueles que também pensam que o senador irá por um desejo individual de ser candidato a uma coisa ou outra estão enganados. É legítimo o senador Valadares, que lidera as pesquisas, fazer parte diretamente das discussões e das composições que iremos aprofundar no momento adequado. É claro que o senador Valadares, pela força política que tem, pela história que tem, terá um papel fundamental em todas as discussões e tem que estar na linha de frente. Mas ele vai fazer isso de forma muito democrática. O senador Valadares não pensa na política individual. Ele tem um compromisso com o futuro de Sergipe – e, para o que for melhor para o futuro de Sergipe, ele estará sempre à disposição. Ele está muito preocupado, muito comprometido em ajudar a consertar tudo isso. A gente tem conversado muito pessoalmente em casa, no Congresso. E quando conversamos, trocamos muitas ideias sobre aquilo que nós da oposição precisamos fazer para termos um grande debate com a sociedade e para que estejamos eleitoralmente muito fortes no próximo pleito em 2018.

Há uma pública insatisfação em governistas que sonham em participar da chapa majoritária. A oposição acolheria estes insatisfeitos?

Sabemos que teremos grandes possibilidades, no próximo ano, quando for o momento de debater a composição de chapa, de atracação de novos aliados, eu não tenho dúvida que vai vim gente que hoje está aliada ao governo para que a gente possa reconstruir Sergipe.

Já há conversa nos bastidores, sem precisar revelar nomes, óbvio?

Sem revelar nomes (risos) tem, sim. Às vezes, trocamos algumas ideias, em Brasília, ou aqui em Aracaju. Ainda nada de concreto, mas conversas que demonstram que alguns partidos políticos que fazem parte do governo, hoje, desejam estar com a oposição no próximo ano. São algumas insatisfações, inclusive são colocadas publicamente por esses insatisfeitos. Mas essas conversas ainda são muito remotas. O que eu possa o dizer é que estamos plantando conversas importantes com essas lideranças para poder colher no futuro.

Uma candidatura do ex-presidente Lula fortaleceria o PT em Sergipe. Isso preocupa a oposição?

Acho que Sergipe sempre soube separar as eleições presidenciais da eleição para governador. Um exemplo é o pleito de 2002, quando Lula foi eleito presidente da República, com toda esperança do povo brasileiro, quem venceu o Governo em Sergipe foi João Alves e não Zé Eduardo, que foi o candidato do PT apoiado por Lula. Isso tudo vai da realidade do momento. As pessoas sabem diferenciar eleição presidencial de eleição para governador. O ex-presidente Lula terá influência nas eleições, mas não será uma influência que decida uma eleição em qualquer um dos Estados.

Mas para ser candidato, Lula precisa pular essa alta fogueira. Conseguirá?

É muito difícil dizer, hoje, se ele realmente será candidato ou não. Eu tenho minhas dúvidas.

Plano B?

Acredito que eles já pensam nisso, apesar de não externarem, até porque isso fragilizaria o grupo deles, mas com certeza eles já trabalham planos B e C.

Quando Valadares Filho olha os problemas encontrados pelo prefeito Edvaldo Nogueira, que os enfatizam nas suas entrevistas, imagina que escapou de uma dor de cabeça daquelas ou queria enfrentá-los assim mesmo?

O Eu acho que o prefeito quando fala isso deveria esquecer um pouco esse assunto – até porque, na campanha, ele dizia que sabia das dificuldades que existiam, mas que iria trabalhar para resolver os problemas administrativos da nossa capital. Que tinha experiência para isso, que não ia ficar se lamentando, mas a gente vê todos os dias em todas as entrevistas justamente o contrário. Ele prometeu fazer a revogação imediata do IPTU e não fez. Prometeu resolver o problema do lixo e se envolveu com o maior escândalo de corrupção da história de Aracaju, como diz o Ministério Público e a Polícia Civil, inclusive com membros da prefeitura, que foram nomeados por ele e estão afastados sob suspeita de irregularidade na licitação do lixo. Temos um prefeito formalmente investigado pelo Ministério Público Federal por suspeita de corrupção eleitoral, às vésperas do segundo turno das eleições de 2016. O prefeito tem toda uma falta de comprometimento constante em reorganizar Aracaju. Ele se apega a bandeira de estar pagando o salário em dia, mas isso é uma obrigação de qualquer gestor. Ele dizia que a gestão passada não fazia, mas era trágica a gestão passada também. Você não pode tirar como parâmetro para melhoria de vida dos sergipanos a gestão A, B ou C. Tem que buscar melhorar a vida dos aracajuanos conforme tem que ser. Existe hoje nas Unidades Básicas de Saúde falta de medicamentos. Não somos apenas nós da oposição que estamos dizendo. O próprio ex-secretário de saúde disse que saiu por divergências administrativas, e denunciou isso. Estamos numa cidade esburacada. Estou falando de serviços básicos, da manutenção da cidade que não estamos tendo. Eu espero que, por ser início de gestão, ele possa rever seus conceitos, possa deixar de ser um prefeito tão frágil politicamente e, consequentemente, deixando sua gestão muito frágil, inclusive por todas as denúncias e envolvimentos na questão do lixo. Muita coisa ainda vai acontecer em relação às essas investigações, tanto a da licitação do lixo quando a da suspeita na corrupção eleitoral. Acredito que ele ainda possa rever seus conceitos, tentar melhorar sua performance, cobrar  da sua equipe uma resposta mais imediata. O que não pode é ficar reclamando da gestão passada e da oposição, que está criticando o governo. Nós da oposição temos essa obrigação de estarmos vigilantes a esse péssimo início de gestão de Edvaldo. Esperamos que ele melhore, mas não ficaremos calados.

O que uma gestão de Valadares Filho já teria feito, nestes primeiros oito meses de gestão?

A revogação imediata do IPTU. A manutenção da cidade que está esburacada. Fazer uma operação tapa buraco competente. Ter as equipes trabalhando em todos os bairros. Distribuição de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde é básico. Vamos ter agora o aumento da tarifa da passagem de ônibus e nem se fala mais na licitação do transporte público. São coisas que para o início de gestão dava para ser feito. A licitação do lixo, e não a renovação do contrato emergencial, como vimos nas vésperas do Carnaval, para que a sociedade não acompanhasse e nem a fiscalização, e deu no que deu. Operação da Polícia, gente afastada e todos investigados até hoje. Eu falei de manutenção, serviço básico e transparência do governo. Se já no início se busca mostrar à sociedade que há transparência na questão da licitação do lixo e do transporte público, isso já daria uma nova roupagem para início de governo. Eu não estou cobrando do prefeito Edvaldo Nogueira grandes obras, apesar de ter recursos para isso. Estamos cobrando que a serviços básicos aconteçam e que uma promessa das várias que ele fez. A sociedade não pode ser enganada assim. Isso é estelionato eleitoral. Já estamos no mês de agosto e nem se fala mais nisso.

A forma que o PSB está fazendo oposição na Câmara tem agradado?

Muito. O vereador Elber Batalha tem feito um trabalho extraordinário, muito atuante, inteligente, preparado, estudioso nos assuntos que envolvem à gestão de Aracaju e tem feito um calo positivo na gestão para que ela possa fazer uma auto-crítica daquilo que Elber tem fiscalizando e procurar corrigir. Da mesma forma, é o vereador Lucas Aribé. Sempre foi um vereador muito atuante, coerente e tem feito uma oposição muito construtiva e seu trabalho tem agradado muito a todos nós que fazemos o PSB.

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