body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

Alessandro propôs disputar o Senado na chapa do PSB no lugar de Henri Clay

“A proposta era que eu cedesse o Senado e fosse para deputado federal”, revela Henri Clay

Por Joedson Telles

Agradecendo aos 109.562 eleitores sergipanos que lhe confiaram o voto na sua primeira disputa eleitoral, o advogado Henri Clay Andrade, então candidato ao Senado, nas eleições 2018, revelou ao Universo, nesta terça-feira, dia 9, que, o delegado Alessandro Vieira, senador eleito pelo partido da Rede Sustentabilidade, propôs disputar a eleição na chapa majoritária encabeçada pelo candidato ao governo do Estado Valadares Filho (PSB). “Eu não quis polemizar durante a campanha, mas houve uma reunião entre Valadares Filho, o delegado Alessandro, doutor Emerson, senador Valadares, eu e Élber Batalha. A proposta, que tanto o delegado Alessandro quanto doutor Emerson fizeram na reunião, era que eu cedesse a minha candidatura ao Senado e fosse para deputado federal para Alessandro ficar no meu lugar ao lado do senador Valadares”, revela Henri Clay. “O senador Valadares foi muito firme e correto em dizer que minha candidatura era irreversível.” A entrevista:  

Qual o balanço que o senhor faz das eleições 2018, com ênfase na sua candidatura ao Senado?

Eu fiz uma campanha limpa, honesta, propositiva e obtive uma votação bastante expressiva: quase 110 mil votos. Foram 109.562 sergipanos e sergipanas que abraçaram o nosso projeto e votaram. Eu hoje tenho a clara compreensão do valor e do tamanho dessa responsabilidade social e também da condição política para qual fui alçado. Essa votação expressiva me levou a ser o segundo candidato a senador mais votado em Aracaju – com 52.303 votos. Isso demonstra que meu trabalho como advogado, há 26 anos, e também como presidente da OAB/SE por três vezes, foi reconhecido. Um trabalho sério, voltado para os direitos sociais. Eu me apresentei nesta campanha como o senador da justiça social, e as pessoas que já me conheciam depositaram o voto em mim. Eu fiquei muito gratificado, saio com a cabeça erguida, com a consciência tranquila e a alma leve, porque honrei a minha história, a minha família e a advocacia. Não me descaracterizei, não traí ninguém, não vendi a minha alma e nem a minha consciência. Provei que é possível fazer política com honestidade, com sinceridade, com propostas – e acho que o erro que eu cometi foi ter me apresentado de forma muito tarde. Eu não tinha essa compreensão da dimensão da política. Eu me apresentei como pré-candidato no mês de junho e depois eu fui perceber que todos os candidatos a senador já eram pré-candidatos há mais de um ano. Isso fez muita diferença. O curto espaço de tempo para levar as propostas a todos. Eu não consegui chegar a todas as pessoas. Teve gente que até hoje não sabe que eu fui candidato. Desde o começo que eu percebi isso e dizia para meus amigos e assessores que me acompanharam nesta jornada que o nosso grande adversário era o tempo, fruto do desconhecimento tanto da minha pessoa quanto da minha candidatura. Assim mesmo conseguimos chegar a uma eleição que saímos de cabeça erguida tanto pelo resultado da votação e principalmente pela minha campanha. Eu entrei e saí com a mesma dignidade. Isso pra mim é inegociável.

O senhor usou muito a frase “não vou vender minha alma para ser senador”. Quem queria comprar sua alma e como queria comprar sua alma?

Eu não me referi a pessoas especificamente, mas para dizer que não negocio meus princípios e meus valores éticos que pautam a minha vida para ser nada, quanto mais senador. Comprar votos, ceder a alianças que não condizem com minha história, meus princípios éticos, provocar fake news, desconstruir imagens, pagar pesquisa falsa, fazer esse tipo de submundo da política. Por falar em pesquisa, está mais do que constatado que pesquisa no Brasil é caso de Polícia Federal. Os erros são grotescos não só em Sergipe, mas em todo Brasil. Veja o caso do candidato a governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC): até uma semana, ele nem apareceu nas pesquisas. Faltando uma semana colocaram ele com 10% e ele foi votado com mais de 40% dos votos. Isso é um escândalo internacional. É preciso passar o país a limpo na seriedade, inclusive com relação aos institutos de pesquisa.

O senhor retorna à presidência da OAB ou continua nas ruas, na campanha de Valadares Filho?

Eu sou presidente da OAB até o dia 31 de dezembro. Fui licenciado para o período eleitoral. A eleição acabou. Esta semana, estou descansando e fazendo uma avaliação do quadro eleitoral da nossa campanha e vou voltar à presidência da OAB. Ainda vou conversar com o presidente interino, Inácio Krauss, que durante esses três meses conduziu a OAB de forma muito competente e leal, e vou combinar o retorno. Eu quero dizer da minha profunda gratidão à advocacia. Faz 20 anos que disputo eleição na OAB e os advogados nunca me faltaram. Nestas eleições para senador, eu constatei que a advocacia em massa votou em mim. Fiquei muito grato por isso. Quero agradecer a todos os eleitores que abraçaram e votaram em mim. Eu sei o tamanho da minha responsabilidade. Agora é seguir em frente. Não pretendo mais disputar mais a eleição da OAB. Compreendi que já cumpri minha missão na Ordem. A partir da conversa que terei, ainda hoje, terça-feira, dia 9, com o presidente Inácio vou me inteirar do que está acontecendo. Sei que existe a possibilidade de três chapas e isso de certa forma não é bom. O que eu puder contribuir para fortalecer a advocacia eu vou fazer neste pleito eleitoral até dia 30 de dezembro. Eu tenho amor pela Ordem. São 20 anos dedicados de minha vida à instituição. Não entrei na política para fazer dela profissão. Eu gosto de advogar, construí meu patrimônio e sustento minha família exclusivamente pela advocacia. Em 2019, voltarei a advogar com todo vigor, mas também tenho a consciência de minha responsabilidade social e, agora, com mais força defendendo a justiça social.

Mas estará na campanha de Valadares Filho?

Eu voltando à presidência da OAB não poderei estar em campanha eleitoral. Votar em Valadares Filho é natural, porque meu partido fez uma aliança programática com o PSB baseada em princípios ideológicos para que a nossa aliança se ativesse contra a reforma da previdência, pela revogação da reforma trabalhista, por uma reforma tributária que desonerasse a classe trabalhadora e contra a privatização, da Petrobrás, Fafen, e de qualquer empresa estratégica de Sergipe. Essas são as bases ideológicas programáticas que fechamos uma aliança. Eu sou totalmente contra o governo de Michel Temer e de qualquer partido aliado deste governo. Se essa pauta se mantiver no segundo turno não tem porque não votar em Valadares Filho. Pedir voto e fazer campanha vai depender da conversa com presidente Inácio.

Henri Clay sai da eleição com alguma mágoa da coligação?

Foi uma campanha atípica. Eu esperei que fizéssemos uma campanha alinhada. O interior demonstrou que não houve uma fusão de campanha. Eu tive uma votação muito expressiva em Aracaju, fruto da minha imagem e do meu trabalho. No interior, minha campanha praticamente não existiu. Eu não tive, por mim mesmo, condições materiais e estrutura para fazer campanha no interior. A campanha que eu fiz com as minhas próprias pernas e meus próprios recursos obtive êxito. Em Socorro, eu fui o quarto mais votado, com mais de 10 mil votos e em Aracaju fui o segundo mais votado, com mais de 52 mil votos. Foi uma campanha de cada um por si e Deus por todos nós. Infelizmente, porque isso não é o ideal. O ideal é que se faça uma aliança e ela trabalhe coletivamente para fortalecer o campo majoritário e o proporcional, mas não foi isso que eu constatei. O que foi acordado não se deu no decorrer da campanha. O empenho poderia ser maior de todos, se tivéssemos uma ação coletiva mais concatenada, se tivéssemos traçados uma estratégia de ordem coletiva, todos nós sairíamos melhor.

O senhor tentou alertar sobre essa frieza?

Eu não tenho a expertise da política. Eu sou advogado. Fui candidato pela primeira vez. Percebi isso do meio para o fim, faltando uns 20 dias, e resolvi fazer uma campanha solo.

Sentiu-se usado dentro do agrupamento?

Eu ainda não completei a minha avaliação. Ainda vou conversar com as pessoas mais próximas, com colegas advogados que deixaram seus escritórios de advocacia para se dedicarem à minha campanha, por quem eu tenho profunda gratidão. São colegas que abandonaram seus escritórios e acreditaram no projeto. Vou avaliar com eles. Muito deles ficaram chateados, até mais do que eu. Eu sou uma pessoa que não sou muito de reclamar. Sou de agir e de assumir minhas responsabilidades pelos meus erros e acertos. Quem quis fazer aliança foi eu e eu respondo pelos meus erros.

O senhor dá razão ao delegado Alessandro Vieira, senador eleito, por ter descartado uma aliança com sua coligação?

O delegado Alessandro Vieira, na verdade, quis participar da aliança. Eu não quis polemizar durante a campanha, mas houve uma reunião entre Valadares Filho, o delegado Alessandro, doutor Emerson, senador Valadares, eu e Élber Batalha. A proposta, que tanto o delegado Alessandro quanto doutor Emerson fizeram na reunião, era que eu cedesse a minha candidatura ao Senado e fosse para deputado federal para Alessandro ficar no meu lugar ao lado do senador Valadares. Inclusive, a primeira palavra que eles disseram nessa reunião foi que a candidatura do senador Valadares era imprescindível para o êxito do projeto político. Isso foi dito na minha frente. O senador Valadares foi muito firme e correto em dizer que minha candidatura era irreversível, porque eu tinha me licenciado da OAB, e que tanto eu quanto Valadares Filho eram candidatos irreversíveis.

O senhor já pode dizer se vai continuar na política partidária?

Eu estou em fase de descanso e avaliação da campanha. Vou voltar agora para presidência da OAB. A próxima eleição é daqui a dois anos. Está muito longe ainda. O que eu sei é que as experiências que eu vivi nesta eleição foram muito ricas. Antes eu entendia e compreendia a realidade do povo carente de Sergipe e hoje eu sinto profundamente o sofrimento dessas pessoas. Eu fiz uma campanha corpo a corpo conversando com todas as pessoas e a carência, às necessidades básicas, a saúde, principalmente, educação, segurança pública e a falta de emprego são fatos que abatem a dignidade das pessoas em Sergipe. Isso me marcou muito como ser humano e eu compreendi que as pessoas que eu tive contato passavam a ver na minha candidatura o fio de esperança. Eu encontrava as pessoas com o olhar perdido, profundamente triste, e ao final das nossas conversas as deixava sorrindo, com um certo olhar do renascer da esperança. Eu sei hoje o tamanho da minha responsabilidade social para continuar esta luta pela justiça social, independentemente de candidatura. Eu sou advogado, gosto do que faço e tenho minha advocacia social. Sou advogado exclusivamente dos trabalhadores, dos movimentos sociais e sindicais. Em 2019, assim que sair da OAB, eu quero me dedicar intensamente e com maior amplitude a advocacia, por justiça social.

Modificado em 09/10/2018 20:23

Universo Político: