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Alessandro não traiu Bolsonaro. Bolsonaro traiu Alessandro

Por Joedson Telles 

Acompanho na Jovem Pan a insatisfação de ouvintes com o comportamento do senador Alessandro Vieira frente questões que envolvem o governo Bolsonaro e ratifico a frustração em relação à independência do parlamentar.

Seja votando contrário, quando não concorda com algum projeto do governo, seja no seu comportamento na CPI da Pandemia, seja quando externa verbos nos microfones do Senado, na imprensa ou nas redes sociais…, Alessandro Vieira não deixa dúvida que age de acordo com a própria consciência, dando de ombros se isso vai desagradar Bolsonaro e seus admiradores.

Os mais devotos do presidente – aqueles que nunca discutem o mérito e apresentam argumentos sólidos, mas buscam sempre desqualificar o contraditório – resmungam o arrependimento por ter votado em Alessandro (se é que votaram). Afirmam que ele não ganha mais uma eleição e o mais curioso: insistem na tese que “Alessandro só foi eleito graças a Bolsonaro e depois o traiu”.

É claro que quem externa isso não tem um só argumento para explicar por que, então, um caminhão de candidatos (em 2018 e em 2020) se declarou Bolsonaro, desde menino, mas não ganhou a eleição. A vitória de Alessandro, creio, está ligada ao sentimento de mudança vivo no eleitor naquele momento e ao seu trabalho como delegado de Polícia Civil. Nada de Bolsonaro.

A paixão tem dessas coisas: cega, expõe, ridiculariza, motiva ações impensáveis. No futebol é romântico. Na política chega a ser irresponsável.

Bolsonaro, assim como todos os políticos que exercem um mandato, merece, evidente, o respeito de todos. Entretanto, não devemos esquecer que é um servidor público bem remunerado e com regalias inimagináveis a maioria dos brasileiros – como os tais cartões corporativos – com a obrigação de servir ao país.

Trivial: um presidente precisa prover soluções para as demandas sociais. Logo, é um empregado público de luxo que deve ser cobrado. Jamais velado como um ídolo. O brasileiro precisa ter este discernimento básico.

E se o cidadão comum tem este dever, esta obrigação consigo mesmo e com o seu país, o que dizer de um senador da República, eleito com, entre outas, a missão de fiscalizar os passos do Governo Federal? Vai dizer “amém” a tudo sob o argumento de ter sido aliado na campanha?

Não apenas Alessandro, mas todos os políticos precisam ter independência, para, tendo o coletivo como foco, apoiar o certo e rechaçar equívocos – sobretudo maldosos. Isso não é trair o presidente: isso é não trair o Brasil.

Neste terreno chamado equívocos, aliás, nem precisamos passear por todas as áreas do governo para dar razão a quem opta pela independência de não comungar. A forma como o próprio presidente lida com a cruel e letal pandemia ratifica com eloquência qual o seu projeto para o país. É um 3 x 4. Corretíssima a postura do senador sergipano. Alessandro não traiu Bolsonaro. Bolsonaro traiu Alessandro.

 

Modificado em 24/05/2021 14:30

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