body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

Alessandro é zero em eficiência e resultado para Sergipe, afirma André Moura

“Eu desafio ele com mandato e eu sem. Se for falar o que fiz com mandato é covardia”

Por Joedson Telles

Neste domingo, dia 1º, o Universo publica a segunda parte da entrevista concedida pelo ex-deputado federal André Moura (PSC), no último dia 15 de novembro. André comenta a situação do deputado estadual Gilmar Carvalho, que bateu à porta do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe (TRE/SE) para deixar o PSC sem perder o mandato. Revela que um diálogo pode colocar o PSC no palanque do pré-candidato à releição, o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PC do B). Afirma que não sabe responder qual o futuro da oposição em Sergipe. Desconhece o senador Alessandro Vieira (Cidadania) como líder da oposição e o convida para o duelo: “Eu desafio o senador, ele com mandato e eu sem, porque se for falar o que eu fiz com mandato é covardia, e vou mostrar o que eu já trouxe para Sergipe. Eu posso até fazer essa comparação. Deixe ele fazer quatro anos de mandato. Ainda é muito recente para ele. Eu posso até perguntar a ele o que ele fez este ano e dizer o que eu fiz por Sergipe fora do mandato”, desafia o ex-deputado e dispara: “O meu estilo de fazer política, de eficiência e resultado, é diferente do senador Alessandro. Ele vai completar um ano de mandato em breve. Eficiência e resultado para Sergipe, até agora zero. Se o mandato dele trouxe alguma coisa para Sergipe, eu estou esperando pra ver. O mandato dele está vivendo de discurso.” A entrevista:

O que houve que o PSC estava praticamente certo de ter o deputado estadual Gilmar Caralho como candidato a prefeito de Aracaju, em 2020, e, de uma hora para outra, Gilmar foi à Justiça Eleitoral para deixar a legenda alegando incompatibilidade?

O partido foi notificado e apresentamos uma justificativa à Justiça Eleitoral. Na justificativa, deixamos claro que não temos problema nenhum em Gilmar sair do partido. Eu já tinha dito a Gilmar, e fiz questão de colocar na justificativa que apresentamos ao TRE/SE: se ele sair do partido não vamos pedir o mandato dele, que é um direito que temos. Não queremos ninguém forçado. Se a Justiça autorizar, que ele saia. Da nossa parte não tem problema nenhum. Do mesmo jeito que ele entrou pela porta da frente, a gente quer que ele saia pela porta da frente, deixando amizades. Eu sou amigo pessoal de Gilmar. Gosto dele como pessoa e respeito a posição dele enquanto parlamentar em querer ser candidato a prefeito. Mas na nossa resposta ao TRE/SE deixamos bem claro que não houve, em momento algum, nenhum tipo de incompatibilidade. Ele me colocou isso e eu disse que iria ter que dizer que não houve, mesmo porque fomos o primeiro partido político a se posicionar no processo sucessório da capital. Em março deste ano, fizemos um ato na Assembleia Legislativa para trazer Clóvis Silveira e 42 pré-candidatos a vereador – e, naquele momento, deixamos muito claro, sem arrodeio, que nosso pré-candidato a prefeito era, naquele momento, Gilmar Carvalho. Clóvis quando veio para o partido foi também por conta deste projeto. Tanto é que já trouxe de imediato 42 pré-candidatos a vereador, formando uma chapa extremamente competitiva e que permanece no partido. Mas, em algumas conversas que tivemos com o deputado Gilmar, ele tem um planejamento de campanha, que é natural, e tem que ter uma estrutura. Nós não podíamos, de forma tão antecipada, garantir a estrutura com tanta antecedência, mesmo porque está se discutindo valor do fundo eleitoral ainda. Não tínhamos como assumir este compromisso e não queremos fazer nada diferente daquilo que a gente fez em 2018. Todos, 100% dos compromissos que assumimos em 2018, nós cumprimos. Quem disser diferente é mentiroso. Esse planejamento é necessário ser feito, mas não podíamos assumir esse compromisso. Gilmar abriu diálogo com outros partidos e ele externou o desejo de sair do partido para ir pra outro que tivesse estrutura a oferecer enquanto candidato a prefeito. Eu disse a ele que eu não sou empecilho para o projeto político de ninguém, da mesma forma que eu não quero que ninguém crie obstáculo para um projeto político meu. Discutiu-se a possibilidade de expulsá-lo do partido. Mas expulsão é quando há desentendimento interno, briga. E meu relacionamento com ele é muito bom. Ele também já falou isso em entrevistas. Foi quando ele disse que os advogados dele achavam que o melhor caminho seria ele pedir autorização à Justiça.

Surpreendeu a argumentação de Gilmar Carvalho?

Nós não esperávamos. Estávamos empolgados com a pré-candidatura dele. Já fazíamos planejamento com a pré-candidatura dele, Clóvis montou a estrutura do PSC Jovem, do PSC Mulher para começar a trabalhar a pré-candidatura de Gilmar. Trabalhar que eu falo não é ferindo a legislação, mas abrir o debate, conversar com a juventude, com as mulheres. Os candidatos a vereadores que trouxemos para cá foi para construir em torno da pré-candidatura de Gilmar. Graças a Deus, eles permanecem aqui, independente disso. Mas nosso projeto era a pré-candidatura de Gilmar. Gostaríamos muito que ele permanecesse. Como ele não saiu ainda, gostaríamos muito que ele permanecesse, não mais como candidato a prefeito. A partir do momento que ele pediu à Justiça autorização para sair, isso desestimulou o partido internamente. Hoje, a nossa base interna ficou desestimulada e querendo discutir um outro caminho. Hoje, com o pedido de Gilmar para sair do partido, também nos dá a liberdade de pensar outras pré-candidaturas, até pela argumentação que ele fez. Gilmar é um amigo pessoal, gostaria que ele fosse pré-candidato pelo PSC, mas pela maneira que ele pediu para sair do partido criou um desânimo da turma, que hoje não ventila outra possibilidade a não ser construir um apoiamento a outra pré-candidatura.

Enquanto deputado o senhor ajudou a gestão de Edvaldo Nogueira. Isso pode viabilizar o PSC apoiar a pré-candidatura de Edvaldo?

Não vejo problema nenhum para isso acontecer. É óbvio que isso demanda um diálogo político. Eu me sinto responsável, como tantos outros, pela boa gestão do prefeito Edvaldo Nogueira. Ninguém pode questionar a gestão dele. Quem disser que Edvaldo não faz uma grande gestão em Aracaju não está sendo correto. Lógico que não tem como resolver todos os problemas de uma capital em um mandato, principalmente como ele pegou. Não é nenhuma crítica ao ex-prefeito João Alves, de quem eu também sou admirador – e é outro político ao qual eu sou muito grato, assim como Albano. Mas temos que reconhecer que a gestão dele, enquanto prefeito de Aracaju, não foi das melhores. Edvaldo recebeu uma capital problemática. Alguém pode até não votar em Edvaldo, mas dizer que ele não faz uma gestão eficiente é não querer enxergar a realidade. Amanhã, eu posso até não ser aliado de Edvaldo, mas ninguém vai poder criticar a gestão dele porque estarei sendo incoerente. Eu me sinto parte do sucesso porque a grande maioria dessas obras que estão em andamento foram da minha parceria com a gestão dele, através de captação e liberação de recursos em Brasília. Ele é muito grato e tem esse gesto de admitir. Em várias solenidades, mesmo eu ausente, ele faz o registro. Eu tenho uma excelente relação pessoal com Edvaldo. Se nós sentarmos e for do entendimento dele e meu, e os entendimentos convergirem para que possamos caminhar juntos, sendo bom para Aracaju, como sempre foi nosso entendimento, não tenha dúvida que o PSC pode estar aliado a Edvaldo. Em 2018, muita gente não acreditava quando dissemos que nosso entendimento é por Aracaju. Disseram que quando chegasse a eleição Edvaldo iria declarar apoio a mim, e ele não fez. Nosso entendimento foi por Aracaju. Aracaju hoje. Aracaju hoje é um verdadeiro canteiro de obras graças a nossa parceria. Todos sabem do embate que tivemos, em 2016. Ele era candidato a prefeito e eu apoiava Valadares Filho. Passou a eleição, Edvaldo eleito, e ainda não tinha sido empossado, me ligou com receio de como seria minha reação. Depois sentou comigo e, dali por diante, não olhamos para trás. Não fizemos um acordo político. Fizemos um acordo por Aracaju, como eu fiz pelos 75 municípios. Não tem um que diga que eu não ajudei. Fiz independente do prefeito votar em mim ou não – e desafio um que diga que para ajudar o município André perguntou antes se votava com ele. Tive o reconhecimento da maioria dos prefeitos. O prefeito Chico de Glória, eu também ajudei. Ele não foi ingrato por não ter votado em mim porque não fizemos acordo. Chico é meu amigo pessoal e é do PT. Eu gostaria que Edvaldo tivesse votado comigo, mas ela tinha uma posição e eu respeitei. Não tínhamos acordo. Por isso que eu posso sentar com ele em qualquer lugar, e se for o entendimento nosso construir um caminho novo.

Como avalia a oposição, hoje?

Nós saímos de um resultado eleitoral muito ruim para a oposição, principalmente nas candidaturas majoritárias. Perdemos tudo. Eduardo e Valadares Filho perderam para o governo. Eu, pastor Heleno, o ex-senador Valadares perdemos para o Senado. Algo de errado existiu. Se foram erros individuais, todo mundo tem seus erros, mas houve, principalmente, o erro coletivo. Não entender que a divisão da oposição facilitaria a vitória ao governo. Matemática é sempre uma ciência exata. Se você somar o percentual de votos de Valadares Filho e de Eduardo Amorim no primeiro turno, ficaríamos no empate técnico com Belivaldo. A mesma coisa para o Senado. Esse erro ocorreu porque a palavra da política é o que vale. Política não se faz com um documento assinado. Eu aprendi com meu pai que você pode até não dar a palavra, mas, se der, cumpra. Se tiver arrependimento depois, problema seu. Nós demos uma palavra, em 2016. Aí não vale mais nenhuma crítica porque já foi superado. Tenho uma relação muito boa com Valadares Filho. Onde eu o encontro eu converso com ele. O próprio senador Valadares esteve em Brasília, eu estava lá e fiz questão de cumprimentá-lo. Podem até dizer diferente, mas apoiamos eles, em 2016, e o compromisso deles foi a retribuição ao nosso agrupamento, em 2018, coisa que não aconteceu. Naquele momento, o senador Valadares estava disparado nas pesquisas para o Senado. Eu estava lá em baixo, e ele entendeu que, naquele momento, nós tínhamos que apoiá-lo. Esse, entre vários outros, foi o fator principal para a derrota da oposição. Se tivéssemos unidos, eu acho que ganharíamos a eleição. Eu até me considero vitorioso porque eu perdi a eleição, mas entre aqueles que se colocavam como favoritos eu ganhei dos dois. Tive mais voto que Jackson e que Valadares. Mas, derrota é derrota. É preciso se reposicionar – e a oposição vai se reposicionar. Não sei se para ficarmos juntos. Não houve nenhuma sinalização nesse sentido.

O senador Alessandro Vieira ocupou esse espaço? É o líder da oposição?

Não. De jeito nenhum. Quem é que o senador Alessandro lidera? Para ser líder, tem que liderar um agrupamento político com deputados, prefeitos, vereadores… Podem dizer que a nova política não é assim, mas líder de agrupamento é também assim. Eu acho que o senador Alessandro e Eduardo Amorim, em 2010, foram os senadores que foram os mais votados na história de Sergipe. Alessandro tem um papel a cumprir. Para liderar a oposição tem que liderar aglutinando. Ele lidera o agrupamento dele, o ex-deputado federal Valadares Filho lidera o seu agrupamento, o senador Eduardo lidera o dele, eu lidero o meu. Se você tira o governo, o resto é oposição. Se falar que A, B ou C lidera a oposição, não existe. O senador Alessandro lidera o agrupamento dele. São vários núcleos de oposição.

O senhor deve ter lido uma entrevista que Alessandro Vieira concedeu ao Universo na qual diz que o senhor fez parcerias com gente que está na cadeia. Como recebeu essa declaração?

O meu estilo de fazer política, de eficiência e resultado, é diferente do senador Alessandro. Ele vai completar um ano de mandato em breve. Eficiência e resultado para Sergipe até agora zero. Se o mandato dele trouxe alguma coisa para Sergipe, eu estou esperando pra ver. O mandato dele está vivendo de discurso. Nada contra o estilo dele de fazer mandato. CPI da Lava Toga, impeachment de ministro do STF… esse discurso é muito bom. E para Sergipe, isso traz o quê? O que foi que o mandato dele trouxe para quem o elegeu? Ele é senador para legislar pelo país, mas também é senador por Sergipe. Ele não é senador de outros estados. Eu quero saber o que foi que o mandato dele trouxe para Sergipe. Eu não faço política com quem está preso. Quem está preso que pague pelos erros que cometeu. Quem está preso, e que eu tive a oportunidade de institucionalmente, e de forma republicana, conviver, não tenho envolvimento e nem respondo a nenhum processo junto com eles. Ele não deve estar preocupado comigo. Se eu faço a nova ou a velha política. Ele tem que estar preocupado em prestar contas ao povo sergipano do mandato dele. A responsabilidade dele é muito grande. Maior do que a de qualquer outro, pela votação que ele teve. Até agora, o mandato dele, para Sergipe, não está valendo a pena. Eu perdi a eleição. Minha parte por Sergipe eu já fiz e continuo fazendo como eu posso, em Brasília. Eu desafio o senador, ele com mandato e eu sem, porque se for falar o que eu fiz com mandato é covardia, e vou mostrar o que eu já trouxe para Sergipe. Eu não sou nada, perdi o mandato, respeito a vontade do povo. Nunca reclamei de ter perdido a eleição. Eu tenho que fazer minha meia culpa e corrigir, se eu quiser permanecer na política. Não quero nem comparar o mandato que eu exerci, como deputado, com o mandato dele de senador. Eu posso até fazer essa comparação. Deixe ele fazer quatro anos de mandato. Ainda é muito recente para ele. Eu posso ate perguntar a ele o que ele fez este ano e dizer o que eu fiz por Sergipe, fora do mandato.

Falta de competência?

Eu não diria que é uma crítica. Estou dizendo que é uma analise real. Estou falando apenas a realidade. Se eu tiver errado, ele prove que eu estou. Na verdade, eu torço pelo mandato dele. Não sei se é falta de experiência dele em abrir portas, não sei se ele é fraco. O certo é que para Sergipe, até agora, não chegou nada. Mas espero que ele possa mudar. Nunca falei nada do senador Alessandro. Quando me perguntam sobre ele, eu sempre o parabenizo pela vitória e sempre disse que torço e espero que ele faça um grande mandato. A verdade eu torço por Sergipe. Eu sempre disse que torço para que, ao final dos primeiros quatro anos de mandato dele, pela grande votação que teve, ele possa trazer mais recursos para Sergipe do que eu trouxe. Essa também é a missão do senador. Discurso é muito bom, mas para Sergipe tem que ter a prática. Sergipe é um estado pequeno e precisa muito da ajuda do Governo Federal. Quando levam R$ 100 milhões de recursos o Rio de Janeiro, é importante. Imagine R$ 100 milhões para Sergipe? O impacto é muito maior. Sergipe precisa muito do Governo Federal, e essa é a missão do deputado federal e do senador. Trabalhar pelo seu estado e trazer recursos, principalmente quando é um estado tão pequeno e tão precisado como Sergipe. Sem dinheiro não se faz nada é isso que ele está precisando ver. Isso não é uma critica. É uma análise. Eu torço que ele traga muito mais do que eu trouxe para Sergipe. O discurso dele para fora está muito bom, mas para quem o elegeu até agora eficiência e resultado zero.

A reprodução desta entrevista – ou parte dela – não está autorizada pelo Universo Político.

Modificado em 13/12/2019 12:36

Universo Político: