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“Afirmam isso políticos e jornalistas preocupados em não serem contemplados no banquete do poder”

Frase é do pré-candidato João Fontes sobre a necessidade de ter o apoio de um grupo forte

Por Joedson Telles

Pré-candidato ao Governo do Estado pelo PTB, o ex-deputado federal João Fontes externou, nesta entrevista que concedeu ao Universo, neste domingo, dia 10, que  não concorda com quem afirma ser preciso o apoio de um grupo político robusto para entrar na disputa com chances reais de vitória. “Quem afirma isso são velhos caciques políticos, jornalistas preocupados em não serem contemplados no banquete do poder e pseudo-analistas políticos presos a uma já superada forma de fazer política que ficou no passado”, diz João Fontes. O pré-candidato ainda denuncia o que chama de movimento articulado contra o seu projeto, argumenta ser o diferencial, faz críticas ao PT e ao ex-presidente Lula e expõe o que lhe distancia do ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho.

Por que a necessidade de reforçar a sua pré-candidatura ao Governo do Estado? Há um movimento contra o seu projeto político?

É evidente que existe esse movimento – e ele é forte e articulado. Afinal, estamos lutando contra grupos poderosos que controlam Sergipe, há muitos anos, e, apesar de estarem aparentemente separados na disputa pelo Governo do Estado, estão umbilicalmente unidos em seus esquemas de ocupação de espaços, divisão do poder e loteamento de cargos. Venho citando uma situação real que mostra que não há verdadeira oposição entre esses grupos, pois Rogério Carvalho tem como primeiro suplente de senador o tio de Fábio Mittidieri, Jorge Mittidieri. Também há acordos entre membros dos dois grupos para assegurar a vaga de novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado para o genro de uma das lideranças de um dos grupos e destinar uma vaga na Assembleia Legislativa do estado para o filho de um outro membro de um dos grupamentos. Assim, fica claro que eles centram suas forças e mobilizam suas armas contra quem represente uma ameaça real ao seu projeto de controle absoluto do Estado, como é o nosso caso. Tenho feito um esforço enorme para que nossa voz chegue a todos os sergipanos, para que eles conheçam minha trajetória de vida e a da professora Denise Leal, minha pré-candidata a vice-governadora, e para que saibam quais são nossas propostas para um estado que, se antes era um dos mais desenvolvidos e pujantes do norte-nordeste, passou a amargar, nas duas últimas décadas, os piores índices em diversas áreas, como no campo da educação, da economia, da segurança pública, do desenvolvimento humano, do emprego e renda, dentre outros.

A questão PTB foi resolvida? O senhor terá tranquilidade para dar sequência ao trabalho?

Estou como dirigente do PTB no estado de forma legal e legítima, não há qualquer insegurança jurídica e conto com integral apoio do Diretório Nacional. A realidade é que o ex-presidente estadual foi destituído do cargo com graves acusações que pesam contra ele e, se houvesse realmente uma insegurança jurídica de que eu continuaria à frente do PTB em Sergipe, não haveria razão para que ele se filiasse a um outro partido na semana passada. Estou absolutamente tranquilo quanto a isso – e a verdade é que recebemos o partido totalmente desorganizado, com muitas dívidas, com prestações de contas pendentes junto à justiça eleitoral, com sede fechada, sem diretórios funcionando regularmente pelo interior do estado. Mas estamos lutando bravamente e empenhados para resolver tudo isso na maior brevidade. Conto com uma equipe de advogados de primeira linha nessa empreitada e em breve estaremos com a casa em ordem para, assim, concentrarmos todas as nossas atenções e forças na construção deste grande, necessário e urgente projeto de resgate do estado do fundo do poço em que o colocaram

O que motiva um político que havia decidido não disputar mais uma eleição mudar de ideia? O quadro que se apresenta não tem sua confiança?

É verdade que eu não pretendia retornar à vida político-partidária, pois não sou dado a participar de conchavos e acordos em que prevalecem interesses pessoais e projetos de poder e enriquecimento como tanto se vê no meio político. Mas decidi retornar à vida pública como uma espécie de missão diante da ameaça presente no cenário nacional e do preocupante quadro visto em nosso estado. Tenho dito que essa minha disposição e coragem nasceram de uma profunda indignação dos que não querem ver um ex-presidiário condenado por vários atos de corrupção e lavagem de dinheiro voltar a governar o nosso país. Neste ano, teremos uma eleição plebiscitária no plano nacional e será fácil escolher entre o capitão e o ex-condenado que saiu da prisão. Em Sergipe, o nosso projeto sairá vencedor na eleição de 2022 e será ele que vai canalizar todo o inconformismo dos homens e mulheres de bem que não aceitam ver Sergipe no fundo do poço, comandado pelo mesmo grupo político formado em 1994 e que governa o estado desde 2007. É esse grupo que quebrou nosso Estado, e vai deixar como legado a segunda maior taxa de desemprego do país, sucessivos números negativos do PIB, um avançado processo de “desindustrialização”, crise na segurança pública e resultados sofríveis de nossos estudantes em exames nacionais e internacionais de desempenho. Estamos perdendo riquezas geradas por nossa citricultura e pela exploração de gás, petróleo e energia. Praticamente, inexiste uma política para o turismo no estado e para geração de emprego e renda. Sergipe merece o novo e sua gente não pode continuar sendo refém de tanta incompetência e descaso.

Por que o senhor acredita que pode ser o diferencial, neste pleito?

Nossa pré-candidatura é diferenciada e tem potencial de crescimento e chances reais de vitória que nenhuma outra tem. Primeiro, minha trajetória e a da professora Denise não levantam qualquer suspeita sobre nossos reais propósitos de chegar ao Governo de Sergipe que é romper com uma inépcia e um parasitismo que vem sugando nossas riquezas e interditando o desenvolvimento. Vamos ter a coragem e a disposição que nenhum outro grupo tem para sanear o estado e impor uma gestão transparente, qualificada, eficiente, que coloque o bem da gente sergipana e o desenvolvimento do estado em primeiro plano. Em nossa campanha, abraçaremos os avanços e conquistas dos últimos tempos implementadas pelo Governo Federal, apesar da grave pandemia enfrentada e de uma guerra em curso. Também apresentaremos um plano de governo construído a partir de uma ampla discussão com a sociedade e apoiado em um preciso e realista diagnóstico sobre quais são os principais problemas e demandas nas diversas áreas do estado. Não teremos um plano mirabolante, fictício, desconectado da realidade sergipana e inexequível, como muitas vezes encontramos tantos por aí feitos por equipes de fora do estado e que são contratadas a peso de ouro.

Há quem diga que é preciso um grupo político – de preferência robusto – para entrar numa disputa pelo Governo do Estado com chances reais de vitória. Como avalia este juízo?

Quem afirma isso são velhos caciques políticos, jornalistas preocupados em não serem contemplados no banquete do poder e pseudo-analistas políticos presos a uma já superada forma de fazer política que ficou no passado. Ora, não há exemplo recente mais forte e impactante que contraria essa tese do que a vitória do presidente Bolsonaro. Ele não contou com uma robusta estrutura partidária, não teve a seu dispor caras equipes de marketing, não fez composições oportunistas e ainda dispunha de um tempo ínfimo de rádio e TV. Como se não bastasse tudo isso, também teve a quase totalidade da classe artística e jornalística do país contra ele e, ainda assim, teve uma histórica vitória. Quando o povo quer e almeja mudança, não há força capaz de conter esse desejo. E o importante é que temos, sim, um grupo forte, articulado e de qualidade, com muita gente boa ainda chegando. Para supostamente dar robustez ao nosso projeto, não precisamos de gente sem compromisso com nosso projeto e nem queremos carregar compromissos obscuros com expoentes desses grupos políticos que aí estão. Por outro lado, também não estamos fechados para dialogar com quem tem propostas marcadas pelo interesse público em uma relação transparente. Quanto as nossas chances de alcançar uma vitória, não temos dúvida de que elas são reais e vão se confirmar. Até podem alegar que se trata de uma outra campanha em um outro cenário diferente do enfrentado por Bolsonaro, mas eu diria que, diante da ameaça do retorno ao poder do ex-presidiário e tudo o que ele representa, como a volta da incompetência na gestão pública, do aparelhamento das instituições e do assalto ao dinheiro dos contribuintes e trabalhadores brasileiros, o povo brasileiro repudiará firmemente essa ameaça nas urnas. O mesmo ocorrerá em Sergipe diante do risco de continuidade desses grupos em que algumas peças até podem ser alternar no poder, mas que fazem parte do mesmo consórcio que levou o estado ao buraco em que se encontra há uma década e meia e tanto sofrimento traz para nosso povo.

Espera uma eleição com debates de ideias voltadas para o desenvolvimento de Sergipe ou num nível rasteiro com agressões verbais?

Sempre espero e estou comprometido com uma campanha propositiva, e não marcada por ataques baixos, por acusações infundadas e levianas e com golpes rasteiros. Mas não podemos nos acovardar no debate público e também precisamos levar ao conhecimento do povo sergipano os desmandos desse grupo, o passivo que eles carregam e um trágico legado de obras mal planejadas e executadas, de desmonte dos serviços públicos, de escândalos de improbidade administrativa, de inchaço da máquina pública com muitos cargos de confiança distribuídos entre apaniguados, etc.

Por que o senhor tem sido um crítico duro do Partido dos Trabalhadores?

Eu conheço as entranhas do PT, partido pelo qual fui eleito e de onde fui o primeiro deputado federal expulso logo no início do primeiro mandato do ex-presidiário. Naquela ocasião, eu já via os arranjos e a estrutura que estava sendo montada para o Mensalão. Se não bastasse a corrupção sistêmica, também foram enviadas montanhas de recursos para abastecer ditaduras amigas pelo mundo, o aparelhamento da máquina pública, o fechamento de milhares de leitos hospitalares no país, etc. A professora Denise Leal, que atua na UFS há 26 anos, fez sua tese de doutorado sobre o caso mensalão, analisando a ação penal 470. Ela passou quase 4 anos do seu doutorado pesquisando as entranhas de uma associação criminosa comandada pelo PT que montou um dos maiores esquemas de desvios de dinheiro público do mundo. Lula foi poupado e o que tivemos? Todo o furor por dinheiro e a rapinagem dos cofres públicos veio ainda mais intensa no Petrolão. Talvez muita gente não saiba, mas um único gerente com um cargo intermediário na Petrobrás aceitou devolver em uma colaboração premiada o valor equivalente ao total de dinheiro que foi descoberto no Mensalão. Um único gerente da Petrobrás! Assim, como não criticar duramente esse partido, como não repudiar suas práticas e sua forma de usar o poder, como não lutar e empenhar todas as nossas forças para que o ex-presidiário, seu grupo e seus sócios aqui em Sergipe não voltem ou continuem no poder?

Sua pré-candidatura é a pré-candidatura de Jair Bolsonaro em Sergipe? O senhor tem essa garantia?

A essa altura, quem tem acompanhado minhas manifestações, sabe que estaremos plenamente comprometidos com o projeto de reeleição do presidente Bolsonaro. Está claro que o Brasil não aguenta nem merece o retorno do lulopetismo que combatemos há mais de 20 anos. O presidente foi meu colega no parlamento durante o período de 2003 a 2007 e tem uma grande simpatia por minha história na vida pública e é um entusiasta da nossa pré-candidatura. Estive com ele há poucos dias em Brasília, quando fui recebido em seu gabinete fora da agenda. Na ocasião, conversamos sobre a conjuntura nacional e expus o cenário em Sergipe, partindo dele a iniciativa para o registro desse encontro. Assim, no momento oportuno, ocorrerá naturalmente o apoio recíproco entre nossas candidaturas no plano federal e estadual, pois está clara a identidade e a força dos nossos projetos. Tudo a seu tempo!

O ex-prefeito de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, estará no seu palanque? Há entendimento neste sentido?

Valmir de Francisquinho me procurou para uma conversa, mas condicionei esse encontro e um possível registro dele a uma declaração pública de apoio de Valmir à reeleição do presidente Bolsonaro, ou seja, disse que só aceitaria publicamente aparecer ao seu lado se ele sinalizasse que irá trabalhar pela reeleição do presidente. Não posso compor uma parceria ou um diálogo político convergente com quem se recusa a lutar pela continuidade do projeto de governo de Bolsonaro, voltado à construção de um país mais livre e próspero, empreendedor, sem esquemas de corrupção e com geração de emprego e renda. Não posso assumir compromisso de, no momento, estar no mesmo palanque do principal dirigente do PL no estado, se ele em um dia está tirando foto ao lado de Rogério Carvalho; no outro dia, está posando ao lado de Edvaldo Nogueira; enquanto no dia seguinte já está de ombros com Danielle Garcia. Não posso dividir palanque com quem está ao lado de todos esses que são adversários do presidente da República e se opõem ao projeto de um governo focado no crescimento do país e na construção de uma vida mais digna para os brasileiros.

Modificado em 11/04/2022 07:37

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