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“A situação seria muito mais drástica se Aracaju tivesse como prefeito Valadares Filho”, ajuíza José Carlos Machado

“Quem sabe no futuro Valadares Filho terá a experiência que João tem hoje?”

Machado: aposta em João Alves

Por Joedson Telles

O vice-prefeito de Aracaju, José Carlos Machado (PSDB), acredita que uma possível candidatura de João Alves (DEM) ao Governo do Estado, em 2018, não seria um problema na relação do prefeito de Aracaju com o senador Eduardo Amorim (PSC). Curiosamente, o juízo vai pela contramão do que têm externado analistas políticos, que enxergam justamente este suposto problema como o fator determinante para o senador Eduardo Amorim não garantir o próprio Machado como candidato a vice-prefeito numa suposta reeleição de João Alves. “Uma chapa majoritária tem dois senadores, um governador e um vice-governador. Não há conflito do projeto dos Democratas com os do PSDB, PSC. O que existe são pontos de vista divergentes, que podem ser resolvidos e eu acredito que vai dar tudo certo”, diz. Aliado mais antigo e amigo do prefeito João Alves, Machado também comenta, nesta entrevista que concedeu ao Universo, na última sexta-feira, dia 2, as críticas que o prefeito vem recendo de adversários pré-candidatos a prefeito de Aracaju.  “Eu estaria preocupado se Valadares Filho estivesse elogiando João Alves. Eu sei que na administração algumas promessas não foram cumpridas. Eu não posso esconder o sol com a peneira. Mas tenho certeza absoluta que a situação seria muito mais drástica se Aracaju tivesse como prefeito Valadares Filho. Não pode comprar a experiência de João com a experiência de Valadares Filho”, acredita. A entrevista:

Machado, então, fica no PSDB?

Depois de pensar muito, eu continuo no PSDB. Eu recebi vários apelos de pessoas aqui de Sergipe ligadas ao PSDB local e de pessoas em Brasília ligadas ao PSDB Nacional. Refiro-me, por exemplo, ao secretário geral do partido, e meu colega, o deputado Sílvio Torres, e ao ex-deputado João Almeida, que hoje é o grande administrador do partido. Foram várias conversas com o senador Eduardo Amorim, com o presidente do partido, Pedrinho Barreto, com Vovô Monteiro, que preside o diretório municipal… Eu entendi, depois de pensar muito, que, diante do momento de extrema crise que nós vivemos, talvez eu tenha um papel importante de reaglutinar esse grupo, que apoiou João Alves nas eleições de 2012, em torno de um projeto que eu considero o melhor para Aracaju.

E a gestão João Alves respalda este projeto?

João Alves fez algumas promessas que não foram cumpridas pela extrema burocracia que domina o serviço público. Vou me referir, por exemplo, ao BRT. Teria que ser implantado servindo Aracaju, São Cristovão, Socorro e Barra dos Coqueiros. O sistema hoje funciona dessa forma. O ex-prefeito Edvaldo Nogueira, antes de sair, fez uma licitação para atender só ao município de Aracaju. Eu não consigo imaginar isso com o sistema de transporte que existe hoje, onde um terço dos passageiros é oriundo de São Cristóvão, Barra dos Coqueiros e Aracaju. Não imagino cuidar de Aracaju esquecendo os demais municípios. Para isso, precisava de uma lei estadual. Aí começou essa discussão. Não houve em momento nenhuma má vontade. O Governo do Estado seguiu os trâmites das leis vigentes. Da mesma forma que a gente tem dificuldade em vencer a burocracia, eles também têm. Mas quase dois anos e meio foram necessários para que o Projeto de Lei, autorizando a criação do consórcio, chegasse à Assembleia Legislativa, e não foi aprovado ainda. Eu espero que até meados de outubro esse projeto seja concluído e aí a prefeitura vai estar em condições para licitar o novo sistema de transporte da região metropolitana de Aracaju. É um excesso de burocracia terrível. Isso não atinge só a prefeitura, não. Atinge o Estado, o Governo Federal. O Hospital do Câncer se cobra, mas ainda está lá se arrastando executando as obras de terraplanagem. Coisas que se faziam em três ou quatro anos, há 20 anos, hoje se leva 10 para se concluir e olhe lá… Eu acho que a reeleição de João Alves é melhor para Aracaju, e João é uma pessoa que tem uma visão extraordinária. Eu disse que Lourival Batista teve a visão de construir hoje a avenida denominada Tancredo Neves há 50 anos. Logo depois de Lourival, João teve a visão de construir uma série de avenidas, entre elas a avenida Maranhão. Durante esse tempo, não se construía em Aracaju nada parecido. Imagine naquela época a importância?  Nós precisamos preparar Aracaju para o futuro e João sem sombra de dúvida é o melhor nome para conduzir esse processo. Eu não tenho dúvida que Democratas e PSDB vão estar juntos em 2018 num projeto para ganhar a presidência da República, mas temos que estar mais juntos, agora, para em 2018 estarmos mais juntos ainda. Eu não recebi essa missão. Eu trouxe para mim por responsabilidade própria. Agrupamentos, ou partidos ou presidentes que votaram em João em 2012 fazem algumas críticas. Isso é natural. Às vezes, as coisas parecem fáceis de serem resolvidas, mas não são. Isso faz parte do processo. Consenso é difícil. Existem opiniões diferentes. Divergências profundas não. Eu estou absolutamente tranquilo. Nós somos 10 partidos. É normal alguém querer indicar o vice. Sempre foi assim. Para que cheguemos a esse entendimento tem que haver consenso. Vamos discutir isso no momento certo. Esse projeto da reeleição de João para 2016 é fundamental para Aracaju para que possa cumprir integralmente as promessas que ele fez, mas, lamentavelmente, por conta de uma série de problemas financeiros e burocráticos não foi possível realizar na íntegra.

O senhor acredita nas análises políticas que repousam sobre um receio que o senador Eduardo Amorim e parte do seu bloco teriam de João Alves disputar o governo, em 2018, e isso seria o fator determinante para o senhor não disputar a eleição como candidato a vice-prefeito? Isso foi discutido?

Não conversamos nada disso. Quando eu falei com as pessoas com as quais eu conversei sobre a decisão de continuar no PSDB, conversei muito com João sobre esse projeto de 2016. Tinham como certo que João saia em 2014 para ser candidato a governador e ele não saiu. Ele pode ser e pode não ser (candidato a governador). Se resolver ser candidato, vamos sentar e conversar. Uma chapa majoritária tem dois senadores, um governador e um vice-governador. Não há conflito do projeto dos Democratas com os do PSDB, PSC. O que existe são pontos de vista divergentes, que podem ser resolvidos e eu acredito que vai dar tudo certo.

Quando o senhor deposita as soluções para os problemas de Aracaju em João Alves não está indo na contramão do que diz, por exemplo, o deputado federal Valadares Filho, que az duras críticas à atual gestão da Prefeitura de Aracaju?

Eu estaria preocupado se Valadares Filho estivesse elogiando João Alves. Eu sei que na administração algumas promessas não foram cumpridas. Eu não posso esconder o sol com a peneira. Mas tenho certeza absoluta que a situação seria muito mais drástica se Aracaju tivesse como prefeito Valadares Filho. Não pode comprar a experiência de João com a experiência de Valadares Filho. Quem sabe no futuro Valadares Filho terá a experiência que João tem hoje? Aracaju precisa de um administrador experiente, capaz de resolver problemas extremamente complexos. Eu digo a João que de todos os cargos que ele já ocupou, o mais difícil está sendo esse. Os administradores anteriores facilitaram muita coisa. Mas não tiveram aquilo que João tem: visão de futuro. Nós temos que indenizar áreas para iniciar as obras do canal da Beira Mar. Serão R$ 7 milhões para construir lagoas. A prefeitura permitiu que as lagoas que existem nessa região fossem aterradas para construção de condomínios de luxo. Foi falta de visão de futuro.

Mas o ex-prefeito Edvaldo Nogueira já disse que João Alves dá desculpas para não trabalhar… Tenta colocar a culpa dos problemas de Aracaju em gestões passadas…

Eu nunca vi João culpar Edvaldo Nogueira por nada. O que se diz com muita clareza é que os dados do balanço de 2012 mostram que Edvaldo deixou um resto a pagar de mais de R$ 100 milhões, e esse resto a pagar foi pago na administração de João Alves. Isso criou dificuldades financeiras. Se ele não pagasse estaria em caixa com R$ 100 milhões. Essas obras que estão aí empacadas por falta de recursos poderiam estar andando num ritmo mais acelerado. Um cidadão meu colega, que foi prefeito no Paraná, criou uma frase inteligente. “Um administrador não deve estar olhando para trás olhando os buracos”. Temos que ter responsabilidade para construir os caminhos do futuro. O Tribunal de Contas já declarou, por meio do conselheiro Clóvis Barbosa, que Edvaldo realmente deixou, em 2012, uma conta de mais de R$ 100 milhões.  Isso tem nos causado extremas dificuldades. Talvez se fosse eu o prefeito no lugar de João não tivesse pago. Talvez adotasse a prática de restos a pagar que até R$ 5 mil pagaria, se fosse R$ 20 mil parcelava de 10 a 15 vezes, e acima de R$ 20 mil parcela de até 40 vezes. Se tivéssemos feito isso não estaríamos nessa dificuldade que estamos hoje. Falta de grana, de recursos. Não temos tido uma ajuda por parte do Governo Federal. Até agora, João Alves não recebeu nada do Governo Federal. Mas o que vem de adversário eu encaro com naturalidade. Edvaldo também é um provável adversário de João em 2016. Eu estaria preocupado se ele estivesse elogiando João.

Caso João Alves seja mesmo candidato, é melhor enfrentar apenas um candidato da oposição ou o grupo do governador Jackson Barreto fragmentado?

Não se pode escolher adversário ou ditar o que eles devem fazer. Temos que arrumar os aliados em torno de um projeto. Se eles vierem com três candidatos vamos enfrentá-los, com dois, se vierem unidos, vamos enfrentá-los. Eu estou absolutamente convencido que minhas ideias vão prevalecer, vamos reunificar o grupo e ganhar as eleições.

O deputado Robson Viana defende uma aproximação entre DEM e PSDB e o PMDB. É possível caminhar ao lado do PMDB de Jackson Barreto?

Em política, tudo é possível. Mas acho muito difícil. Jackson tem uma postura política extremamente contrária à postura política de João. Ele não nega e nem João nega. Quase que acontece um entendimento entre ele e João nas eleições de 2014. Eu acho difícil acontecer em 2016. Jackson vai estar num grupo que tem o projeto de eleger o presidente da República que pode ser do PT ou PMDB.  Dificilmente, Jackson vai apoiar o projeto político do PSDB: eleger o presidente da República. Não adianta fazer união em 2016 para se desunir em 2018. O que avalio é que temos que se juntar em 2016 para estarmos mais juntos em 2018.

A propósito desta aliança que o deputado Robson Viana tenta costurar, do jeito que o Estado está enfrentando dificuldades para corresponder expectativas, o apoio de Jackson Barreto é mesmo um bom negócio?

Eu não consigo pensar nessa possibilidade. A possibilidade que eu vejo é reagrupar os partidos que tiveram na eleição de 2012 para estarmos juntos em 2016. As dificuldades do Estado se não foram maiores que as do município são bem parecidas. Jackson tem um problema de difícil solução que é o déficit da previdência. Fala-se que esse ano pode chegar a R$ 1 bilhão. Nos próximos anos, começam a amortizar os empréstimos que foram tomados. Quanto que isso vai onerar as despesas? Não sei. Mas não será menos que R$ 100 milhões ao ano. É mais do que o Estado investe na Saúde. É um problema complexo, de difícil solução. Apropriaram-se dos depósitos judiciais, isso cria sérias dificuldades no Banese, elevar impostos… Não existem alternativas para resolver definitivamente. Paliativos talvez. Nas despesas, 90% são obrigatórias. Só se pode mexer em 10%. O país está passando por extremas dificuldades. A República como foi concebida é extremamente distorcida. A partilha dos impostos arrecadados nos três níveis é danosa. É boa para o Governo Federal, que fica com 60% do que se arrecada, 25% vão para os Estados e 15%  para os municípios. O problema da Nação se concentra nos municípios e nos Estados. O governo distorce as coisas.  Obriga os municípios a terem o programa de merenda escolar e mandam só 10% das despesas. Criam o programa de creche, entregam aos municípios e eles que mantenham. Cria piso para o magistério e joga para os municípios e Estados pagarem… Rogério Carvalho era secretário de Saúde e anunciou a construção de várias unidades de saúde da família, mas aquilo criou extremas dificuldades aos municípios.

O senhor que já esteve em Brasília como deputado federal: a presidente Dilma terminar o mandato?

Eu acho que termina. O jurista Carlos Brito disse que ela peca em três pontos que são fundamentais. Não sei se configura de forma clara um crime que possa levar ao impeachment. Acho a situação dela muito difícil. Não sei se mudaria se ela viesse a público, pedisse desculpas aos brasileiros e renunciasse. O presidente do PMDB vai continuar com a mesma prática de governo de coalizão, negociar ministérios, que faz o que os partidos querem. Partidos agregam em seu interior a classe política. A classe política onde a grande maioria é incapaz de dar um bom exemplo. A página política de qualquer jornal hoje parece uma página policial. É uma profunda crise política, econômica e moral. Sair desse buraco é muito difícil. Eu no lugar dela renunciaria. Pediria desculpas aos brasileiros, diria que menti muito e iria pra casa.

Robson Viana disse que não surgiu nenhuma liderança nova para disputar o Governo do Estado e que o nome é João em 2018. Não há liderança nova?

Eu fui um dos responsáveis pela aproximação dele com João Alves, e hoje tanto eu quanto João temos pelo Robson um profundo respeito e uma profunda admiração. Ele manifesta isso porque é um sergipano que tem compromisso por Sergipe. Independente de João ser ou não candidato, Sergipe voltar a ser governado por João seria bom. O sergipano não esquece o que João fez nos três mandatos enquanto governador. Você roda em Aracaju e não consegue passar cinco minutos em um automóvel sem uma obra feita por João. Se você percorrer o estado todo não consegue andar meia hora em uma rodovia sem uma obra feita por João. Eu brinco com um adversário quando ele diz que o governo Déda recuperou vários quilômetros de estrada. Difícil não foi recuperar, foi construir, e quem construiu foi João. João está na consciência do sergipano como o homem que transformou Sergipe. Eu estava na posse do vice-presidente do Superior Tribunal Federal, em Brasília, e ele saudou João como o homem que construiu Sergipe. Não foi só João. Outros governadores fizeram sua parte. Mas, sem dúvida nenhuma, o sergipano tem a imagem de João como o tocador de obras, que contribuiu muito para o desenvolvimento de Sergipe.

O senhor sente que João tem pique, tem fôlego para encarar uma campanha em 2018?

Eu espero que o sentimento dele de 25 anos permaneça até 2018, e, se ele resolver ser candidato em 2018, que venhamos a enfrentar as eleições, ganhar e passar quatro ou oito anos trabalhando por Sergipe. Não tenho dúvida nenhuma: seria o melhor nome hoje. Sem tirar os valores de todos que governaram Sergipe, João foi de todos o melhor.  Ele tem um profundo amor por Sergipe, já deu prova de que é capaz e tem condições de fazer muito por Sergipe.

Machado pensa em disputar a eleição em 2018?

Eu sou um político. Em 2018, eu quero estar participando das eleições. Eu quero dar minha experiência para o desenvolvimento de Sergipe. Eu comecei a minha vida política ao lado de João Alves e estamos no mesmo agrupamento. Eu sei as preocupações que norteiam os pensamentos de João Alves, que é servir ao povo de Sergipe. Ele está preocupado com o Rio São Francisco. Isso nos afeta sobremodo. Tudo que ele vem dizendo está acontecendo. Foi ele que com sua audácia, determinação ficou contra o projeto do presidente da República, em 2005, Lula, e isso fez ele perder as eleições em 2006. Um presidente que tinha aqui em Sergipe um candidato a governador que era seu compadre e amigo. Há um mês, João foi à Câmara Federal representando as prefeituras das capitais do Nordeste defender o ponto de vista dos prefeitos na discussão do novo Pacto Federativo.

Modificado em 08/10/2015 07:30

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