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A ideia de CPI que já “nasce” morta

Por Joedson Telles 

Recebo da assessoria do deputado estadual Marcos Oliveira, nesta quinta-feira, dia 1º, um texto informando o seu desejo de abrir uma CPI do Ipesaúde, na Assembleia Legislativa. A ideia é investigar o que o parlamentar define como “rombos milionários na instituição”.

De acordo com o deputado, “em agosto, setembro, outubro e dezembro, do ano passado, um ano eleitoral, o governo fez um aporte de R$ 51 milhões no Ipesaúde para pagamento de fornecedores. E, na hora de fechar a conta, o rombo do Ipesaúde foi de R$49,8 milhões. Aí a conta não fecha nunca”.

Marcos Oliveira diz ainda: “Claro que nós sabemos que o governo tem a maioria aqui na Alese, mas essa CPI não nasceria com intuito político, mas, sim, baseada em critérios técnicos”.

Fica difícil discordar do parlamentar quando ele quer esclarecer os números. Zelar pela coisa pública. Se a história é, de fato, como ele narra, se documentos comprovam o que ele diz, não cabe o silencio cúmplice. Marcos age como um deputado precisa agir, fiscalizando o Poder Executivo.

Entretanto, creio ser muita ingenuidade do deputado achar que, como ele mesmo lembra, sendo minoria na Assembleia, a oposição vai emplacar uma CPI. A menos que haja uma revolta silenciosa na bancada governista, o deputado tenha essa informação e não vazou ainda, esqueça CPI.

Marcos Oliveira peca ainda por afirmar que a tal CPI não nasceria com intuito político. Das duas uma: ou é ingênuo ou acredita na ingenuidade alheia.

Como é que o Ipesaúde vem sendo um dos gargalos dos últimos governadores de Sergipe e uma CPI que cairia no colo de um governador que está no cargo, há cinco meses, não seria política? Poderia até atender às necessidades técnicas, mas que, ainda que não chegasse a lugar nenhum, serviria de pauta para a oposição desgastar a imagem do governador Fábio Mitidieri não há dúvida.

Marcos Oliveira, repito, está no seu papel. Foi eleito deputado e uma das missões do Legislativo é fiscalizar o Executivo. Porém, CPI não é o melhor caminho. Como se diz no jargão político, “já nasceria morta”.

Se quer mesmo jogar luz sobre a grave denúncia que faz, o deputado precisa procurar outros meios. Bater à porta do MPE – ou mesmo do Tribunal de Contas – munido dos documentos que, suponho, estejam em seu poder, e sustentam a denúncia, creio ser um caminho melhor. Não asseguraria uma festa na oposição como uma CPI, mas serviria para que tudo fosse apurado. Se a intenção for esclarecer os fatos fica a sugestão.

Modificado em 01/06/2023 17:28

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