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A frase de Kitty, Venâncio “na tribuna” e a Comissão de Ética

Por Joedson Telles

“Agora é a hora de saber quem está ou não no bolso do governador”. Com esta frase polêmica, a deputada estadual Kitty Lima tentou jogar na parede deputados que não enxergam a necessidade de instauração de uma CPI da Covid-19 também na Assembleia Legislativa de Sergipe. A deputada, contudo, foi, no mínimo, deselegante. Pior: deixou a dúvida: estar no bolso é ter se vendido? Em se tratando de agentes públicos, do dinheiro púbico, é corrupção? Há provas? Deputados estão indignados.

O deputado João Marcelo, por exemplo, afirmou que a deputada Kitty Lima quer, na verdade, um palanque para o candidato a governador pelo Cidadania, em 2022. Ou seja, nas entrelinhas, se refere ao senador Alessandro Vieira e à especulação em torno de uma pré-candidatura sua.

Crítico do Governo do Estado, o deputado Gilmar Carvalho mandou a deputada se respeitar. Disse que ela ainda usa fraudas. Falou que até pode assinar a favor da CPI, em outro momento, mas, agora, sob pressão, não. O Cancão assegurou não temer a deputada publicar uma foto sua nas redes sociais, denunciando sua  posição.

Considerando a frase infeliz, a deputada Goretti Reis observou a importância da coerência e da sensatez na forma de agir, para não cair no descrédito. Salientou ser preciso maturidade no externar e se expressar em momentos de euforias. Aconselhou a colega a pensar no que diz para não agredir ninguém.

Mais duro nas palavras, o deputado Francisco Gualberto vê a frase como um despreparo muito grande, uma leviandade sem tamanho. Entende que a deputada, quando faz acusações sem provas, comete crimes tipificados no Código Penal. Extrapola sua cota de liberdade de expressão e imunidade parlamentar.

Acostumado a cobrir jornalisticamente as sessões daquela Casa, a testemunhar o calor dos debates, confesso ser tomado pelo saudosismo, neste momento: como eu queria o ex-deputado Venâncio Fonseca na tribuna respondendo a frase da deputada Kitty Lima. Difícil seria escolher a melhor frase do pronunciamento para servir de título da matéria. O repertório é invejável. Um pecado Venâncio estar sem mandato…

Reações são salutares quando reparam injustiças. Deputados que não estão no bolso do governo, e até o pronunciamento da deputada Kitty Lima não havia sequer suspeitas neste sentido, têm a obrigação de ir mais além.

Os verbos são importantes, mas as ações são imprescindíveis, sobretudo aos homens públicos. Deputados ofendidos precisam cobrar as provas que sustentariam as palavras da deputada Kitty Lima. A propósito, a Comissão de Ética da Assembleia Legislativa foi criada justamente para momentos desafinados como este.

 

 

Modificado em 28/04/2021 09:22

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