body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

A falta de compromisso permeia as ações de governo Fábio, diz Rogério

“Não seria honesto, em nome de outros interesses, abrir mão do papel de opositor”, afirma

Por Joedson Telles 

O senador Rogério Carvalho (PT) afirma, nesta entrevista que concede ao Universo, neste domingo, dia 10, que a falta de compromisso que permeia em todas as ações de governo Fábio Mitidieri (PSD) colocam o PT na oposição – e assegura que, nesse sentido, existe unidade no partido. “Não seria honesto da minha parte para com os mais de 580 mil eleitores que acreditaram em mim e no programa que defendo, se agora eu, em nome de outros interesses, abrisse mão do papel de opositor a isso que está aí”, diz. O senador ainda defende uma candidatura do PT à Prefeitura de Aracaju, em 2024, e avalia que a CPMI do 8 de Janeiro elucida os atos criminosos contra a democracia.

A CPMI do 8 de janeiro está correspondendo às suas expectativas?

Sim. Acho que estamos tendo a oportunidade de elucidar os atos criminosos contra a democracia que foram perpetrados e que culminaram com os eventos do dia 8 de janeiro. A cada depoimento, os questionamentos feitos aos personagens convocados, fica muito claro que a trama do golpe foi urdida, pensada e preparada há muito tempo pelo ex-presidente e seu núcleo de assessores mais próximos. Acredito que a ação enérgica comandada pelo ministro do STF, Alexandre Morais, as investigações efetuadas pela Polícia Federal e a investigação feita pela CPMI dos Atos de 8 de janeiro, se completarão em dados e informações para que as medidas punitivas se deem de forma exemplar para que atos dessa natureza jamais voltem a atentar contra a nossa democracia.

O que se tem de concreto, até o momento?

O 8 de janeiro desse ano, entrou para a história do Brasil como o dia em que golpistas bolsonaristas atacaram os poderes da república numa tentativa de abalar a nossa democracia. Prédios foram invadidos e depredados em cenas explicitas de ódio por parte daqueles que não aceitavam o resultado das urnas. Vemos agora, com as investigações em curso, que aquela malta era incentivada, motivada e estimulada por autoridades ligadas ao governo que perdera a eleição. Por isso, a punição deve servir de exemplo para inibir e desestimular novas tentativas de golpe no futuro.

Qual o serviço que o senhor espera que a CPMI preste ao país?

Em sendo o 8 de janeiro uma provocação golpista, e como vemos através das investigações até agora, articulada pelos próceres do governo anterior e liderada pelo próprio ex-presidente Bolsonaro, cuja intenção era tomar o poder de um governo eleito democraticamente, a extrema direita buscava criar o ambiente para uma intervenção militar, é certo que seria oportuno o desmascaramento e a punição dos financiadores, promotores, organizadores e incentivadores dessa aventura golpista. Isso será importante para os interesses da população de frear a ofensiva golpista, criando-lhe obstáculos para se desenvolver abrindo mais espaços para a defesa das liberdades e direitos democráticos.

Como o senhor está acompanhando as investigações da Polícia Federal que focam o ex-presidente Jair Bolsonaro?

Acompanho com a devida apreensão e atenção. O que já veio a público até agora, fruto dessas investigações, já aponta fatos que levam o ex-presidente ao topo da cadeia de comando de vários episódios que demonstram seu papel na articulação de um golpe e que culminaram nos atentados de 8 de janeiro. Ainda assim é preciso esperar a conclusão de todo o processo de investigação e, em se confirmando o que se prenuncia, que tenhamos uma punição exemplar.

Por que o PT quer Lula como pré-candidato à reeleição? Não há outros quadros, que poderiam promover a renovação?

O Lula é, indubitavelmente, a maior liderança política da esquerda brasileira. Um líder influente e respeitado no mundo todo. Um estadista reconhecido internacionalmente por sua sensibilidade social e sua capacidade de diálogo. É claro que um quadro politico com esses predicados dificilmente será descartado de uma futura disputa eleitoral. Ainda mais num cenário de polarização entre esquerda x extrema direita, alguém com os atributos e o apelo popular de Lula sempre estará cotado para liderar o processo eleitoral como candidato.

Quais as principais marcas deste novo mandato do presidente Lula, até o momento?

Em apenas oito meses, os números da nossa economia já são suficientes para a retomada do otimismo na nossa sociedade. O indicativo de crescimento econômico na base de 3% nesse primeiro ano de governo revela um cenário que surpreende aqueles que especulavam percentuais mais pessimistas. Isso representa um cenário com possibilidades maiores de investimentos externos e a retomada de crescimento econômico superando o marasmo e a inanição da nossa economia nos últimos anos. Tudo isso acontecendo apesar das altas taxas de juros impostos por um insensível Banco Central. Somados as boas noticias do crescimento econômico, tivemos a retomadas dos projetos sociais, tão importantes para melhorar a vida da população mais pobre.

Como o senhor analisa a reaproximação do PT – ou pelo menos de líderes petistas – do governador Fábio Mitidieri? É um retorno ao bloco ou apenas relações, visando o bem de Sergipe, mas nada de aliança política?

O PT, por unanimidade de seus dirigentes em Sergipe, decidiu por ser oposição ao atual Governo do Estado. Por uma razão simples: o programa colocado em prática por esse governo não guarda nenhuma semelhança com o programa que defendemos em nenhuma de suas áreas. O governo se movimenta para privatizar a Deso, nós somos contra. Nós defendemos que a Deso seja fortalecida para fazer frente ao caos que causa a falta de abastecimento d’água em várias cidades do estado. A tentativa de descontruir a Fundação de Saúde para abrir espaço para as OS, nós entendemos como um desserviço que trará grandes prejuízos à população, principalmente aos mais pobres que precisam de uma prestação de boa qualidade na Saúde Pública. E assim, as denúncias na Educação, as ações nefastas no Ipes Saúde, o desmonte das políticas sociais, a ausência de valorização dos servidores públicos, enfim e de resto o descaso e a falta de compromisso que permeia em todas as ações de governo colocam o PT na oposição e nesse sentido temos unidade no partido. As diferenças que possam existir, podem estar na forma e no estilo de cada um fazer oposição.

Onde fica o senador Rogério Carvalho, nesta relação harmoniosa?

Eu sigo as resoluções do meu partido. Ademais, eu disputei a eleição defendendo um programa de governo diverso daquele defendido e que está sendo colocado em prática pelo meu adversário. Não seria honesto da minha parte para com os mais de 580 mil eleitores que acreditaram em mim e no programa que defendo, se agora eu, em nome de outros interesses, abrisse mão do papel de opositor a isso que está aí. Seria acima de tudo, deseducativo. O que serviria para ampliar o sentimento de descrédito da classe política.

O senhor defende uma candidatura do PT à Prefeitura de Aracaju, em 2024?

Sim. O PT, inclusive, já tem resolução nesse sentido. Um partido que já governou e bem a nossa capital, que governou o estado e voltou a governar o Brasil, tem legitimidade para pleitear liderar o campo progressista na eleição de Aracaju em 2024. O PT nacional acabou de aprovar resolução que orienta o partido nas eleições do ano que vem em que estimula candidaturas próprias. Inclusive já definiu nomes próprios e ou de aliados em São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. Em Aracaju, o Diretório Municipal deverá definir, nos próximos dias, uma agenda de debates para, no máximo em novembro, apresentar o nome que irá nos representar e começar a construir com nossos aliados esse processo.

Hoje, o seu projeto para 2026 é uma pré-candidatura à reeleição ou ao Governo do Estado?

Cada dia com sua agonia. No momento, estou voltado para o desempenho do meu mandato de senador. Comprometido com as ações no estado, alinhado com as demandas dos municípios e com as reivindicações populares. Nós estamos permanentemente construindo, mais adiante teremos a oportunidade de, sentindo o anseio popular, ouvindo aliados, tomarmos a decisão definitiva.

Modificado em 10/09/2023 08:40

Universo Político: