body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

90: mocinho ou bandido?

Por Joedson Telles

Falando em justiça de Deus e jurando inocência, o deputado federal eleito Valdevan 90 deixou a gaiola, nesta segunda-feira, dia 14. Agora, não apenas está usando tornozeleira eletrônica – aquele xadrez virtual que permite à Secretaria de Justiça não perder o “preso” de vista – mas também precisará se apresentar, mensalmente, à Justiça Eleitoral. Tem mais: se tiver contato com testemunhas arroladas no processo que investiga o suposto crime eleitoral, ferrou: 90 volta à gaiola e sabe Deus quando sairá de lá outra vez.

Evidente que, velando que todos são inocentes até que se prove o contrário, jamais acharia errado 90 ou qualquer outro mortal acusado de um crime aguardar um julgamento em liberdade. Sobretudo em se tratando de acusação de crime sem prática de violência em flagrante que resulte em morte, por exemplo, a “meia liberdade”, desde que respeitadas as regras pelo réu, parece a medida correta.

Todavia, como estamos no Brasil, e como quem contrata como advogado um ex-ministro do STF para resolver a parada, em Brasília, tem bala na agulha – como informa a imprensa, o advogado é Celso Peluzzo – todo cuidado é pouco. Está cristalino o poder econômico que envolve 90.

Aliás, a acusação criminal repousa justamente em uso de grana mal explicada. Daí a responsabilidade das autoridades competentes para, em havendo provas irrefutáveis, condenar o réu. Pela Polícia Federal e pelo MPF não há dúvida da existência de um esquema criminoso. 90, por sua vez, jura inocência e sua defesa tem o direito de tentar persuadir.

O benefício da dúvida, entretanto, não pode ir além do seu espaço. 90 não deve assumir o mandato até que seja inocentado. E mais: Sergipe – sobretudo quem votou em 90, nas eleições 2018 – precisa e tem direito a respostas exatas. Apuração impecável e julgamento idem.

90 é um político honesto, íntegro, ético e, neste caso, foi acusado e preso injustamente? Armaram pra cima dele? Precisa ser inocentado e ter o direito de assumir a cadeira na Câmara Federal que o eleitor o cedeu por quatro anos? Sergipe tem essa dívida irreparável com 90?

Ou 90 é mais um picareta, um bandoleiro, um safado destes que a Lava Jato colocou na cadeia que comprou a eleição, tentando desmoralizar eleitor, políticos concorrentes, promotores, Polícia Federal, Judiciário…? Decidiu disputar as eleições em Sergipe chamando todo mundo de idiota?

Não há meio termo: 90 é mocinho ou bandido? Inocente ou culpado? As graves acusações, inclusive com depoimentos de pessoas assalariadas e até desempregadas que teriam doado algo em torno de R$ 1 mil a campanha de 90, não permitem a parte de cima do muro. Todavia, vale ratificar o óbvio: só ao Judiciário caberá o julgamento em momento oportuno. Até lá, cobremos a tramitação, evidente, mas sem sepultarmos jamais a presunção da inocência.

Modificado em 14/01/2019 20:29

Universo Político: