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Unificar emendas para obra da BR 101? E demais demandas? É só dar de ombros?

Por Joedson Telles

O deputado estadual Zezinho Sobral colocou na cabeça – e parece que ninguém consegue tirar – que os oito deputados federais e os três senadores sergipanos precisam destinar suas emendas ao Orçamento da União para a conclusão das obras da BR 101, em Sergipe. Tem batido nesta tecla constantemente. Ou, como ele mesmo diz, “trabalha” para isso acontecer.

Não dá pra criticar Zezinho Sobral por apontar uma possível solução para um grave problema que Sergipe enfrenta, há pelo menos 20 anos. Ele está bem intencionado e cumpre seu papel de homem público. O problema é que, do mesmo modo, nenhum dos parlamentares da bancada de Sergipe, em Brasília, pode ser criticado se não acatar a ideia. Todos não apenas têm suas prioridades para as verbas, mas também, imagino, suas palavras empenhadas com municípios.

Zezinho tem as melhores das intenções. Mas é totalmente fora do bom senso, da razoabilidade descartar compromissos assumidos pela bancada – muitos até em campanha – para unificar os recursos em torno de uma só obra. Não se discute a importância da BR 101, mas não se discute também que outras necessidades saltam os olhos.

Não há deputado, senador, governador, prefeito ou qualquer cidadão em Sergipe, com o mínimo de discernimento e bom senso, que não concorde que é preciso resolver o problema da BR 101. Mas não criando outros.

E, pelo visto, o sentimento mais comum entre deputados e senadores parece ser o mais próximo da inteligência: é preciso somar forças, sim, a bancada precisa estar unificada, mas para cobrar ao Governo Federal que libere recursos para a obra. Cobrar que tenha responsabilidade com Sergipe – e não dar de ombros a compromissos assumidos e novas demandas, sacrificando as emendas em prol de uma única obra.

A propósito, o deputado federal Fábio Mitidieri reforçou a obviedade, ao afirmar que a BR 101 é de responsabilidade do Governo Federal. “Não podemos pegar nossos recursos de bancada, com tantos municípios sergipanos passando dificuldades, com o Governo do Estado passando dificuldades e com nossas rodovias estaduais esburacadas, e dar ao DNIT. O Pacto Federativo do Brasil faz com que todo recurso vá para Brasília e depois volte a conta gotas. Eu não posso pegar minha emenda e também mandar para Brasília. Quem tem que achar os R$ 200 milhões que falta é o Governo Federal”, disse e foi perfeito. Cirúrgico. Sepultou o debate.

O deputado Zezinho, o Guimarães, também meteu a colher no mingau: fez valer o contraditório e rechaçou a ideia do xará. “A bancada federal tem que reivindicar que o Governo Federal termine sua obra com recursos dele, e não espere que os pequenos recursos dos deputados federais e senadores de Sergipe venham terminar uma obra que começou, há 20 anos, e envergonha os nordestinos. Trabalharei contra esse tipo de atitude”, prometeu, lembrando que cobrou pessoalmente ao vice-presidente, Hamilton Mourão, recursos para a obra.

Lembro, por fim, que as emendas representam um percentual imprescindível ao êxito do projeto de reeleição de qualquer parlamentar. Uma vez candidato, o político vai aos municípios, atesta problemas e, publicamente, assume compromissos. Também recebe demandas no comitê cujas soluções passam justamente pelas tais emendas.

Muitas emendas, portanto, não têm gênesis dentro do gabinete gelado do parlamentar, em Brasília. Nascem, bem antes, nos próprios municípios ao calor do sol. Não respeitar isso é desrespeitar o eleitor. É dizer ao município que o problema continuará lá e a palavra dada não tem valor. Zezinho, insisto, tem as melhores das intenções, mas, certamente, passou batido nos detalhes. Nas consequências negativas da sua ideia.

 

Modificado em 08/10/2019 09:43

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