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Um presidente que cada vez mais ratifica que nunca esteve a altura do cargo

Por Joedson Telles

Batido na imprensa e nas redes sociais com a devida importância, o tal vídeo de uma reunião com cara de monólogo entre o presidente Jair Bolsonaro e seus ministros não surpreende, ao expor o momentâneo chefe do Executivo ao ridículo pelos seus próprios verbos. Um presidente em total falta de sintonia com a liturgia do cargo. Preparo e Bolsonaro jamais foram sinônimos. Trivial. Todavia, quando líquido deixa o copo e não permite a dúvida que tocará o solo e não chegará à boca é o momento de tentar evitar o desastre.

Além do óbvio fortalecimento da grave denúncia feita pelo ex-ministro Sérgio Moro sobre a ansiedade do presidente para interferir na Polícia Federal, no vídeo, Bolsonaro não esconde o desejo de ver uma sociedade armada, peitando governadores e prefeitos, enfraquecendo o isolamento social.

“Um bosta de um prefeito faz um bosta de um decreto, algema, e deixa todo mundo dentro de casa. Se tivesse armado, ia pra rua”, disse Bolsonaro.

Infelizmente, o brasileiro já assistiu a tantos absurdos, inclusive, nos últimos meses, tendo o próprio Bolsonaro como protagonista, que passar batido no significado do juízo exposto na frase soa a convicção da estupidez sobre o que pode representar para um país ser governado por mãos erradas.

Ao condicionar uma arma em punho à desobediência a um decreto assinado por um governador ou um prefeito legitimado no cargo pela democracia das urnas, o próprio presidente da República, perceba-se, age pedagogicamente de forma perigosa a alimentar a real possibilidade de se estar abrindo um precedente suicida convidando à violência. Razoabilidade zero.

Que história é essa de “se tivesse armado, ia pra rua”? Fazer o quê nas ruas com uma arma carregada? E se o cidadão que fosse na onda topasse com um governador, que ao estilo do presidente, agisse sem medir as consequências, e jogasse a polícia na história? Já não basta o lucro que o coronavírus vem dando às funerárias?

O presidente não raciocinou que o desfecho da sua ideia insana poderia ser sangue? Um número grande de óbitos?

E agora? Questionar “e daí?”, mais uma vez, sem levar em conta vidas perdidas e a dor dos familiares, seria mais uma afronta ao brasileiro, ao bom senso, às autoridades deste país.

O fato é que nos deparamos, outra vez, com a necessidade de obtermos respostas convincentes para erros imperdoáveis de um presidente que cada vez mais ratifica que nunca esteve a altura do cargo.

P.S. Em tempo, se já não o fez, seria bom o presidente escovar os dentes várias vezes: foi tanta bosta pra lá e pra cá…

Modificado em 23/05/2020 08:25

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