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Um peso negativo e colossal para o político Bolsonaro

Por Joedson Telles

Não resta a menor dúvida que tudo que foi denunciado pelo ex-ministro Sérgio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro precisa ser apurado profundamente com o máximo de isenção e urgência. Não podemos condenar o presidente de forma açodada, é claro. Mas inocentá-lo, de pronto, soaria estupidez maior.

Antes mesmo do desfecho, porém, a gravidade das denúncias, que em sendo provadas espelharão crimes, como já é de conhecimento de todos, já está tendo, e terá muito mais, a depender dos desdobramentos, um peso negativo e colossal para o político Jair Bolsonaro. Basta observar a reação dos seus eleitores nas redes sociais: muitos sumiram. Outros pisaram no freio. Há também muito sorriso amarelo.

Tal diagnóstico por si só já preocuparia qualquer político, que, como tal, precisa gozar de simpatia junto ao eleitorado para, consequentemente, ter os votos que garantem uma eleição. Agora some isso à evidência de Bolsonaro estar hoje isolado, sobretudo pela contramão que apostou seguir nesta pandemia do coronavírus.

Some também ao fato de o presidente meter os pés pelas mãos na relação que não consegue ter com o Congresso Nacional. À indiscutível antipatia que conseguiu construir junto ao Judiciário, à grande parte da imprensa, a entidades representativas, a autoridades de outros países por passos errados do seu governo… Encontramos um Bolsonaro mais fragilizado que nunca – principalmente porque falar em impeachment voltou à moda.

O que a falta de preparo para o cargo de presidente impediu Bolsonaro de enxergar é que ele não tinha – e não tem – luz própria, credibilidade, musculatura suficientes para bater de frente sem motivos justos e persuasivos contra um super ministro, que teve peso decisivo na sua eleição.

A história de Sérgio Moro, sobretudo sua importância na Lava Jato, tirando do páreo o favorito do eleitor, o ex-presidente Lula, e dando aval para Bolsonaro ser um governo novo, em tese, sem a corrupção que o Brasil abominou nos governos do PT, era o oxigênio de uma gestão desastrosa em outras áreas.

Quando Moro pede exoneração – e explica que, acertadamente, jamais concordaria com interferências do presidente no serviço de inteligência da Polícia Federal – sepulta o discurso de governo sério de Bolsonaro – sobretudo por conta de acusações contra familiares do presidente.

Pra piorar, o próprio Bolsonaro pode dar mais credibilidade às denúncias do seu ex-ministro, caso confirme especulações e escolha um amigo dos seus filhos para ser diretor da Polícia Federal. Se optar mesmo por este caminho, o presidente terá muita dificuldade de tirar da cabeça das pessoas que tem, de fato, interesse pessoal em controlar os passos da PF. No jargão popular: “quem deve teme”…

Modificado em 27/04/2020 08:43

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