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“Tá rindo do quê”, Valmir de Francisquinho?

Por Joedson Telles

Mais de 15 anos lidando com a política, praticamente todos os dias, e confesso ao internauta: ainda tropeço no que posso chamar, deixe-me ver, de ingenuidade diante de certos fatos? Acho que comunica. O último a exemplificar o pressuposto é o sorriso não tão amarelo do prefeito – afastado – de Itabaiana, Valmir de Francisquinho, ao deixar a gaiola, após 15 dias por motivos de conhecimento de todos. 

Dentro de um carro, sentado no banco da carona, atraindo câmaras de vídeo e fotográficas, microfones, celulares e, sobretudo, pessoas, o sorriso de Valmir, o abraço que mandou para Sergipe, a tranquilidade aparente não comungam com as graves acusações que pesam contra ele. Cena patética.

Claro que a presunção da inocência é sagrada. Todavia não entra na minha cabeça Valmir ser preso acusado desviar, anualmente, cerca de R$ 2 milhões da Prefeitura de Itabaiana, segundo a delegada da Polícia Civil, Katarina Feitoza, e sua primeira aparição pública ser marcada por um sorriso. Lembrou o título daquele bom filme com o ator Adam Sandler, “Tá Rindo do Quê?”

A delegada afirmar que ele responderá por cobrança indevida de tributos, lavagem de dinheiro, associação criminosa e crime de licitação, assegurar que tudo está comprovado e que há provas robustas e Valmir sorrir e mandar abraços ao ser solto para se explicar em liberdade?

É evidente que a beleza do direito está na persuasão. Os competentes advogados Evânio Moura e Raphael Magalhães conseguiram soltar Valmir e podem derrubar as provas citadas pela polícia. Todavia o momento não é propício ao comercial de creme dental. Até porque o filme não acabou. E não está descartado um retorno do prefeito à gaiola. Aliás, em acontecendo, a nova prisão será por muito mais tempo…

Contrariando o inquérito policial, se Valmir for inocente, como afirma, se passou todos estes dias preso injustamente, a indignação, a revolta, a raiva seriam sentimentos mais apropriados, no momento em que recuperou a liberdade.

Até porque a inocência não foi assegurada pelo Judiciário. É tanto que o desembargador Diógenes Barreto, que concedeu o chamado Habeas Corpus, lhe permitiu deixar o presídio, mas não reassumir o mandato de prefeito.

Pior ainda será se Valmir não derrubar a tese da polícia. Aí será o fim da picada. Meter a mão no dinheiro público, ir parar na cadeia e, ao conseguir a liberdade, sorrir e mandar abraços como se fosse um ídolo do cinema? Seria de um cinismo do canso, como dizem em Itabaiana. Até para um político não cairia bem.

Modificado em 22/11/2018 21:45

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