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SSP e Sindijor orientam a imprensa a não ecoar recados de presos dados em rede social. Perfeito. Lúcido

Por Joedson Telles

Em momento de lucidez, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) se une ao Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor/SE) para orientar os veículos de comunicação de Sergipe a não reproduzirem áudios, fotos ou vídeos de presos fazendo ameaças ou dando quaisquer tipos de recados a quem quer que seja pelas redes sociais.

A SSP e o Sindijor ressalvam que não estão sugerindo aos órgãos de comunicação a não divulgação de notícias oriundas dos presídios.  O jornalismo é sagrado. Sobretudo em se tratando do Sindijor, seria até absurdo pregar a censura. Mas a notícia tem que ser dada por quem, de fato e de direito, se graduou para levá-la à sociedade: os jornalistas.

Não é o caminho correto uma pessoa que feriu uma lei, perdeu a sua liberdade por conta disso e, custodiada pelo Estado, tenha o direito de falar o que quiser, quando quiser e contra quem quiser com a conivência da imprensa. Qualquer preso tem que está preso por completo. Como é que o cidadão está preso, mas em contato com a sociedade, opinando, afrontando, ameaçando…?

SSP e Sindijor agem de forma correta, ética e, sobretudo, inteligente. Ao não ecoar juízo de preso externado em rede social, a imprensa evita que a prática nociva cresça por ser estimulada pela repercussão. Celular em cadeia é ilegal. É crime. Preso tem que ser colocado em seu lugar.

Além disso, é preciso evitar que o bandido crie um vínculo com o jornalista que lhe abre o espaço – algo que pode ser nocivo ao próprio jornalista, quando este, por uma razão qualquer, não mais lhe abrir espaço. Já houve homicídio de jornalista por bandidos que “se sentiram traídos” quando os espaços foram fechados.

Sem sentir, sem ter a intenção negativa, evidentemente, o jornalista que, ao invés de entrevistar um bandido, reproduz o que ele fala numa rede social, joga a seu favor. Querendo ou não, passa a ser seu aliado por ecoar seu juízo. Um porta voz da criminalidade. Está contra a polícia, contra o coletivo e contra ele próprio. As primeiras reações são, como assistimos, atear fogo em ônibus e outras badernas.

Todavia, a persistir a prática abominável, quem garante que não teremos que noticiar outros crimes? Crime, inclusive, contra a vida o próprio jornalista que criar vínculo com o bandido e depois, por qualquer motivo, deixar de corresponder expectativas? Há exemplo da prática em outros estados. De ameaças em Sergipe. É um terreno minado. Semelhante ao mundo das drogas: uma vez a pessoa de bem entra, sair é complicado. Às vezes, só mesmo num caixão.

Modificado em 02/09/2016 08:57

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