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Se João Eloy não se afastar voluntariamente, o governador precisa agir

Eloy: serviços prestados, mas os fatos são graves

Por Joedson Telles

Evidente que sequer merece ser levado em conta qualquer juízo no sentido de culpar o secretário de Estado da Segurança Pública, João Eloy, pelo gravíssimo episódio envolvendo seu enteado e um amigo, que, aliás, acabou tendo a devida repercussão na mídia nacional. A menos, óbvio, que provas irrefutáveis sejam apresentadas do seu prévio conhecimento e aval para a ação, que para a polícia ainda carece de investigações para, só assim, transitar das acusações à realidade. Mais evidente ainda que só arvora-se a tripudiar sobre a desgraça alheia quem não tem ou não valoriza algo chamado família.

Entretanto, quando se reflete friamente sobre o caso, sem muita dificuldade, chega-se à lógica que uma evidência muito mais ululante clama com eloquência de pastor da Igreja Universal: se o veículo do próprio secretário de Segurança Pública, mesmo sem o seu conhecimento, e armas da SSP estavam por aí, segundo um taxista que se diz vítima de tentativa de assalto, servindo, não para combater a criminalidade, mas para aumentá-la, em quais condições, inclusive psicológicas, continuará João Eloy à frente da Segurança Pública de Sergipe?

Assim como um pedestre que é atropelado por um motorista irresponsável não tem, evidentemente, culpa alguma do constrangimento, mas é barrado no emprego por não ter como trabalhar devido as sequelas, João Eloy não deu a chave do carro ao enteado. Tampouco as armas da SSP. Tem o voto de confiança. Todavia também não conseguiu evitar que o rapaz se apropriasse do que em tese estava sob sua responsabilidade. Como pode acontecer com qualquer mortal, foi, digamos, “traído dentro da própria casa”.

É lógico que João Eloy merece toda solidariedade. Que se trata de um técnico com serviços prestados à sociedade – sobretudo nos tempos da Derof. Quem é da área não esquece a dupla João x João – formada por Eloy e Lira. Mas é só não misturar a simpatia, amizade que muitos nutrem com João Eloy, um excelente delegado, insistamos, com os fatos para se chegar à óbvia conclusão: o policiamento em qualquer lugar do mundo se não prioriza a prevenção já nasce falido. E não é preciso ser policial para ter ciência que os bandidos precisam respeitar a polícia para a coisa funcionar. Têm que temer suas ações. Nutrirem a sensação que a impunidade não será jamais aliada.

Aí eu pergunto: é difícil imaginar que o episódio acaba criando na cabeça dos bandidos justamente o contrário? Como respeitar uma polícia cujo boss não conseguiu evitar que seu próprio carro e armas da polícia fossem expostos de forma tão negativa pelo seu próprio enteado? Some-se a isso o fato de mesmo com a gravidade dos fatos, o flagrante da posse das armas não ter sido lavrado? Há como não pensar: ‘se fosse eu, estava em cana, mas é enteado de secretário…’. E até hoje a SSP não teve como explicar os motivos pelos quais o delegado plantonista devolveu os dois rapazes à liberdade horas depois de a PM efetuar as prisões, deixando Sergipe, ou melhor, o Brasil, à vontade para imaginar o quem bem quis.

Aliás, nas explicações dadas pela cúpula da SSP, a ideia, como sempre, é apurar tudo. Inclusive com o Ministério Público Estadual por perto. Evidente que isso é o mínimo que deveriam prometer. Mas jogar a Corregedoria da Polícia Civil no caso, para saber o que passou pela cabeça do delegado, que mesmo recebendo tudo de mãos beijadas da Polícia Militar, optou por não lavrar o flagrante, é imprescindível.

Do mesmo modo, se o secretário não tiver desapego ao cargo e entregá-lo por razões mais que óbvias, pelo menos durante as investigações, o governador Jackson Barreto, chefe maior da Segurança Pública, precisa adotar as providências cabíveis que os sergipanos mais lúcidos esperam dele. Até para preservar seu secretário. Do contrário, o desfecho do caso revelará o valor que tem esta importante área para o governador e, óbvio, a sensação de insegurança que paira em Sergipe nunca terá sido tão bem explicada.

Modificado em 27/05/2014 10:48

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