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Se é para 90 ser diplomado, por que não na própria gaiola? Menos constrangedor

Por Joedson Telles

Confesso a estupidez, mas não entendi bulhufas… Quer dizer que 90 deixará a gaiola escoltado pela polícia – como acontece com marginais de altíssima periculosidade quando vão encarar o Judiciário – para participar diretamente da festa de diplomação? Meterá a cara em meio ao público que, por certo, lotará a solenidade?

Com algemas e tudo o mais de praxe que envolve um presidiário nestes momentos, 90 receberá o diploma de deputado federal e retornará à grade, enquanto os demais diplomados abrirão vinhos caros em meio a família e os amigos? Assim? Tudo naturalmente? Parece constrangedor para todos.

Cá pra nós, se a Justiça entende que as acusações feitas pela Polícia Federal contra 90 são insuficientes para lhe impedir de ser diplomado deputado federal, não seria melhor levar a diplomação à cadeia, em data posterior aos demais políticos eleitos sem, obviamente, o mesmo brilho? Apenas levar o papel a ser assinado por 90, assegurando-lhe a diplomação e pronto?

Colocar um presidiário em meio aos diplomados e público geral num ambiente fechado vigiado pela polícia não soa a melhor decisão – seja ele bandido ou mocinho.

Óbvio que não deixei de velar a presunção da inocência. 90 é acusado e não condenado. Mas, paradoxalmente, por isso mesmo não deveria participar da diplomação publicamente junto aos demais políticos que não vivem o mesmo drama.

Vamos supor que 90 seja inocente como diz sua defesa. Que nunca enfiou o pé na jaca, não agiu à margem da lei. Se a diplomação fosse feita no próprio presídio, em ato simples, como já levantei a hipótese aqui, alguém tem dúvida que evitaria julgamentos açodados do público, os olhares e cochichos (quem sabe voz alta) e, sobretudo, pensamentos críticos a tachá-lo de bandido, ladrão, fuleiro…?

Por mais político que seja, por mais espiritualista, por mais seguro da sua “inocência”, 90 já desembarcaria constrangido por ter a polícia no seu pé – e a vergonha só aumentaria à medida que o sentimento popular fosse sendo externado. A cada olhar…

Infelizmente, vivemos uma época de condenação antecipada – sem fórum e juiz adequados. Apareceu na TV como acusado basta: uma gama da sociedade já sentencia sem direito a defesa: bandido. Mesmo que o Judiciário não o condene em momento oportuno a imagem do homem público já foi arranhada.

E na hipótese de 90 não ser inocente? Bom: melhor nem escrever aqui o que vem à mente… Afaste de mim este cálice.

O fato é que a decisão proferida pelo ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, diante do habeas corpus impetrado pelo grande advogado Evaldo Campos, apesar de soar favorável, não foi a melhor para 90. E, certamente, muito menos para a sociedade.

Modificado em 10/01/2019 13:51

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