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Quem blindou João Eloy não tem moral para criticar Mendonça Prado

Mendonça: herdando o caos

Por Joedson Telles

De forma seca: setores da imprensa que se omitiram, ficaram de joelhos para o ex-secretário de Segurança Pública, João Eloy, sabe-se lá, os motivos, não têm e não terão moral para criticar o atual gestor Mendonça Prado. Não invento a roda. Qualquer pessoa minimamente inteligente e informada concorda que não há coerência em blindar um gestor e se arvorar a ser fiscal de outro que mal acaba de sentar na cadeira.

A criminalidade que campeia em Sergipe, na qual o estado está mergulhado até o pescoço, não começou hoje. Tampouco ontem. Há anos o estado está entregue aos bandidos. Quem perdeu um parente ou um amigo para um marginal armado sabe disse. Mas a omissão não permitiu que isso fosse atribuindo ao projeto falido, se é que existiu um projeto, do ex-secretário João Eloy. Alguns setores, cinicamente, ainda subestimaram a inteligência das pessoas, ao blindarem o ex-secretário, culpando apenas o governador.

Lembro que uma das vezes que observamos aqui a fragilidade do projeto do então secretário João Eloy foi quando o então governador, o saudoso Marcelo Déda, diante da força da criminalidade, ajuizou que não poderia, ele mesmo, colocar um revólver na cintura e ir prender os bandidos. Na época, teve colega jornalista falando em injustiça com o secretário João Eloy. Não mesmo. O gestor não pode ser imune a críticas. É um dos ônus do cargo. É bem pago com o dinheiro do contribuinte para dar respostas convincentes.

Aliás, sempre tratei de separar as coisas. O delegado João Eloy é um dos melhores quadros da Polícia Civil de Sergipe. E não lhe faço favor. Mostrou isso na prática em delegacias, sobretudo no excelente trabalho que fez na Delegacia de Roubos e Furtos. O ex-secretário João Eloy chegou ao topo da carreira por conta deste e de outros trabalhos. Não pode jamais ser acusado de ocupar cargos na cúpula por se agarrar a padrinhos políticos, mas não ter prendido sequer uma mosca. Não é delegado de ar condicionado, que não sabe viver sem ocupar espaços privilegiados à custa de favores.

Como secretário, todavia, os números da criminalidade desmoralizam os omissos. Sepultam os mais ‘inteligentes’ argumentos no sentido de dizer que a coisa deu certo. Nunca Sergipe viveu dias tão difíceis. E nunca se viu uma polícia tão fraca. Tão humilhada pelos bandidos – ironicamente num governo que concedeu o maior aumento de sua história.

Num estado onde o próprio governador admite publicamente, aliás, mostrando uma personalidade ímpar, que “não adianta negar que a violência está muito grande. Que o número de homicídios está muito grande”, isso na posse do atual secretário Mendonça Prado, é porque o caos herdado do governo aliado é assustador. Enxergar isso, examinar a consciência de como o papel de jornalista foi exercido nos últimos anos frente aos graves fatos e admitir que ninguém conserta tantos erros do dia para a noite é imprescindível antes de sair por aí ajuizando sobre a atual gestão. É certo que a administração é impessoal, mas tudo na vida é equilíbrio e bom senso.

joedson: