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Quando a violência não permite que a vaidade entre em cena

Por Joedson Telles 

Sergipe, esta terra cuja segurança pública faliu e bandido reina matando até policiais, a partir de janeiro de 2017, receberá atenção especial do Governo Federal através de ações de combate à criminalidade a serem postas em prática pelo Plano Nacional de Segurança Pública.

O reforço é uma resposta a um apelo dos senadores sergipanos Eduardo Amorim, Antônio Carlos Valadares e o suplente Pastor Virgínio, que estiveram reunidos, na tarde da última terça-feira 11, não apenas com o presidente da República, Michel Temer, mas também com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, levando a grita dos sergipanos.

Parece brincadeira ou piada de mau gosto, mas não é que a iniciativa – correta e urgente, diga-se – dos três senadores provocou ciúmes no governador Jackson Barreto? Numa atitude paradoxal ao discurso de preocupação com Sergipe figurar como o estado mais violento do Brasil, com as mortes no atacado registradas, o governador não se controlou: reprovou a postura dos senadores. Nitidamente, falando mais como o político Jackson que como o governador Jackson, desabafou de pronto com o radialista Gilmar Carvalho que os senadores esquecem que ele, Jackson, é o governador e é quem fala pelo Estado.

Chamo o feito à ordem. Primeiro que ser governador de Sergipe não é o mesmo que ser proprietário de Sergipe. Vai um oceano de distância. Vamos com calma. Sergipe não tem dono. O senhor Jackson Barreto está como governador do Estado até o dia 31 de dezembro de 2018 (ou antes disso, observe-se) por um erro da maioria do eleitorado sergipano que sente isso na pele todos os dias. Acreditaram nas promessas e pagam caro pelo equívoco. Mas isso não lhe dá a escritura da casa. Respeitando, lógico, as prerrogativas de um governador, qualquer cidadão tem a obrigação de falar pelo seu estado quando for para o seu bem.

Segundo que o caos que vive Sergipe, sobretudo em se tratando de segurança pública, sendo o destaque do último Anuário Brasileiro como o mais violento, grita que não há clima para vaidades. Soa fora da realidade o governador do Estado se permitir ao luxo de fazer biquinho porque senadores eleitos pelos sergipanos, bem remunerados para o trabalho, diga-se, se preocupam com a violência e buscam soluções. Estão em seus papéis.

Espelhando um gesto de grandeza, a iniciativa dos três senadores deveria ser elogiada pelo governador Jackson Barreto, e não criticada. Os senadores mostram que mesmo sendo oposição ao governador, não são oposição a Sergipe. Se isso os coloca bem na fita com os sergipanos o problema é do governador, não de Sergipe. O estado carece de segurança. A vida perdeu o valor e toda ajuda é bem vinda. Não há espaço para política na cabeça do sergipano cujo pleito é segurança, e não voto.

Agora, sabe o mais curioso, internauta? Aposto aquele picolé de graviola do diabinho Wellington Elias que o governador tem noção de tudo. Sabe mais que qualquer um neste estado que seu governo é fraco e não oferece a segurança que Sergipe precisa. E é preciso, sim, somação de forças. E, em cima disso, tem o discernimento que não há espaço para vaidades. Não pode rejeitar ajuda externa de quem quer que seja. Não basta de tanto sangue? Mas a política tem das suas, e Jackson Barreto, mesmo sabendo disso, opta pela a arrogância de polemizar com adversários políticos em detrimento ao interesse coletivo. Decididamente, a violência não permite que a vaidade entre em cena, governador.

Modificado em 11/11/2016 09:26

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