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Quando a baixaria rouba o lugar da preocupação com Sergipe

Por Joedson Telles

Sergipe vai às urnas, em poucos dias, escolher o seu novo governador, entre outros representantes, num clima que não poderia ser pior. Mas teria a obrigação de ser o melhor. A riqueza da língua portuguesa possibilita chacotear frases.

Evidente que nenhum eleitor sacou uma arma e plagiou o que os bandidos estão fazendo todos os dias nas ruas do estado para aumentar ainda mais as estatísticas do IML com tímido aborreço.

Entretanto, nunca, ou poucas vezes, assistiu-se a um showzinho tão baixo e de mal gosto de pessoas usando a língua para agredir, ofender, zombar, e, cinicamente, ainda tentar se passar por vítima, ao perceber a mínima reação de defesa adversária. E muitos não disfarçam o ódio do contraditório. A baixaria rouba o lugar da preocupação com Sergipe. Do sonho coletivo.

Aliás, o exemplo negativo emerge justamente de quem deveria fazer o oposto. A propósito, o jovem vereador Lucas Aribé, acertadamente, levou à tribuna da Câmara Municipal de Aracaju, esta semana, seu alerta sobre a baixaria que, que pela boca de certos candidatos, teima em tomar o lugar de propostas e debates que, de fato, interessam a todos que vivem e votam em Sergipe. Usando a palavra “agressividade”, muito lúcido, Lucas faz o alerta:

“Não se assustem se tivermos muitos votos nulos esse ano e se tivermos também alta abstenção. Eu já conversei com muitas pessoas dizendo que não vão votar ou votarão em branco e nulo. Eu acho que nós precisamos votar em alguém. O voto nulo e branco é de protesto, mas eu acho que temos outras formas de protestar”, disse o parlamentar com propriedade.

O juízo de Lucas merece a atenção de todos. E vou além: a coisa tomou um rumo tão insano, tão alienado, note-se, que algoz fala sem medir palavras pelos cotovelos, agride, humilha, mas não quer escutar sequer um ‘piu’ do seu alvo. Usa de uma falsa autoridade para dizer tudo que pensa e o que não pensa, e ainda quer o silêncio como resposta. Tenta com maestria inverter a situação e, de agressor, passar a condição de vítima. Evidente que só tem êxito junto a pessoas afins ou desprovidas de inteligência. Mas são pessoas que também votam, não é mesmo?

Vele tudo, e a baixaria pesada é perpassada. O temor de perder o cargo comissionado tem levado muita gente a mentir, agredir e cometer outras baixarias – sobretudo nas redes sociais. O facebook, que deveria ser canal de comunicação para constantes debates de interesses da sociedade, na busca por um Sergipe melhor, serve, com raras exceções, para aperreados destilarem a reação ao medo de receberem o cartão vermelho, em janeiro de 2015. E tome baixaria. Anarquia. Porrada. Mentiras… Tudo em sintonia total com um “esquecimento” doentio frente aos problemas de Sergipe.

O lixo substitui o essencial na Internet. Sergipe fica à margem diante do umbigo do viciado a guerrear. Não há uma discussão ampla, por exemplo, sobre qual dos candidatos têm o melhor projeto para a educação de Sergipe. Só um lado da moeda toca na violência que Sergipe é obrigado a engolir, com bandidos literalmente tomando conta do pedaço. É como se os nossos problemas não importassem. Como se a vida não fosse importante, entende?

Sabe o caos que paira na saúde, que muitas vezes impede o Estado de salvar vidas? Nada disso parece interessar mais que agredir. O escândalo conhecido como fundações? O que houve? Tudo normal, sério e produtivo. Desemprego? Crianças passando fome? Falta de habitação? Quem? Aonde? Tem gente que dá de ombros, focando outros alvos. Que até poderiam ser atacados, evidente. É democrático.

Todavia creio que tais alvos jamais deveriam ser prioridades, sepultando o que importa, de fato, à coletividade. Há uma inversão total de valores. Não é possível negar, exceto sendo cúmplice. Abrindo mão do bom jornalismo pautado na verdade factual, para velar o nocivo. É como se dissessem nas entrelinhas: “sei de todos os problemas de Sergipe, mas primeiro eu, segundo eu, terceiro eu…” Esta é a impressão. E Sergipe, a coletividade, o internauta que fita esta tela? A resposta nunca foi tão clara.

Modificado em 25/09/2014 11:14

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