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Ou se brinca de fazer segurança ou não há aptidão para a obrigação de garantir tranquilidade aos que vivem em Sergipe

Mendonça: sem ter o que dizer 

Por Joedson Telles

Peço desculpas ao internauta por insistir em falar em segurança pública, quer dizer, em insegurança pública. Lógico que existem diversos assuntos também importantes, e ninguém merece emprestar tanta atenção a um eterno samba de uma nota só. Mas num estado onde bandido não tem medo de polícia, onde qualquer um pode ser o próximo cadáver e onde o secretário de Segurança Pública é destaque na mídia, não pela eficiência com que enfrenta o crime, mas após ter declarações suas classificadas como irresponsáveis pelo secretário de Segurança Pública do Estado de Alagoas, é difícil abandonar o tema à própria sorte. Ao menos quando se diferencia jornalismo de serventia e a matança persiste.

Ao bater de frente com dados do Ministério da Justiça, que colocam Sergipe como o vice-campeão em números de homicídios por 100 mil habitantes, o secretário Mendonça Prado disse à TV Sergipe, na segunda-feira 19, que respeita os dados, mas não concorda. E soltou: “Na verdade, é impossível que o estado de Alagoas saia de 70 por 100 mil habitantes para 30. Isso não ocorre em nenhum lugar no planeta. Na verdade, o que existe é uma concorrência entre os estados. Mas nós não estamos preocupados com isso. Queremos apresentar dados verídicos”.

As palavras de Mendonça Prado motivaram o secretário alagoano Alfredo Gaspar de Mendonça Neto soltar uma nota classificando o juízo do sergipano como irresponsável, desafiando-o a provar que Alagoas esconde dados e ainda assegurando adotar medidas judiciais. Aliás, o Mendonça alagoano já anunciou que interpelará o Mendonça sergipano, que, por sua vez, até o momento, opta por abrir mão da réplica…

Afirmei aqui no Universo, há dois dias, que não acredito que Mendonça Prado tenha o que dizer aos deputados estaduais, caso atenda ao convite e compareça à Assembleia Legislativa para debater insegurança pública. A julgar pelo que disse à TV Sergipe, provocando a indignação do xará alagoano, percebo que passei na prova dos 9. Mendonça, o governador Jackson Barreto ou qualquer pessoa ligada a este governo fraco, quando o assunto é, entre outros, enfrentar a criminalidade e oferecer respostas convincentes, não têm o que falar. Se insistirem acabam, como diz o lugar comum, metendo os pés pelas mãos – dada a distância entre como pensam segurança pública e o banho de sangue que dá o tom em Sergipe.

Gostaria de ser desmoralizado em nome da segurança sonhada pelos sergipanos e pelos que escolheram este estado para viver pagando impostos. Parar de “precisar lembrar” o que o internauta não esquece: não há o mínimo de segurança em Sergipe. Seria bom para o coletivo se o governador Jackson Barreto e seus auxiliares tivessem na ponta da língua palavras convincentes a invalidar este texto. Torná-lo inverídico. Sensacionalista. Seria bom se pudessem expor ações da SSP capazes de sepultar juízos lúcidos dos poucos que têm a coragem de se levantar contra o que não deu certo. Dos que não se ajoelham aos pés do erro. Daqueles que se valem do respeito a todos, mas por respeito a si mesmo e às vítimas da criminalidade, não deixam de apregoar a indignação com a insofismável vantagem que os bandidos levam contra aqueles que pagamos com o nosso suado dinheiro para nos dar segurança.

Infelizmente, não há meio termo neste momento: chegamos ao caos. Está cristalino: ou se brinca de fazer segurança, e, por tabela, com vidas, ou, definitivamente, não há aptidão neste governo para a missão de garantir tranquilidade aos que vivem em Sergipe. Achar que invento a roda é agredir os fatos. É passar a ideia que não se usa da empatia com vítimas e familiares, fazendo pouco caso da carnificina desenfreada.

P.S. Penso com meus botões: Mendonça, o sergipano, não merece passar por tudo que ele mesmo avocou para si. É um homem descente. Bem intencionado. Temo que o secretário Mendonça Prado destrua a excelente imagem do deputado Mendonça Prado. Mas comento isso outro dia.

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