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Os que não tomam partido perseguem a verdade

Por Joedson Telles

Ainda sob a poeira do vazamento das tais mensagens trocadas com o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol, o ministro Sergio Moro estará, no próximo dia 19, testa a testa com senadores. Dará suas explicações à Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A julgar pelo comportamento de certas figurinhas, sobretudo nas redes sociais, no entanto, Moro nem precisaria se dar ao luxo. Não deve explicação alguma e está tudo certo. “É coisa do PT”. Moro sempre agiu como manda o bom e imparcial tom do Judiciário.

Abuso da boa vontade do internauta ratificando aqui, mais uma vez, a roda que não inventei: todos, e isso inclui, óbvio, o então juiz Moro, são inocentes até que provas irrefutáveis digam o contrário. Não condeno, portanto, o auxiliar do presidente Bolsonaro de forma açodada.

Ainda que nem o próprio Moro negue que é ele mesmo em carne e osso em ação, qualquer julgamento sério precisa respeitar os procedimentos legais. Por mais óbvia que qualquer prova possa parecer é preciso investigar a fundo sem deixar brechas para quaisquer dúvidas.

Todavia, daí se expor nas redes sociais pregando a inocência do ministro antes do desfecho vale umas 100 Amazônicas de separação. É preciso investigar os mínimos detalhes, sim senhor. E obviamente, sobretudo pelo cargo que ocupa, Moro precisa, como prega a OAB, ser afastado.

Com todo o respeito que a séria Polícia Federal tem e faz por merecer, é sempre complicado investigar o próprio chefe. Por mais razoável que seja o trabalho, sempre haverá espaço para críticas. E o próprio governo contribui para isso à medida que blinda, neste momento, o então juiz que condenou Lula em primeira instância.

A cena de Bolsonaro encerrando uma coletiva por não suportar uma repórter indagá-lo sobre a pérola do momento foi deprimente. Mesmo em se tratando de um presidente que, quando candidato, sempre se escondeu dos debates foi lamentável. Pô! É ele, Bolsonaro, o comandante do barco.

Aliás, ao nomear Moro e sua história como um dos dois ministros mais fortes do seu governo, Bolsonaro já presumia, acredito, que teria um auxiliar sempre na mira dos seus adversários políticos.

Os petistas não digerem que o homem que condenou Lula seja parte importante de um governo que, segundo as pesquisas, só existe justamente porque Lula foi preso e impedido de disputar a eleição. Eis o “x” da questão.

Evidente que não se pode desprezar a possibilidade de Lula ser, de fato, culpado e estar pagando pelo que fez. Mas, do mesmo modo, e se Lula for, como juram petistas e simpatizantes, inocente? Um preso político? Para uma fatia considerável dos brasileiros, dúvida é a palavra. Os que não tomam partido perseguem a verdade. Sem paixão.

Investigar imparcial e profundamente os tais diálogos e possíveis ramificações (anteriores e posteriores) soa parte imprescindível do quebra cabeça. A guerra política precisa ficar em segundo plano. Os que não enxergam a política como futebol, e têm discernimento que os homens públicos são vulneráveis ao voto e bem remunerados para oferecer respostas positivas às demandas coletivas, merecem deferência.

Modificado em 12/06/2019 13:27

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