body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

Oposição prepara impeachment de Dilma. Ou o golpe, como rezam os “companheiros”

Por Joedson Telles

Líderes do PSC, PSDB, DEM, PPS e SD anunciam o lançamento, na próxima quinta-feira, dia 10, de um movimento pró-impeachment da presidenta petista Dilma Rousseff. Falam em analisar todos os pedidos já protocolados na Câmara Federal para escolher o que definem como “o formato mais adequado”.  Soa jogador profissional, ao invés de jogar bola, importar o discurso das arquibancadas para os microfones dos repórteres, após perder a partida, falando em recorrer ao tapetão.

Evidente que com o mínimo de discernimento – e óbvio bom senso – atesta-se, facilmente, que o projeto administrativo da presidente Dilma, se é que existe, fala-se, com alguma novidade, numa cópia piorada do que Lula clonou do tucano FHC, se mostra falido. Mas daí atropelar a democracia das urnas vai um oceano de distância.

Não colocaria como os “companheiros” que se trata de golpe. Não entendo da matéria. O PT conhece e tem no caso Collor e na frágil prova da Elba o certificado de garantia que derrubou o, hoje, aliado. Mas tomar mandato que o povo confere nas urnas nunca deixa de ser uma agressão à democracia. Exceto, evidente, em se comprovando, e não apenas no campo das suspeita, a falta de condições ética e moral de um presidente – seja quem for – de permanecer no cargo.

Não consta que os opositores da presidente Dilma tenham apresentado provas irrefutáveis do juízo. Esperam fisgá-la na Lava-Jato e apresentar as tais provas. Aliás, é o mínimo que devem fazer além do barulho. Mas até o momento, nada.

O que se nota, até com certa facilidade, inclusive, é que o governo petista não começou a deslizar neste momento. O próprio Lula teve pontos frágeis. O problema é que a oposição de hoje foi governo ontem e, mesmo com erros ululantes dos governos Lula e Dilma, tucanos e aliados não conseguiram persuadir o eleitor que podem governar melhor. Comparação entre as duas gestões? Candidato fraco, que fracassa até em sua própria terra? Bolsa Família como cabo eleitoral petista? Mérito de Dilma e Lula? São várias interrogações para se tentar justifica porque os petistas deixam a desejar, mas não o governo.

É democrático o desejo, o sentimento por dias melhores para o Brasil nas mãos de outro presidente? Claro. É da política e até salutar. Um governo que enfrenta uma oposição fraca tende a se fechar nele mesmo e deixar a desejar. Bamba em seus próprios passos. Ninguém sai ganhando. Oposição tem que existir. Mas perder nas urnas e, em menos de um ano, querer afastar a vencedora na tora? Qual é? O argumento do líder do PSDB, o deputado Carlos Sampaio (SP), que diz, simplesmente, que “o Brasil não suporta mais três anos e meio de governo da presidente”, é mais que abstrato: é pífio, bisonho, ridículo e permite aos petistas falar em golpe com toda razão.

Bolas! Como já dito aqui, o governo Dilma não anda nada bem. A presidente atesta, em alguns momentos, que perdeu o rumo. Até tudo bem. Nota 10 para a oposição por enxergar o óbvio. Mas, se ainda estamos num país democrático, é preciso lembrar que Dilma não se auto-elegeu presidenta. Ganhou nas urnas enfrentando a mesminha oposição que não dorme pensando e derrubá-la. Mas, pelo que se sabe, não consta da lei eleitoral que um presidente deva ser retirado do poder quando aqueles que lhe fazem oposição reprovam seu governo. “Não suportam mais”.

É preciso resumir a sinceridade: o governo Dilma vai mal. Tem que melhorar urgentemente. Mas é legitimado nas urnas. Cabe a oposição criticar, cobrar e, ao final, reapresentar seu projeto alternativo ao eleitor, que, por sua vez, decidirá. Mas falar em impeachment sem provas técnicas, atestando um tesão imensurável de tomar o poder, agride o eleitorado brasileiro.

Se a oposição quer, de fato, a legitimidade da coisa, porque não trabalha para aprovar uma lei no Congresso Nacional pela qual o eleitor passe a ser consultado, pelo menos ao meio do mandato presidencial, sobre ratificar ou não seu voto? Pela lei, se o arrependimento batesse à porta, o voto poderia ser mudado, e, aí, sim, qualquer presidente ser substituído democraticamente. Pode até ser burocrático, ter custo elevado aos cofres públicos e até, vá lá, obtuso, mas, certamente, bem mais democrático que querer um impeachment sem elementos técnicos para isso.

P.S. Não acredito no êxito do impeachment, mas em rolando, cairia do céu para uma volta de Lula, em 2018. Se existe algo que o PT sabe fazer como ninguém é oposição. E entrar na disputa com o discurso do golpe na democracia soa a virada do frasco de pimenta a colocar algumas gotas numa comida já quente e saborosa.

Modificado em 09/09/2015 11:04

Universo Político: