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O suicídio que testemunhei e a reflexão sugerida

Por Joedson Telles

Ainda não saíram da minha cabeça as cenas do empresário Sadi Paulo Castiel Gitz atirando contra a própria boca e caindo morto sem dar chance ao socorro. Quis o destino que eu estivesse a cerca de um metro dele naquele auditório no momento trágico. Impotente, testemunhei suas últimas palavras, sua última ação e seus últimos momentos ali naquele chão frio a sangrar…

A fatalidade foi pouco antes das 9h da manhã desta quinta-feira 4. São 20h02 quando ponho estas letras na tela do computador, mas ainda estou atônito, inquieto, pensativo, angustiado. Voltei pra casa e não saí mais. Matutei e divido sentimentos com o internauta: o suicídio precisa estimular uma profunda reflexão sobre os problemas e como lidamos com eles quando não temos mais forças. Neste caso, tudo indica que problemas oriundos da crise que asfixia o país, nos últimos anos. Crise esta econômica, política, moral…

A depressão vitima não apenas trabalhadores e desempregados como também os próprios empresários, que estão decretando falência. Não há segredo tampouco bicho de sete cabeças: assim como em outros problemas, precisamos buscar Deus como ponto de partida e ter mais amor ao próximo. Queiramos ou não, temos espírito. Alma. Não basta viver só a matéria. Os fatos gritam.

Colocar (que é verbo distinto de descartar) os projetos pessoais em segundo plano e pensar mais no coletivo é de uma necessidade tão urgente que, paradoxalmente, no atual estágio do ser humano, a ideia soa piada de mau gosto. Romantismo. Utopia ou coisa assim. Sobretudo em se tratando de política… Vejam aonde chegamos.

Está escancarado que a crise a pairar na humanidade sempre foi, antes de tudo, espiritual. E quanto mais gente dando de ombros, achando a conclusão uma asneira, coisa de religioso, o mundo vai ficando mais caótico. Frio. Egocêntrico. Insano. Propício a desesperos como o suicídio.

Seria de uma ingenuidade beirando a estupidez acreditar que no mesmo auditório onde Sadi meteu uma bala na própria boca, tendo como testemunhas ministro, governador, deputados, prefeito, jornalistas…, entre tantas outras pessoas, não havia outras vítimas de problemas que também já pensaram em tirar a própria vida. Imagine fora daquele hotel o número de sofredores…

Evidentemente, ninguém vai sair por aí com um cartaz em mãos com as frases “Estou sofrendo. Vou me matar”. Mas que existem inúmeros desesperados morrendo por dentro e pensando nisso não há dúvida. Depressão não escolhe cor, sexo, situação financeira…

Aliás, o próprio Sidi entrou no hotel bem vestido, tomou assento, ouviu o hino nacional, assistiu ao primeiro orador discursar, ao governador em seguida, esperou os aplausos cessarem, levantou, deu o recado e, só aí, revelou sua intenção, ao atirar em si mesmo. Até então, era mais uma pessoa na plateia…

… Infelizmente, não tenho otimismo suficiente para acreditar que a maioria fará essa reflexão. Tentará ajudar ao próximo de alguma forma. Não que eu tenha uma pesquisa em mãos, uma bola de cristal ou me permita pensar pessimista. Nada disso.

O fato é que as redes sociais são termômetros perfeitos. E sequer o corpo de Sadi foi velado, não falta gente politizando nas postagens a granel. Usando uma morte para tentar atingir adversários políticos ou pior: adversários de patrões. Subestimam a dor alheia ao executar o serviço sujo. Insensível. Desrespeitoso. Pequeno… Quem age assim fará uma reflexão?

Modificado em 04/07/2019 20:36

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