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O suicídio que testemunhei e a reflexão sugerida II

Por Joedson Telles

As redes sociais, cujos pontos positivos são inúmeros e inquestionáveis, têm revelado traços perigosos e assustadores do ser humano. Nunca como agora com a fantástica tecnologia a todo vapor se atestou tão facilmente um lado doentio, deteriorado, psicopata das pessoas. Com a ressalva de haver, evidente, exceção à regra preocupante, o lixo humano evidencia-se em postagens, e parece sequer incomodar uma maioria embrutecida a banalizar o caos. O ódio ao pensar diferente. Irreversível?

Pego o suicídio do empresário Sadi Paulo Castiel Gitz, que testemunhei in loco, e a inevitável repercussão nas redes como base. Ele se matou? Pronto: foi culpa de fulano e ponto final. Não se leva em conta que é preciso provas irrefutáveis para se acusar e condenar qualquer pessoa – sobretudo quando existe a morte de um ser humano. Tampouco que o julgamento, respeitando os procedimentos legais, cabe, exclusivamente, ao Poder Judiciário – e a Deus em momento oportuno.

Presunção da inocência? “Que diabo é isso? Nada. Eu mesmo julgo e condeno”. Eis a impressão que fica. E aí escreve o que vem à mente em uma rede social sobre o alvo, despeja ódio e estamos conversados. Descarta-se a prática lúcida, equilibrada e empática pela coisa certa: a verdade factual.

A moléstia é tão grave que “impede” enxergar que ali “na condição de réu” sem ser réu à luz do direito está outro ser humano sendo condenado publicamente sem provas e sem ter sequer a chance de defesa, a não ser que tope entrar na baixaria e troque sopapos. Digo: verbos rasteiros. É o fundo do poço.

A coisa é elevada ao cubo, perceba internauta, quando, além do despreparo para se comunicar, além da dificuldade de convivência social, da arrogância ainda existe o interesse político, e, por tabela, o financeiro, e o alvo é um adversário do senhor do vassalo em questão.

Aí lascou. Neste momento, julgar e condenar sem provas são insuficientes para acalmar a cólera: é preciso tentar, repito: tentar, desqualificar também quem pensa diferente e expõe isso em uma rede.

Violentamente, descarta-se a possibilidade de refletir e discernir até com facilidade que o pensamento é livre, e que a formulação de um juízo de valor, evidentemente, existe também sem atrelamento político, mas ao raciocínio lógico calçado na realidade dos fatos. E, assim, mede-se com a própria régua para chegar à falsa conclusão que, se não comunga com o julgamento tortuoso, é porque têm outros interesses políticos.

Em outras palavras: é como se todos estivessem condenados a escolher um lado político, descartando pensar e optar pela razão. Pelos valores morais… Puro delírio, evidente. Desespero. De uma pequenez indescritível. De um egocentrismo doentio. De uma conclusão trivial: ninguém quer descer ao inferno espelhando a solidão.

Modificado em 09/07/2019 18:09

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