body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

O que a médica esperava? Flores? De quem defende vacina e abomina cloroquina?

Por Joedson Telles

Ainda respira –  sobretudo nas redes sociais – uma pequena onda de solidariedade à médica Nise Yamaguchi por conta do seu depoimento à CPI da Pandemia. Ou melhor: por conta dos verbos dirigidas a ela por alguns senadores. Defensores da médica alegam que ela foi agredida – e até vítima de preconceito. Alguns chegaram a lamentar o que definem como “humilhação pública” contra uma pessoa séria, de idade avançada, mulher e com vida familiar e social.

Assim como fiz com os demais, assistir ao depoimento da médica e confesso minha surpresa com a reação de solidariedade. Não que os senadores tenham pegado leve com ela. Muito pelo contrário – sobretudo o senador e médico Otto Alencar (PSD/BA), que testou os conhecimentos dela sobre o vírus com requinte de crueldade. Mas entendo que uma médica quando decide contrariar a ciência e estudos sérios, ao defender o tratamento precoce à base da cloroquina, no mínimo, deve estar preparada para reações das mais ásperas.

Bolas! O que Nise e seus defensores esperavam? Flores? Persuadir inclusive os senadores médicos? Pensavam que ela ia dizer qualquer coisa e página virada? Que os senadores não confrontariam seu depoimento com falas suas anteriores em busca de trazer à luz possíveis contradições? Possíveis mentiras?

É certo – e este espaço vela historicamente – que ninguém deve ser humilhado, sobretudo publicamente. Jamais  tentaria tirar a razão dos que estão solidários. Mas é preciso enfatizar que, em determinadas circunstâncias, a própria pessoa que se sente humilhada construiu, indiretamente, o constrangimento. Nise não sentou naquela cadeira da CPI, onde outros sentaram para mentir e blindar responsáveis pelo caos, de graça. Suas ações a conduziram.

Não estamos no teatro, numa novela e muito menos no BBB, onde os resultados não causam danos. Estamos na vida real enfrentando uma pandemia de uma doença cruel que já matou quase 500 mil brasileiros, deixou sequelas em outros tantos e levou muita gente à falência e até à fome. Uma pandemia que não para por aí e ainda fará outras vítimas, infelizmente.

Uma médica que vai na contra-mão dos países que conseguiram os melhores resultados contra o vírus e defende o uso da cloroquina, ao mesmo tempo em que não dá ênfase exclusiva à vacina como a única maneira de salvar vidas, joga conta a ciência, e precisa estar preparada para reações duras dos que jamais se conformarão com a tese cada vez mais clara que mais vidas poderiam ter sido salvas.

Modificado em 04/06/2021 10:13

Universo Político: