Ressalvando que ainda cato com uma lupa o projeto eficiente que salvará o Brasil via um presidente despreparado, e que, evidentemente, há pontos com os quais não concordo na tal reforma da Previdência, solto de forma seca: petista não tem condições de criticar deputado que votou sim. Soa desfaçatez passar 13 anos no poder, não resolver o caos e, agora, descer o sarrafo em quem tenta fazer algo.
O Brasil pode não precisar da reforma que foi aprovada ontem à noite pelos deputados. Pode não ser – e, certamente, não é – o modelo ideal. Mas que algo precisa ser feito nem o PT tem argumento para dizer o contrário. A água cobriu o pescoço e chegou à boca. Fazer pouco caso disso é apostar no quanto pior melhor, desde que se fature capital político.
Melhor que coalhar as redes sociais reprovando deputados que votaram a favor da reforma, mais honesto, diga-se, seria pedir desculpas e explicar à população brasileira o porquê de ter tido a oportunidade ímpar de resolver o problema, mas optou por arriscar o governo cair em mãos de gente que, segundo o próprio PT, não tem compromisso com trabalhador com a reforma pendente.
Se deputado A, B ou C votou favorável a algo que prejudica o trabalhador, o pobre, o aposentado coloque também na conta de quem poderia ter evitado isso, mas não evitou: o PT.
Aliás, é um juízo parecido com a própria explicação, em parte, para a eleição, sem esforço, de Bolsonaro. A roubalheira de alguns petistas fisgados pela Operação Lava a Jato tratou de vitaminar o projeto da direita conservadora. A decepção com o PT foi tanta que serviu de cabo eleitoral para quem, mediante as pesquisas, se apresentou como o anti com mais chances de varrer o PT.
Há quem discorde do pressuposto, como o deputado estadual Iran Barbosa, que disse ao Universo que, se o juízo fosse correto, o Lula não liderava as pesquisas para presidente. Questão de interpretação. Lula, de fato, não apenas era o preferido dos brasileiros, na época, como ainda hoje é o maior (o único?) líder político do Brasil. Mas Lula. E Lula sempre foi maior que o PT. As mesmas pesquisas apontavam que qualquer outro nome da legenda seria derrotado – como foi o Haddad…
… Curioso é que, assim como a questão da reforma da Previdência, faltou e falta ao PT assumir publicamente que errou. Desculpar-se. Não é demérito lembrar ao eleitor que o partido é formado por seres humanos e, como tais, também cometem erros, mas que não só de ladrão do dinheiro público vive o PT. Há o legado social, principalmente do ex-presidente Lula. Há também petistas incorruptíveis. Probos. Idôneos.
Aliás, a maioria que forma o PT é geste honesta até que se prove o contrário. Muitos políticos são sérios – como o próprio Iran Barbosa. Há também pessoas que sequer ocupam cargos comissionados quando o partido está no poder. Militantes por vocação, não ganham um centavo, mas acreditam num país mais justo, que valorize e garanta a dignidade das pessoas. Estes, muitas vezes, são ludibriados e defendem ingenuamente o que aqueles que se beneficiam dos cofres públicos pregam com discursos fingidos, mas abrasados a assegurar a sobrevivência do vício nocivo ao coletivo.
Modificado em 11/07/2019 13:52