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O pecado de condenar antes da condenação

Por Joedson Telles

O jornalismo político (e escrevo jornalismo para comunicar, mas passa longe do que os bancos universitários atestam como o ofício) precisa ser repensado – sobretudo em época de redes sociais quando é imperioso ratificar a cada notícia veiculada as diferenças cruciais a manter viva a imperiosa ética que precisa nortear sempre.

Até os calouros nas universidades – e uso o exemplo pessoal da época da velha UFS, não li a informação em algum livro – atestam que o jornalismo tem a missão de, sobretudo, com ética e seriedade, servir à sociedade, e não destruí-la.

Vendo por este ângulo, se houvesse uma espécie de “código de trânsito” na profissão para pôr ordem na circulação de notícias e comentários, expor pessoas públicas negativamente, sem o respaldo do Poder Judiciário, seria infração gravíssima – com, inclusive, suspensão da DRT. Persistiu no erro, cassação.

Qualquer notícia tem que ser dada, evidente. Jamais pregaria a censura neste espaço. Seria de uma falta de inteligência e coerência sem limites. Não acertaria o próprio pé, ao defender uma imprensa amarrada ou covarde em si mesma. O jornalismo à serventia da política é um dos maiores câncer da sociedade e precisa ser combatido.

Todavia, é preciso muito cuidado. A notícia, sobretudo quando envolve a imagem de uma pessoa, precisa ser bem explicada, já que o público é heterogêneo.

O tesão pelo furo jornalístico não justifica atirar no coração do bom jornalismo. Até porque, o interlocutor, via de regra, quer a qualidade com precisão, e não o imediatismo de qualquer jeito. Um veículo de comunicação não é uma rede social. Há, ou pelo menos deveria existir, profissionalismo.

Parece exagero aos olhos de quem pensa que tem, mas está longe de ter intimidade com o ofício na sua essência, mas o internauta, o ouvinte, o leitor, o telespectador nem sempre consegue, com o próprio intelecto, separar a notícia em si de juízos perigosos que não condizem com a realidade dos fatos. Às vezes, vazados intencionalmente para prejudicar mesmo. Maldosos.

Errou, provas foram apresentadas, respeitado direito à defesa, réu condenado com sentença transitada em julado? Pronto. Nada justifica a imprensa ofuscar a verdade da população. Seja lá político “A”, “B”, “C”… Dentro deste script, todos sem exceção devem ser expostos.

O jornalismo tem a obrigação de jogar luz antes de o eleitor experimentar a solidão da urna. O processo estará completo quando polícia, Ministério Público, Judiciário e imprensa estiverem feito suas partes passando a bola ao eleitor.

Até chegarmos a esta etapa final, entretanto, enquanto houver 0,1% de chance de o réu provar inocência, o jornalismo precisa respeitar a premissa que virou lugar comum neste espaço: todos são inocentes até que provas irrefutáveis sejam apresentadas. Nesta fase, as notícias precisam ser levadas ao público com o respaldo desta inocência presumida.

Indago ao internauta: quantos fatos emergem como “verdadeiros”, são carnavais a motivar comentários açodados e picantes, mas, ao final, não encontram eco no Poder Judiciário? Neste momento é praxe: a imprensa muda a pauta e pronto. Mas e o político inocentado pelo Judiciário, cuja imagem foi destruída? As estatísticas comprovam que dificilmente consegue recuperar a credibilidade junto ao eleitor. O bom jornalismo jamais carrega este pecado. Jamais condena antes da condenação.

Modificado em 28/06/2017 08:32

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