body { -webkit-touch-callout: none; -webkit-user-select: none; -khtml-user-select: none; -moz-user-select: none; -ms-user-select: none; user-select: none; }

O líder André e soco na cara de quem torce contra Sergipe

Por Joedson Telles

Coube ao senso comum cunhar que o grande clássico no campeonato político da frustração é o duelo Inveja x Derrota. Verbetes que costumam peregrinar alinhados, aliás. Todo invejoso é derrotado. Neste domingo de Fla x Flu, o maior clássico do futebol carioca, menos, evidente, para a sofredora torcida vascaína, a notícia que desembarca em Sergipe, colocando o sergipano André Moura na liderança do governo Michel Temer no Congresso, bate com força na cara daqueles que vibraram com a saída do mesmo André da liderança na Câmara Federal.

Evidente, qualquer cargo, como tudo na vida, é passageiro. André, óbvio, tem ciência que uma hora deixará também a liderança do Congresso, como deixou a da Câmara. Do mesmo modo, sabe que não pode condicionar seu mandato a uma liderança. Se rolar, ótimo. Se não, paciência. Vida que segue.

Aliás, na nota pública através da qual comentou sua saída da liderança do governo na Câmara, viu-se um André lúcido. Sereno. Consciente das circunstâncias e sem apego ao que não é eterno para nenhum político. Um André zen. Diferente, contudo, da agitação de sergipanos que vibraram com sua saída do posto, conscientes ou não que Sergipe era o maior derrotado ali.

Assim como o ex-senador José Almeida Lima, que no ano de 2009, foi eleito presidente da Comissão Mista de Orçamento, e muito ajudou Sergipe, na sua passagem pela liderança do governo na Câmara Federal, o deputado André Moura trouxe muitos recursos para os municípios sergipanos – inclusive para locais cujos prefeitos são adversários políticos dele. Ou seja: um sergipano perdeu a liderança, Sergipe recursos, mas, ainda assim, em nome do nanico, houve sergipano vibrando.

Não se levou em conta o paradoxo entre os benefícios alcançados e a dificuldade de se chegar ao posto, dada às limitações geográficas do nosso Sergipe, espelhadas, inclusive, na diferença no número de representantes sergipanos na Câmara Federal e do estado de São Paulo, por exemplo. Não pesou o amor a Sergipe. Ao contrário, quando a grande mídia partia para desgastar o sergipano André com notinhas em jornais, sites e blogs, houve sergipano reproduzindo fielmente e até antecipando o carnaval. Torcendo sem disfarçar pela queda de Sergipe. O clássico Inveja x Derrota é fogo…

É difícil, assim, enxergar que André tem seus méritos? Não foi líder e não volta a ser por mero acaso. Por ter sorte de principiante. Nada caiu em seu colo por ter olhos verdes. Ele soube construir – e continua a aperfeiçoar – a base sobre a qual está encravada sua relação com o presidente Michel Temer. Com um bloco de deputados federais. Isso é cristalino. Hoje, o presidente da República precisa do sergipano.

Por sua vez, no momento certo, André, acredito, espera que os serviços prestados a Sergipe pesem no momento de o eleitor ir à urna. Qual o político pensaria diferente? Quantos seres humanos ajudam e não esperam gratidão – sobretudo em se tratando de política, já que sempre estamos escolhendo representantes?

Pra não citarmos a grandeza dos estados do Sudeste, o vizinho estado de Alagoas foi muito favorecido por ter políticos de expressão nacional como o ex-presidente e senador Fernando Collor e o senador Renan Calheiros. A também vizinha Bahia do finado ACM dispensa comentários. Lula, quando ocupou a presidência da República, olhou para o nordestino Pernambuco como o estado merece. Sergipe ainda não tem presidente da República. Olha só o otimismo? Mas Sergipe precisa saber aproveitar o momento de ter um deputado federal tão ligado ao presidente Michel Temer.

É não gostar nenhum pouco de Sergipe. É não usar da empatia com seus pobres municípios, enxergar a importância de ter um sergipano num posto chave, mas, ainda assim, insistir em tirar o foco de Sergipe e colocá-lo no pequeno sentimento de despeito com um adversário político. Que o soco na cara sepulte sentimentos abjetos. Que André Moura consiga nesta nova função ajudar ainda mais este pobre estado. E que outros sergipanos consigam ocupar importantes espaços nacionais, a exemplo de Almeida e André. Os políticos ganham, lógico, mas Sergipe ganha muito mais.

 

Modificado em 05/03/2017 10:05

Universo Político: