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O discurso de Lula e Bolsonaro de máscara

Por Joedson Telles

Leio que o presidente Jair Bolsonaro, ao rebater o discurso do ex-presidente Lula, ao avocar a reprovável atuação dele, Bolsonaro, diante da pandemia, argumenta que o petista mente, está em campanha e não tem o que mostrar. Como é praxe o presidente falar algo publicamente e depois externar juízo contrário, não surpreende que não esteja dizendo coisa com coisa mais uma vez.

Até concordo que o petista, assim como o próprio Bolsonaro, já está em campanha. É do jogo. E, evidente, que Lula não seria Lula se perdesse o palanque, digo a oportunidade de falar não apenas para a militância petista como também para todos os brasileiros que estão de alguma forma insatisfeitos com os rumos que o país tomou – ou com os rumos que não tomou. O discurso, aliás, foi mais eleitoral que político.

No que diz respeito à afirmação que Lula não tem o que mostrar, creio ser um tiro no pé dado pelo presidente, ao não reconhecer os avanços – sobretudo no campo social – que o Brasil conheceu pelas mãos do ex-presidente Lula.

Não misturemos as coisas: ainda que Lula seja julgado, condenado e preso outra vez, não há como negar o lado positivo do seu governo. Digamos que uma coisa não apaga a outra. E se Lula, beneficiado, hoje, pela decisão do ministro Edson Fachin, do STF, com a chamada presunção da inocência for julgado e absolvido, tais avanços serão potencializados – eleitoralmente falando.

Com a retórica que tem, com a liderança que exerce sobre uma considerável fatia do eleitorado e o discurso de preso político, Lula surfaria em ondas desejadas. Num país onde a injustiça é gritante, a desigualdade social envergonha e o emotivo costuma dar as caras até em cenas de novela, a faca e o queijo nunca estariam tanto em mãos certas na busca incansável pela empatia.

Penso que Lula e militância não apenas têm este desenho em mente como também  nutrem a certeza que se trata do mais próximo da realidade, até 2022. Lula não prometeu andar pelo Brasil pra fazer turismo…

… Chamar Bolsonaro pra brigar no terreno da pandemia não foi fruto do acaso. Não foi escolher o tema da moda. Astuto, Lula sabia exatamente o que estava fazendo. Se pôs do lado da vacina, da ciência, do respeito às regas sanitárias, da obediência aos protocolos de segurança consciente que isso, sim, é estar ao lado da vida. Quando se está ao lado do bem coletivo, o bônus eleitoral vem por osmose. Eis a aposta lulista.

Apesar de tentar desqualificar o discurso adversário, o presidente sentiu tanto o choque de realidade, percebeu tanto o peso de Lula enquanto líder político, na prática, que, no mesmo dia, foi visto usando uma máscara em público. Isso no mesmo momento em que um dos seus filhos ventilava nas redes sociais que “a nossa arma é a vacina”. Coisa de cristão novo que pode cair? Evidente. Mas que o discurso do Lula pela vida destruiu a zona de conforto não há dúvida.

Modificado em 11/03/2021 11:48

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