Mesmo conterrâneos de Itabaiana e deputados estaduais na mesma legislatura, Gilmar Carvalho (PSC) e o presidente da Assembleia Legislativa, Luciano Bispo (MDB), ainda que não contrariassem as regras sanitárias de combate à pandemia, não devem ser convidados para um cafezinho ou mesmo um chopp gelado, dividindo a mesma mesa.
Quem é ouvinte do programa jornalístico do deputado Gilmar Carvalho, na FM Jornal, já percebeu que o clima não é dos melhores. Gilmar protesta. Por sua vez, Luciano parece dar de ombos.
Uma das queixas do deputado Gilmar Carvalho vai no sentido de não ter seus Projetos de Lei e outras matérias incluídos na pauta de votação da Casa por Luciano Bispo. Pelo que Gilmar passa, o presidente estaria, digamos, “boicotando” seus trabalhos.
Não satisfeito, Gilmar parece disposto a subir o tom. Jogou no ventilador, nesta sexta-feira 12, que, mesmo sendo deputado, não sabe o número de cargos comissionados à disposição da Mesa Diretora da Casa. Ou seja, coloca em xeque a transparência na gestão Luciano Bispo.
Achando pouco, Gilmar questionou, também na manhã de hoje, o tempo em que o prédio da Assembleia vem sendo reformado. “Não acaba não, é? Há quantos anos? Ou pensam que vão botar no meu cangote? Esqueçam. Eu sou Gilmar Carvalho”, observou.
Evidente que, como se trata de um colegiado – e do regime democrático -, divergências entre deputados sempre vão existir em qualquer parlamento. Aliás, precisam existir, e a sociedade ganha com isso. Uma Casa heterogênea é salutar. Em certos momentos, soa excelência – e o critério precisa ser sempre o bem coletivo.
Entretanto, quando as divergências emergem em tom de denúncias envolvendo a coisa pública, nada pode ficar sem respostas irrefutáveis. Tanto os cargos comissionados quanto a reforma feita no prédio da Alese desaguam em dinheiro público.
O deputado Luciano Bispo precisa cobrar ao deputado Gilmar Carvalho ser mais claro nas denúncias. Apresentar consistência. Detalhes. E, então, se pronunciar publicamente. Ser transparente. Assim, ambos estarão cumprindo bem seus papeis de homens públicos. Deixar no ar é alimentar na população a péssima imagem que se criou dos políticos. É dar razão ao senso comum.
Modificado em 12/02/2021 10:35