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O cartão de visita de Bolsonaro aos jornalistas

Por Joedson Telles

O tratamento nada democrático, respeitoso, contemporâneo e inteligente dado aos jornalistas pelo governo Jair Bolsonaro, durante a sua posse, convida à reflexão: qual o recado dado ali à sociedade? O juízo após apelar aos botões: batam asas, jornalistas. A ideia é dificultar a transparência. Cartão de visita. O jornalismo oficial do governo como fonte é a regra desejada. Vão resistir? A nova geração quer provocar o salto dos livros de história aos dias de hoje, na prática, como os governos militares trataram jornalistas e veículos “insurrectos”? Vão encarar?

Deus queira que não seja por aí. Que as derrapadas de ontem sejam pontos fora da curva. Quando se convida à reflexão, a variedade de juízos soa o caminho mais óbvio. Só o tempo permitirá a leitura precisa. Todavia, a ideia de que a intenção foi intimidar jornalista não pode ser descartada. Se um simples ato trivial ao dia foi o suficiente para soar o alerta, imagine o mesmo governo diante de uma cobrança? De uma denúncia? A imprensa pode ter muito trabalho para deixar a sociedade informada sobre os passos do atual governo. Resistência é o vocábulo.

Aliás, levando em conta que o então candidato Bolsonaro esteve longe de permitir à imprensa lhe mostrar, de fato, ao eleitor e, como todos sabem, fugiu dos debates como o inimigo foge da cruz, não surpreende que, uma vez empossado, o mesmo passe a dar de ombros à imprensa – e até mesmo às críticas que bolas fora como maltratar jornalista podem render ao governo.

Repito: Deus queira que não seja por aí. Que ontem tenha sido um ato isolado patrocinado pelo despreparo de lidar com a imprensa. Coisa de calouro. Evito, assim, julgar o livro pela capa. Tomar conhecimento da forma harmoniosa que se deu a relação imprensa x governos Lula e FHC, por exemplo, durante tais posses presidenciais pode ser pedagógico.

A propósito, os bolsonaristas reclamam que os do contra não descem do palanque e ajudam a governar. Não deixam de ter certa razão. Preconceito nunca é salutar. Entretanto, a crítica calçada na verdade factual precisa existir. A oposição séria é imprescindível. Assim como a personalidade de assumir equívocos, como humilhar trabalhadores no exercício do ofício em pleno feriado.

Modificado em 02/01/2019 21:32

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