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Lula no banco dos réus

Por Joedson Telles

O compadre Lula, o saudoso Marcelo Déda o chamava assim não sem motivo, volta a sentar no banco dos réus, nesta quarta-feira 24. O motivo e demais detalhes são de conhecimento de todos. A propósito, recebi, nos últimos dias, – e mandei à lixeira sem sequer ler as legendas – inúmeros e cansativos destes pequenos banners que viraram febre nas redes sociais. Como teimam em me colocar em grupos de zap – lá se vão mais de 15 – não paro de receber. Uma lástima. Estou fazendo inveja a “pai de santo”. E por mais que ore para não ser brindado com os minúsculos cartazes com fotos criativas do Lula, olham eles chegando… Mal comparando, Lula é igual ao Flamengo: a maioria ama ou odeia. Opto por permanecer na minoria: nem o amo nem o odeio. Busco fazer jornalismo. Só.

Os que amam – e entre eles, óbvio, estão sergipanos com e sem mandatos – põem até a alma no fogo do inferno pela sua inocência. Insistem no discurso que querem condená-lo sem provas com o objetivo de impedi-lo de voltar a disputar uma eleição para presidente da República. Em sendo verdade, uma trama escandalosa, pois saltaria a política e envolveria o Ministério Público, a Polícia Federal e o Poder Judiciário.

Mas os amantes do Lula “têm seus motivos”. Diferente das primeiras disputas presidenciais, quando levou uma sova atrás da outra, o Lula de hoje é favorito para vencer o pleito. Todas as pesquisas dizem com eloquência. E isso, evidente, motiva o PT a não jogar a toalha. Sobretudo porque uma condenação, a cadeia e, consequente, a exclusão de Lula da disputa significaria a morte política dele e um estrago sem tamanho no projeto petista.

Não resta a menor dúvida que, com Lula preso, o PT teria um plano B. Também adotaria o discurso de vítima. Mas isso dificilmente seria suficiente para se ter outro petista presidindo a República, a partir de janeiro de 2019.  Lula segue a boia de salvação dele mesmo e dos companheiros. Basta olhar a política sergipana para se perceber o peso dele na disputa. Eis um 3 x 4.

Do outro lado da moeda, estão os que, mais que adversários, odeiam Lula. Estes, ao contrário dos “companheiros” não têm dúvida: Lula não apenas participou do maior esquema de corrupção já visto no Brasil como também liderou a safadeza. Acham que as provas existem e o ex-presidente precisa pagar pelo que fez. É ladrão e ponto final.

De tolos, os adversários do petista não têm nada é evidente. Torcem para que Lula não seja candidato, pois, mesmo sendo os primeiros a chamá-lo de bandido, temem enfrentá-lo nas urnas. E antes que me incluam entre os amantes adianto: não seria diferente se fosse o contrário, observe-se. PT, PSDB, MDB… Em certos aspectos, todos os partidos políticos são iguais: jogam o jogo. Quem tivesse em seus quadros um fenômeno eleitoral como Lula o defenderia com unhas e dentes. Culpado ou inocente.

Mas Lula será julgado e os que não se encaixam no amor e nem no ódio ao petista esperam apenas justiça: se ele errou, pague na força da lei. Se for inocente que seja absolvido. O trivial. A boa consciência. E, apesar do barulho das torcidas, não tem alternativa, note-se, a não ser confiar no Judiciário.

Evidente que, na ótica dos defensores de Lula, o julgamento pode ser parcial. Enxergaram assim na condenação de Lula em primeira instância e, certamente, estão prontos para reagir a uma segunda condenação. Por outro lado, os algozes não engolem que ele seja inocente com depoimentos de testemunhas, sobretudo do ex-petista Antonio Palocci, velando o contrário.

O fato é que o órgão criado para julgar é a Justiça. Se não confiarmos no Judiciário vamos fazer o quê? Fechar o país para balanço? Além disso, na era Lava Jato com tanta gente presa pelas mãos da mesma Justiça, colocar em xeque apenas o julgamento do Lula soa casuísmo.

O ex-presidente precisa ter o direito a presunção da inocência e a ampla defesa – e pelo visto sempre teve à luz do direito. Porém, se o Judiciário entender que ele é culpado e o condenar definitivamente (a novela não acaba no julgamento desta quarta) é preciso respeitar a decisão final.

Evidente que jamais torceria pela injustiça. Sou cristão. Mas, na pior das hipóteses, se Lula for inocente – e mesmo assim for condenado – não será o primeiro tampouco o último brasileiro a ser vítima de um equívoco jurídico. O Judiciário não é Deus. A corte é formada por humanos obviamente sujeitos ao erro – inclusive podendo também inocentar Lula mesmo que ele seja o bandido pintado pelos inimigos.

Modificado em 24/01/2018 07:49

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