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João Alves e o conhecimento do jogo que parte da oposição parece não ter

João: “eu disse mamem e voltem”

Por Joedson Telles

O ex-prefeito de Aracaju, que certamente prefere ser lembrado como o ex-governador por três vezes de Sergipe, João Alves Filho, é o melhor espelho para a oposição neste momento de feijoada pra lá e canetada pra cá. Evidente que não me refiro ao gestor, mas ao político João Alves, que saberia lidar melhor com este assédio exitoso do governador Jackson Barreto em políticos da oposição.

Quem não lembra quando João Alves foi derrotado pelo saudoso Marcelo Déda, em 2006, mas, alimentando o sonho de voltar, em 2010, mesmo perdendo prefeitos “amigos” para o adversário petista, passou por cima de orgulho e tudo o mais, engoliu seco e ainda tirou um sarro: “eu disse mamem depois volte”. Isso, evidentemente, sem esquecer de soltar aquela conhecida gargalhada após o juízo.

A atitude gerou problemas, é verdade. A política e parte da própria sociedade andam de braços dados com a demagogia. Preferem ofuscar a obviedade do barulho do funcionamento da máquina. Ou como cunhou o incomparável Zé: “foge da ignorância apesar de viver tão perto dela”. E, assim, foi preciso o então aliado de João Alves, Mendonça Prado, apagar mais um incêndio.

A exclusividade dos mamíferos lembrada por João Alves ali se encaixa perfeitamente ao desabafo do empresário Edivan Amorim, no dia de hoje no grupo de WhatsSapp Universo. “O que a oposição não tem para dar é contrato. Muito menos cargos”, postou Edivan. Foi mais elegante, admitamos. Mas que usou o mesmo verbo nas entrelinhas não restam dúvidas.

Evidente que no caso dos prefeitos citados por João Alves entrou ainda a questão de promessas de obras. Mas João e a oposição de hoje nutrem o mesmo discurso note-se: o adversário estaria a atrair aliados com a força da caneta. Para parte da oposição, quem está aderindo ao governo não o faz por outro motivo. Despreza-se, por exemplo, os argumentos detalhados pelo deputado Laércio Oliveira, que explicou a opção pelo governo para ajudar Sergipe. Aos ouvidos dos ex-aliados soa desculpa furada.

De qualquer forma, com o verbo mamar tendo ou não sentido na frase, fica evidente que João Alves pode ser acusado de tudo menos de que não agiu com inteligência. É mais político e ponto final. Admitir a fragilidade de não ter o que oferecer e não ter demonstrado mágoa – imagine raiva – de ex-aliados foi tão sábio que muitos, de fato, voltaram ao seu palanque.

O nome do jogo é política. A cultura, e não é possível mudar isso em curto prazo, é mesmo da barganha. Infelizmente. O político precisa de voto para se eleger. Não deveria ser assim, mas sem prestar serviços e “certos favores” ao eleitor nada feito. Há exceções, evidente. Mas a maioria, sem estrutura, não se elege nem para ser síndico de prédio popular. A frase “me ajude” é de longe a mais usada neste jogo que não tem lugar para amadorismo e sentimentalismo. Costuma ser toma lá dá cá.

Se pretende mesmo continuar nas disputas com chances de vitória, a oposição precisa entender mais isso. Precisa aprender a jogar aceitando as regras do jogo, que podem e até devem ser mudadas, mas em longo prazo. Nada neste país em se tratando de vícios costuma ser resolvido pra ontem. Sem falar que no caso em tela ainda é preciso saber se a maioria aceita mesmo mexer no que acredita que está dando certo.

Modificado em 26/01/2017 07:20

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