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Jackson nega, mas respira a eleição. E não poderia ser diferente

Jackson: Como não pensar em política?

Por Joedson Telles

O governador Jackson Barreto, mesmo não se cansando de repetir para jornalistas que não está preocupado com o processo eleitoral, mas apenas em administrar Sergipe, não tira o verbete eleição da cabeça. Creio que até nos seus sonhos o tema emerge como aquelas tão rápidas quanto chatas e, por vezes evasivas, aparições de políticos na TV durante a programação em época de pleito eleitoral. No café da manhã, no almoço e no jantar, o assunto soa tão familiar quanto garfo, faca, colher.

E não é difícil entender porque JB respira eleição. Antes de tudo porque é um político. E, evidentemente, a esmagadora maioria dos políticos jamais deixaria de ir para uma reeleição de governador se tivesse saúde para isso. Exceto, evidente, se pudesse disputar a eleição para presidente da República com chances de vitória. Quem, tendo o poder, e podendo lutar para não perdê-lo, optaria por entregá-lo de mãos beijadas? Melhor respirar eleição.

No caso de Jackson Barreto, além da lógica inquestionável, existe uma situação atípica que, provavelmente, lhe motiva ainda mais a brigar para não perder o governo. Primeiro ele sabe que, pela sua idade e levando em conta o processo de reeleição, dificilmente terá uma parada menos indigesta, se optar pelo adiamento do sonho. É possível imaginar como Jackson chegaria à eleição de 2018, após passar quatro anos sem mandato e com mais idade e menos holofotes e outras ‘vantagens’ que o cargo de governador lhe confere? E, nestas condições, enfrentar o adversário, este sim, sentado na cadeira de governador? Qualquer um pensaria como JB: “É agora ou nunca”. Ou não?

Além disso, Jackson Barreto, creio, não tira o assunto da cabeça por nutrir o desejo de apagar de uma vez por todas da memória dos mais velhos e dos que conhecem minimamente a história política de Sergipe a sua polêmica saída da Prefeitura de Aracaju, em 1988. Acha-se injustiçado por demais. E num governo 100% seu teria a chance de marcar de forma positiva. Mostrar que tem coisas boas para oferecer aos sergipanos. Até porque fica difícil para ele tocar no polêmico assunto, mas o fato de o saudoso Marcelo Déda não ter passado o governo definitivamente para ele, quando deixou de gerir o Estado para tratar a saúde, o impediu de dar a sua cara ao governo em tempo hábil para chegar às eleições com muito mais oxigênio.

Evidente que a questão é delicada. Déda, merecedor do reconhecimento de todos, nunca se entregou ao câncer. Lutou e tinha esperanças de voltar a trabalhar. Entretanto, politicamente falando, deixou Jackson praticamente amarrado – governando, mas com o time montado por ele, Déda, – e ainda sob a batuta de um ‘Núcleo de Governança’ criado pelo próprio. Quem não lembra quando Jackson nomeou Roberto Bispo e recebeu na cara uma twittada histórica de Déda que roubou a cena das demais notícias em Sergipe?

Ao assumir o governo com a morte de Déda, no final do ano passado, Jackson continuou amarrado, já que no Brasil o ano acaba dias antes de o peru ser servido em meio aos presentes e só é possível se pensar em retorno aos trabalhos, em determinadas áreas como a política, depois do Carnaval. De lá para cá, Jackson, que fez algumas mudanças no secretariado, tem tentando conciliar a política com a gestão. Tenta recuperar o ‘tempo perdido’, e prover soluções para problemas que o seu antecessor não resolveu.

Daí JB passar à sociedade a ideia que está focado 100% na gestão, e não cogita política. Tem ciência que são muitos os problemas do atual governo. E, mesmo inaugurando obras, as cobranças existem – sobretudo voltadas para as áreas mais importantes como saúde, segurança e educação e nas vozes dos servidores públicos que parecem se revezar nas greves. JB, por sua vez, se vê obrigado a dividir o tempo entre a gestão e a articulação da sua pré-candidatura – sobretudo por liderar um grupo que quando não bate cabeça por cargos trata de jogar por terra o trabalho do próprio Jackson Barreto de tentar reforçar o palanque, tentando atrair o prefeito João Alves para o seu lado. Diante disso tudo e com o relógio fazendo o seu papel, como JB não respirar eleição?

Modificado em 23/05/2014 16:29

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