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Fundação da Saúde? É só o governo sepultar o mal. Nem precisaria o MPF se envolver

Por Joedson Telles

Esbarro na notícia que o Ministério Público Federal em Sergipe recorre à Justiça para que o Governo do Estado sepulte o maior câncer já visto no serviço público deste estado: a tal da Fundação Hospitalar de Saúde. O contrato vigente está a perder oxigênio e o mal deixará de respirar em fevereiro. O MPF luta para que o governo nem pense em ligar os aparelhos.

Ecoando a imprensa e até o senso comum, o MPF recorre a irregularidades que se tornaram comum na rotina da FHS. Nas palavras dos procuradores, tais irregularidades vão de gasto excessivo com pessoal, passando pelo acúmulo indevido de cargos públicos e chegando ao pagamento de horas extras sem amparo na legislação – e ainda aos contratos de trabalho em duplicidade. Há ainda servidores recebendo acima do teto constitucional. “A má gestão da FHS gerou uma dívida de R$ 138 milhões com fornecedores e de passivo fiscal”, resume MPF.

Evidente que toda acusação – sobretudo as gravíssimas como estas – sugere uma defesa. É do bom direito. Entretanto, a julgar pelo que expõem os procuradores, o secretário de Saúde Zezinho Sobral tem um excelente cartão de visitas em mãos para demonstrar a Sergipe que assimilou bem a mensagem do governador Jackson Barreto, quando o anunciou na pasta falando que espera competência, compromisso e não apenas amizade. Além disso, JB tem reconhecido e dito que o povo sergipano espera muito do seu governo. Trocando em miúdos: a coerência manda dar cabo à imoralidade.

Note-se que não é mais o até então solitário discurso da oposição aludindo à desfaçatez a pairar na FHS. Tampouco o povo sentindo na pele os desmandos. As queixas, lamentações e, sobretudo, indignação perpassaram. Deságuam nas ações na Justiça impetradas pelo MPF.

Jackson e Zezinho já têm a árdua missão de consertar uma área problemática em todo o Brasil. Não podem se dar ao luxo de avocar este mostro criado pelo então secretário de Saúde, o presidente do PT, Rogério Carvalho, mas com o aval não apenas do saudoso Marcelo Déda, como também da Assembleia Legislativa. Continuar bancando o erro custará caro a Sergipe e pode custar também aos gestores. Ainda que ambos tenham deixado claro que não têm pretensões nas próximas eleições, já foi dito que política é como nuvem.

Se pretende – e obviamente quer – começar bem a sua gestão na saúde, o secretário Zezinho Sobral precisa acabar, de fato, com o mal. Diante dos fatos estarrecedores, na verdade, nem era preciso o MPF meter a colher na sopa. Governador e secretário, em sintonia com o discurso de compromisso com o certo, poderiam sepultar de pronto essa herança maldita do saudoso Marcelo Déda antes mesmo de o MPF cogitar as ações judiciais. A FHS pode ter sido uma excelente ideia. Uma forma de alguém se dar bem em algum terreno. Até porque, caso contrário, já teria sido extinta. O problema é saber quem? Quem e como se deu bem com a FHS? Uma coisa é certa: os usuários da saúde pública não foram. Os contribuintes muito menos.

Modificado em 09/01/2015 16:50

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