Fábio Reis e a “faca no pescoço” de Jackson que fortalece Gustinho

Por Joedson Telles

Das duas uma: ou o deputado federal Fábio Reis já fita o deputado estadual Gustinho Ribeiro, adversário histórico em Lagarto, como presidente da Assembleia Legislativa – e aí estaria explicado o desespero a bater à porta – ou, no mínimo, enxerga uma grande possibilidade matemática de uma vitória de Gustinho está próxima – e parte para o tudo ou nada. Refiro-me à infeliz ideia de, para usar um jargão político, “colocar a faca no pescoço” do governador Jackson Barreto, exigindo a permanência da deputada e tia Goretti Reis numa chapa que sequer existe no papel, tendo o deputado estadual diplomado Luciano Bispo como presidente. Goretti engrandece qualquer chapa, mas da forma que o pleito foi feito, pode ter sido um “tiro no pé”.

Expor as vísceras publicamente, usando as redes sociais, definitivamente não foi uma ideia muito perspicaz. Quem conhece Jackson Barreto, minimamente, sabe que pressão com ele ou não funciona ou até tem efeito contrário. Basta lembrar a histórica twittada do saudoso Marcelo Déda, quando JB nomeou Roberto Bispo na Codise. Se ali, na interinidade, contra o titular Déda, JB não recuou o faria agora portando a caneta, se estiver com Gustinho Ribeiro, como demonstra nas entrelinhas a impensável reação de Fábio Reis? A política é cruel quando ingenuidade entra em campo.

Fábio Reis e, por tabela, o seu candidato Luciano Bispo, podem até não ter a intenção, mas agem de forma açodada quando tentam montar uma chapa antes de o governador anunciar seu candidato. Passam à sociedade, sobretudo quando o assunto é tratado numa rede social, que ou não estão preocupados com o que o governador pensa ou que JB já optou por Luciano, mas engana deputados e o resto da população, ao não revelar isso de público.

Note-se, contudo, que, apesar das especulações, Jackson nunca revelou via imprensa quem é o seu candidato – até porque compromissos com o governo têm lhe obrigado a deixar discussão sobre Mesa da Alese para outro momento. Jackson, evidentemente, tem sua preferência. Presidente e demais membros da chapa, lógico. Mas, além de não ter revelado isso, insisto, sabe que não pode agir apenas pela emoção. Primeiro é preciso harmonia com os eleitores – os deputados. Goela abaixo não funciona. Segundo que o momento delicado vivido pela Assembleia Legislativa com essas ações ajuizadas pelo Ministério Público Federal obriga a formação de uma Mesa forte. Idônea…

… Ao contrário do desespero espelhado por Fábio Reis, Gustinho demonstra maturidade neste momento. Nada contra Luciano Bispo. Acho, inclusive, um desserviço ao jornalismo político jornalista que vive a persegui-lo, condenando-o antes da Justiça. Agora, é inegável que enquanto de um lado monta-se chapa açodada, esperneia-se em rede social e afronta-se o governador, Gustinho opta por esperar pacientemente a palavra do governador enquanto conversa com seus pares na tentativa da persuasão. Tenta construir uma vitória sólida.

Aliás, Gustinho tem obtido êxito em conversas com o PT, com deputados da oposição, com Luis Mitidieri do seu partido, não vê problema em ter Goretti na chapa e, sabiamente, se aproximou de Robson Viana, que antes declarava voto em Luciano Bispo, mas, hoje, já admite que Gustinho, como aliado, pode ser o nome para presidir a Casa. Inclusive, por ser do PMDB, Robson tem muito mais chances de ser o vice-presidente da Assembleia numa chapa encabeçada por Gustinho (PSD). Pela proximidade que tem com Jackson Barreto, Robson pode estar dando uma dica do que o roteirista prepara para o capitulo final.